Arquivo diário: 1 de Julho de 2013

DR. ANÍBAL MALTEZ EM ENTREVISTA

dr. anibal

CONVERSÁMOS COM O CANDIDATO DA COLIGAÇÃO PPD-PSD/CDS-PP O PERCURSO POLITICO, AS IDEIAS, OS PROJETOS E O COMPROMISSO DA CANDIDATURA “MANGUALDE COM PALAVRA”

Como é que foi o processo, dentro do PSD, que

conduziu à sua candidatura?
Eu estava bem longe destas andanças! O que lhe
posso dizer é que foi um convite que me sensibilizou
bastante e que muito me honra. Especialmente pelo
facto de ter percebido um amplo consenso interno
relativamente à minha candidatura.
Sabe, tento ser uma pessoa discreta e humilde. Nunca
procurei protagonismos. Até hoje, até esta candidatura,
o meu papel na política sempre foi o de ajudar os
outros, opinando, aconselhando, mediando conflitos
quando eles existiam e criando consensos quando as
divisões surgiam.
De maneira que entendo este convite também como o
reconhecimento desse trabalho. Da mesma forma que,
no passado, sempre tentei unir, vejo, agora, união em
torno de mim.
Relativamente ao CDS-PP, parceiro da coligação, fiquei
também muito sensibilizado com a recetividade e a
satisfação demonstradas pela minha candidatura.

