Arquivo mensal: Janeiro 2015

EDITORIAL Nº 654 – 15/1/2015

SR

Caro leitor,
Um militar da Guarda Nacional Republicana em trabalho, e ao serviço do nosso país, teve o azar de durante uma perseguição matar um miúdo cujo pai levava numa viatura furtada em jeito de preparação para um assalto. É evidente que uma morte é sempre dura e todos nós ficamos com o ar pesaroso de quem a conhece, mas neste caso foi um acidente que mais pesarosamente demonstrou a falta de segurança a que estamos sujeitos e a susceptibilidade de acasos nos toldarem para sempre o futuro.
Depois de ter sido condenado a quatro anos de prisão e a pagar 55 mil euros de indemnização ao pai do falecido, o que se espera que as autoridades façam? Quando a justiça é injustiçada? E aqui falo com experiência própria uma vez que estou jubilado da mesma força de segurança. Os leitores que relevem, mas no caso dele faria apenas e sempre o horário incumbido. E aguardava com zelo o cheque ao fim do mês, pois 55 mil euros não consegue este guarda com sorte até à sua reforma. Imaginemos com azar.
Vemos tantos políticos e figuras de peso a fazer carreira para Évora e visitar quem deu milhões entre milhões de prejuízo ao país, dizendo que é uma cabala, mas com toda a politiquice correcta a que nos foram habituando… Mas outros, como este guarda ao serviço da nação e sem um cêntimo, ninguém se lembra dele nem há provisão que o acuda. Não será ninguém ao pé do senhor que, ainda que preso a este caso, será sempre.
Gostaria de deixar umas breves palavras sobre o que aconteceu em França ao jornal Charlie Hebdo. É efectivamente digno que todos nós lamentemos e façamos o luto pelos bocados de liberdade que vemos roubados, pois a liberdade de expressão deveria ser uma conquista irreversível. Pois lamentavelmente em Mangualde também há défice de liberdade de expressão… mas concordo com aquela frase “prefiro morrer de pé do que viver de joelhos”.
Vemo-nos na próxima edição.
Um abraço amigo,