O que o levou à política?
A política fascinou-me desde muito cedo. A política
pura! Isto é, a política entendida como a discussão de
ideias e de princípios de ação e a tomada de decisões
tendo em vista o bem comum, o progresso, a melhoria
das condições de vida das pessoas, a evolução e o
crescimento coletivo.
Quem é que não quer fazer a sua parte e dar o seu
contributo para a melhoria da sua comunidade?
Durante 20 anos exerci cargos de responsabilidade
e de liderança nas estruturas partidárias locais e
distritais. Foram 20 anos de grande envolvimento, sem
interrupções, durante os quais conheci muita gente
e fiz muitos amigos um pouco por todo o lado. Em
Mangualde, por todo o distrito de Viseu e por esse País
fora.
Mas foram também 20 anos de muita entrega. E quem
se envolve nestas coisas de alma e coração, quando dá
conta, vê a vida completamente absorvida. Quase tudo
o resto se torna secundário… Sou casado, tenho uma
filha com 5 anos, tenho uma família que amo…
Por outro lado, a política ao longo dos últimos 10
anos foi-se tornando cada vez mais um espetáculo
e eu entendo que a política é uma coisa demasiado
séria para ser tratada como um espetáculo! Nunca
vi tanta falsidade, tanta fantochada na política como
nos últimos 10 anos! Foi o advento da “política do
teleponto”, da política da imagem e das aparências,
dos anúncios públicos que não passam do anúncio. A
política da mentira e da manipulação da informação
e da manipulação das pessoas! A política das vitórias
eleitorais e não a política do governo responsável e das
decisões sérias. Isto deixava-me doente!
Para mim era evidente que iríamos sofrer uma
catástrofe. E custava-me, doía-me mesmo ver a ilusão
em que este País vivia…
E foi assim que há 4 ou 5 anos atrás decidi abandonar
a política ativa. Lentamente, fui-me desligando de tudo
onde tinha responsabilidades. Até agora…
E porquê este regresso à política agora?
Olhe, regresso pelos mesmos motivos que me levaram
à política inicialmente!
Regresso porque acredito que posso fazer a diferença
e porque quero fazer uma política diferente.
Regresso porque sinto que as pessoas se cansaram de
ser manipuladas e hoje estão muito mais conscientes
da realidade. Já ninguém vai em cantigas!
Regresso porque sei que posso mudar a política
que se faz em Mangualde e porque sei que posso
dar a Mangualde o que esta terra e as suas gentes
necessitam e anseiam.
Os Mangualdenses querem uma política séria, uma
política verdadeira, com pessoas de palavra.
Os Mangualdenses não querem promessas. Querem o
nosso compromisso honesto.
Os Mangualdenses querem que este concelho
cresça e seja mais rico. Com crescimento temos
mais e melhores empresas e temos emprego. Os
Mangualdenses viverão melhor e o Município terá
mais meios para melhorar a qualidade de vida das
populações e para continuar a crescer.
Os Mangualdenses querem justiça e igualdade
na forma como são tratados. Não pode haver
Mangualdenses de primeira e Mangualdenses de
segunda. Não podem uns ser filhos e os outros
enteados, quer vivam numa ponta do concelho, quer
vivam na cidade ou algures entre as duas! Quer sejam
rosas, laranjas, azuis ou vermelhos!
Os Mangualdenses querem ser livres. Não querem ser
condicionados em tudo e mais alguma coisa por serem
desta ou daquela cor ou por nem sequer terem cor.
Os Mangualdenses querem que o seu dinheiro seja
gasto de forma eficaz e transparente. Sem fachadas,
sem ajustes diretos para tudo e mais alguma coisa,
sem pedir preços a vários fornecedores.
São estas as razões da sua candidatura?
Sim. Candidato-me porque acredito nestes princípios
e tenho a certeza que é também isto que os
Mangualdenses desejam e anseiam.
Sou uma pessoa de convicções fortes. Apesar de
normalmente me considerarem uma pessoa muito
racional, a verdade é que as grandes decisões da
minha vida são tomadas com o coração.
Eu nasci em Mangualde. Mesmo em Mangualde.
Nasci na mesma casa onde vivi até aos meus 20
anos. Desde miúdo, percorri este concelho a trabalhar
com os meus pais vezes sem conta. Só vivi fora de
Mangualde durante os meus anos na universidade, em
Coimbra. Quando concluí a minha licenciatura, tive a
possibilidade de ir trabalhar para Aveiro ou para Leiria.
Mas era aqui que eu queria trabalhar e viver… E vim!
Estive um ano sem trabalho, mas vim!
Amo, genuinamente, esta terra. E não consigo vê-la
como vejo hoje, não consigo ver algumas das coisas
que vejo, e ficar de braços cruzados.
É superior a mim!
Quais serão as linhas mestras da candidatura?
Para nós, há dois eixos fundamentais: as pessoas e as
empresas.
As pessoas porque são elas o centro da atividade
política. O fim da política são as pessoas.
Hoje vivemos duas realidades com grande impacto na
sociedade e naquelas que são as suas necessidades.
Por um lado, a grave crise económica e financeira que
vivemos, apresenta-nos grandes desafios de natureza
social. É absolutamente prioritário fazer face a estes
desafios, chegando mais e melhor a quem mais precisa,
às crianças, às famílias e aos idosos. Por outro lado,
o envelhecimento da população e o isolamento cada
vez maior dos nossos idosos exigem uma estratégia
de futuro e uma estratégia de proximidade. Uma maior
proximidade não só para uma melhor assistência,
mas também, e isto é muito importante, para uma
maior segurança. As instituições de solidariedade
social do nosso concelho têm feito um excelente
trabalho nesta área e merecem ser louvadas. Mas a
escassez de recursos financeiros e as necessidades
cada vez maiores das populações servidas por estas
instituições exigem uma verdadeira política social por
parte da câmara municipal. É imperiosa uma maior e
melhor ligação a estas instituições, que precisam de
ser acarinhadas e apoiadas, especialmente quando o
próximo quadro de apoios comunitários vai exigir uma
maior articulação entre os interventores neste domínio.
Entendo também que o papel que o município pode
ter no futuro das nossas crianças e dos nossos jovens
não se esgota naquilo que se faz atualmente. Penso
que temos de perspetivar o futuro e ter uma política
de longo prazo para as nossas crianças e os nossos
jovens, para que possam ser mais bem sucedidos e
para que vivam e cresçam mais felizes. O nosso futuro
serão eles!
E quanto às empresas?
As empresas e a atividade económica são o coração
de qualquer comunidade. Sem empresas não há

 

 

atividade económica e sem atividade económica as
comunidades morrem.
Mangualde precisa de crescer! Nós precisamos
de mais empresas. Precisamos de crescimento
económico. Precisamos de emprego. A própria
autarquia só poderá ter mais receitas para o
desenvolvimento do concelho se houver mais
empresas e crescimento económico. Essa tem que ser
a prioridade das prioridades.
Repare, há 3 anos foi anunciada, com pompa e
circunstância, a venda de todos os lotes da Zona
Industrial do Salgueiro e foram anunciados apoios
de algumas dezenas de milhões de euros para essas
empresas. Houve cerimónia pública, fotografias,
notícias nos jornais… Até deu na televisão!
Passaram 3 anos… As empresas adiantaram uma
parte do valor dos terrenos à câmara municipal.
Passaram 3 anos! Onde é que essas empresas estão?
Porque é que não estão ainda lá instaladas? Quantas
já desistiram de Mangualde e foram para outros
concelhos?
Isto não cabe na cabeça de ninguém.
Ainda neste âmbito há um aspeto que para mim
é fundamental. Mangualde, pela sua localização
geográfica, pelo caminho de ferro, pelas vias de
comunicação importantes que aqui passam ou
das quais estamos próximos, até por algumas das
empresas que aqui existem, é um concelho muito
apetecível para algumas empresas, especialmente
empresas estrangeiras que se queiram instalar em
Portugal. Eu pergunto: se amanhã uma empresa destas
de maior dimensão se quiser instalar em Mangualde, o
que é que a câmara municipal tem para lhe oferecer?
Aonde se pode instalar? A área chega? De quem são
os terrenos? Os terrenos têm acessos e infraestruturas
como água, saneamento e eletricidade ou pelo menos
estão preparados para isso? Quantas oportunidades
já perdemos por não estarmos preparados? Será que
uma empresa dessas também vai esperar 3 anos para
se poder instalar e abrir portas?
Em tempo de escassos recursos, temos de ser mais
objetivos do que nunca e temos de estabelecer
prioridades!
Temos de investir fortemente neste domínio. É um
investimento com retorno a todos os níveis. Com
retorno para as famílias, com retorno para as empresas
que já estão em Mangualde e com retorno para
a câmara municipal, que assim pode ver as suas
receitas crescerem e ter mais dinheiro para investir no
concelho.
Quer com isso dizer que não vai prometer obras?
Olhe, promessa fiz uma à minha mulher quando me
casei. (risos)
Há uma coisa que para mim é básica. Não vou
prometer tudo e mais alguma coisa, como outros,
só para ganhar eleições e depois não cumprir coisa
nenhuma.
Toda a gente sabe que vivemos tempos difíceis. Eu
diria que há 2 tipos de investimento: com retorno e
sem retorno.
Se há poucos recursos a câmara municipal tem de
investir em áreas que tenham retorno e não andar a
gastar dinheiro quase à toa ou indiscriminadamente.
Para além disto, no entanto, há outras questões
importantes, como a satisfação das necessidades mais
básicas das populações ao nível do abastecimento de
água e do saneamento básico.
Isto de ter esgotos a correr a céu aberto, de ter redes
de saneamento que desaguam num sítio qualquer, no
meio de um terreno ou num ribeiro, é uma coisa que
não pode continuar.
Entre várias outras situações, a construção de
uma ETAR que acabe de uma vez por todas com a
vergonha das fossas a céu aberto na Lavandeira é um
compromisso desta candidatura. Custará milhões de
euros, mas tem que ser feita.
Há 4 anos estava a decorrer um concurso público para
a construção desta ETAR em Tabosa, de modo a servir
a maior parte da freguesia de Fornos de Maceira Dão e
por aí acima até Mangualde, incluindo a Zona Industrial
do Salgueiro. Foi cancelado o concurso e nada de novo
foi feito…
Portanto, resumindo, não vamos prometer mundos e
fundos. Nós temos palavra.
Assumimos o compromisso de trabalhar muito e de
trabalhar bem para resolver os principais problemas
dos Mangualdenses.
O vosso programa já está elaborado?
O nosso programa está em elaboração. Contamos com
pessoas das mais diversas áreas e estamos a fazer
contactos com pessoas e instituições no sentido de o
tornar um programa honesto, eficaz e participado.
O programa assentará em 4 eixos fundamentais.
O desenvolvimento económico e social e a criação
de emprego, a solidariedade social, o ambiente e a
juventude.
Quanto ao desenvolvimento económico, nós
assumimos a indústria, o turismo e o comércio local e
a agricultura como eixos prioritários. Sobre a indústria
já falámos há pouco alguma coisa. Acrescentaria
apenas que não podemos ficar sentados à espera que
as empresas nos venham bater à porta. Temos de ser
dinâmicos, temos de ir ao encontro delas e mostrarlhes
que somos bons e que temos condições para elas.
Quanto ao turismo, tal como o comércio local, penso
que é evidente a necessidade de uma política concreta
nestes domínios. Uma política séria e a médio prazo e
não medidas avulsas aqui e ali como se tem visto. O
comércio local e o turismo, na minha opinião, têm de
andar de braço dado. Não é fazendo uma festa ou uma
feira de vez em quando que se resolve o problema do
comércio local ou que se estimula o turismo.
Quanto à agricultura, penso que temos um
potencial enorme para fazer deste setor um setor
economicamente muito importante no nosso concelho.
Para além do vinho e do queijo, e de outros produtos
agrícolas, há um potencial enorme na floresta, cada vez
mais abandonada, e em novos domínios da agricultura.
Temos alguns bons exemplos no nosso concelho, no
domínio da floresta e da agricultura biológica, que
tem cada vez mais adeptos entre os consumidores
portugueses. Mas é preciso termos ideias, termos
uma política e termos estímulo para que este setor se
desenvolva. Nada vai aparecer por artes mágicas.
Sobre a solidariedade social, também já falámos
há pouco. Tem de ser, de facto, uma prioridade e é
absolutamente necessária uma visão e uma ação
integrada e dinâmica por parte de todos os envolvidos
neste domínio.
O ambiente é, definitivamente, mais do que uma
necessidade, uma urgência. Há problemas gravíssimos
para resolver, mas, para além disso, uma política
ambiental séria resultará igualmente em crescimento
económico. A agricultura, o turismo e o comércio
local só têm a ganhar com uma política ambiental
inteligente.
A juventude… É óbvio que tudo isto que aqui acabei
de dizer tem um impacto muito significativo também
na nossa juventude. A vários níveis. E já aqui falei de
algumas situações concretas. Mas a ausência total de
uma política de juventude em Mangualde é uma coisa
gritante. Há quem confunda políticas com medidas
avulsas ou com eventos ou festas. Mas a verdade é
que não há uma ideia, não há uma linha de rumo, não
há um objetivo ou uma meta a atingir, em Mangualde,
para os nossos jovens. É inadmissível.
Repare, nós podemos dar milhares de passos num dia,
mas se andarmos em círculos vamos estar sempre no
mesmo sítio!
Claro que o nosso programa ultrapassará estes
domínios que aqui expus, mas estes são os
fundamentais. Porque trazem crescimento e porque
trazem justiça social e qualidade de vida aos
Mangualdenses e porque são e trazem o nosso futuro.
Quer isto dizer que se acabou o tempo do betão?
O betão há-de ser sempre necessário e nunca acabará
o seu tempo, mas penso que hoje em dia, os desafios
que se colocam aos autarcas, quer nas câmaras
municipais, quer nas juntas de freguesia, são muito
mais exigentes e complexos do que erguer betão ou
pintar uma estrada de preto.
Ninguém conhece os concelhos e as freguesias como
os autarcas. Os autarcas conhecem as pessoas, as
empresas, conhecem o que de bom se faz, conhecem
o potencial que existe em cada sítio e que não está a
ser aproveitado.
Há aqui uma mudança de paradigma. A maioria das
infraestruturas está criada. Nalguns sítios muito está
por fazer, mas noutros está quase tudo feito. Mais do
que pensar em infraestruturas, temos de pensar em
crescimento, económico e social.
E quanto às juntas de freguesia? Quais são as
suas ideias?
Ainda bem que me coloca essa questão.
As juntas de freguesia são fundamentais pelo trabalho
de proximidade que desenvolvem. São quem melhor
conhece as pessoas, as empresas e as suas terras.
São também quem mais prontamente pode acudir às
necessidades das suas populações.
Desde 2010, inclusive, as juntas de freguesia sofreram
cortes brutais nas verbas transferidas pela câmara
municipal. De 2010 para cá perderam quase 50%
destas verbas, cerca de 200 mil euros anuais. Foi um
corte fácil. Mas um corte errado. Corre-se o concelho
de uma ponta à outra e percebe-se bem o resultado.
Há muito sítio onde a câmara municipal pode poupar
dinheiro sem ser a sacrificar e a prejudicar as juntas de
freguesia e as populações de todo o concelho.
Para além disto, como disse há pouco, se temos a
ambição de trazer crescimento ao nosso concelho de
uma forma geral, isto não é possível sem o empenho
das juntas de freguesia e dos seus autarcas. Eles terão
de ser parceiros ativos neste processo.
Para quando a apresentação da sua candidatura?
A apresentação da candidatura será no dia 13
de julho, pelas 18:00, na Biblioteca Municipal e
contará com as presenças, já confirmadas, dos meus
amigos Dr. Fernando Ruas e Dr. Sérgio Monteiro,
secretário de estado das obras públicas, transportes e
comunicações.
A nossa campanha será muito modesta. No momento
que hoje vivemos não podemos esbanjar dinheiro em
campanhas. As campanhas fazem-se com a afirmação
das nossas ideias e mostrando que somos melhores e
não com dinheiro. É nisso que acreditamos.
Dr. Aníbal Maltez, muito obrigada por esta
entrevista…
Ora essa. Eu é que agradeço. Especialmente a
um jornal com a tradição e os pergaminhos do
Renascimento, que tive o prazer de dirigir neste último
ano. Entendi que ser diretor do jornal e candidato à
câmara municipal eram duas coisas incompatíveis, mas
o Renascimento estará sempre no meu coração e olho
para ele com orgulho.
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