Arquivo mensal: Janeiro 2019

EDITORIAL Nº 746 – 15/1/2019

serafim tavares
Caro leitor
O Renascimento festeja o 92º aniversário e ao longo do seu tempo de vida muito se escreveu sobre a história de Mangualde e dos Mangualdenses. Uma história que não se apaga. Além da história, a sua missão principal é levar noticias aos quatro cantos do mundo, foi assim e continuará a ser, como é dever de um órgão de comunicação social.
Saiu para as bancas a 20 de janeiro de 1927, sendo o Dr. José Henriques Pereira Júnior seu fundador. Um homem corajoso, com visão estratégica, tendo mesmo passado pela censura daqueles tempos.
Deste jornal já fizeram parte pessoas e pessoas ilustres do nosso concelho e não só. Grandes Homens já fizeram o jornal, mas o jornal em si, também já fez grandes Homens. Alguns deles estiveram mais tarde à frente dos destinos dos Mangualdenses.
Alguns anos atrás muitos foram os que agoiraram a sua morte, mas esta não aconteceu.
O jornal é uma vida que passa por altos e baixos, não são só rosas. A última vez que esteve para morrer, foi como todos se lembram em junho de 2012 e não fosse eu assumir responsabilidades teria mesmo acabado.
Estamos aqui, a tratar deste seu jornal com amor e carinho para que ele continue a chegar a sua casa com as melhores notícias e qualidade.
Agora vamos olhar em frente para mais e melhores anos de Renascimento. Continuaremos sempre a celebrar os marcos que vamos conquistando e trabalhar diariamente para que um deles seja o seu centenário. Só já faltam 8 anos!!!
Vamos conseguir.
Quero agradecer a todos os assinantes, anunciantes, leitores e colaboradores. O meu bem haja pela preferência deste seu jornal Renascimento.
Viva a liberdade.
Abraço amigo,

Ter direitos sem ter dever

Ana Cruz
O tempo sempre avança, ausente dos valores de quem nele habita. São poucos os que ainda se recordam da desigualdade entre cidadãos num época dominada por Salazar. Já não se fala da inexistência de apoio social; da inacessibilidade dos serviços de saúde e da escolaridade ser destinada para os afortunados…Quem relata o dia-a-dia dos tempos de ditadura, fala numa tranquilidade miserável, desconhecendo o conceito de direito\ dignidade humana, porque a filosofia era beneficiar a nação em prol da defesa individual de cada cidadão. De fato era incutido que o povo não necessitava de modernidade porque seria o Estado responsável de tais preocupações. Ter acesso a conhecimento e igualdade de direitos era algo a investigar, porque exigia-se ao povo dedicação no trabalho, essencialmente rural, e qualquer individuo que demonstrasse vontade em desenvolver outra forma de pensar ou viver, era “tranquilamente” visitado pelo “defensores do Estado”. Assim, era o tempo “perfeito” do Salazar, que tantos agora anunciam como “Salvador da Pátria” e desejam o seu regresso. Esquecessem-se que nesse tempo não havia subsídios, abonos de família, serviços de saúde acessíveis. Que qualquer protesto era silenciado (a famosa liberdade de expressão que toda gente tem por garantida!), e que no senso comum era a ciência mais utilizada! Utilizar os recursos essenciais (comida, saúde, habitação) de forma modesta e não desperdiçar era o mote glorificado. Concordo com este ideal de gerir os recursos essenciais de forma regrada, não desperdiçando os bens que existem, considerando que alguém irá se responsabilizar caso eles falhem. Porque neste momento é que acontece com o panorama global de qualquer democracia liberal.
Num tempo de deveres, porque os direitos eram “vícios” gerados por ideais comunistas, era humilhado quem não trabalhava no campo. Quem tinha dores ou queixas de saúde, era colocado de lado com o rótulo de preguiça ou se conseguisse um médico benfazejo tinha algum alívio a troco de ovos ou galinhas. A morte era assídua em crianças e adultos acima dos 60 anos, porque nem o mais dedicado médico conseguia milagres perante ausência de equipamentos (ambulâncias, hospitais especializados só surgiram a partir da década de 80), e o martírio de ver perecer o povo trazia mais dedicação e mais humanismo aos médicos dessa altura, por saberem que a saúde é um bem único e finito. Qualquer pessoa que possuísse conhecimento como debelar a doença era detentora de um respeito pela comunidade, porque sabiam que todos ficamos doentes. Desde a mais simples tosse, à dor de costas, às borbulhas mais incómodas, havia sempre uma curandeira que conhecia um bálsamo, uma pomado, emplastro que aliviava o sintoma. O médico tinha respeito por essas pessoas e vice-versa, porque todas sabem os seus limites, e remédios caseiros que não resultam significavam sempre um pedido de consulta médica. De fato os médicos questionavam sempre se tinham tomado o remédio caseiro para saber qual a influência no sintoma. Ninguém chamava ou ia ao médico por um arranhão de gato, picadas de melgas, constipações de 3 dias. Sabiam, por senso comum, que o corpo necessita de descanso e remédios para recuperar. Que a febre faz parte da doença e que tinham de baixar a temperatura para não alucinar. Analfabetos, sem água corrente ou eletricidade, conseguiam ter mais noção do normal do que hoje o mais doutorado e carregado de tecnologia, quando tem um espirro!
É um direito de todo e qualquer cidadão português ter proteção da saúde, mas também é seu dever defender e promover a sua saúde com comportamentos que favoreçam a mesma. Delegar culpas aos profissionais de saúde por falta de saúde é uma injúria gratuita e desmedida de consciência do seu dever e ações. Agora coloco esta situação tão, infelizmente, costumeira neste Portugal tolerante e pouco responsável: eu sinto dores de barriga à meses, já fui ao médico de família, já fiz exames, já fui medicada, mas apenas tomo quando me apetece. Hoje acordo com imensas dores de barriga, culpo o médico que não me soube tratar e para evita-lo ligo o 112 e queixo-me de dores horríveis para virem-me buscar a casa para o hospital. Faço isto porque sei que nunca irei pagar a ambulância, porque não estou para incomodar o vizinho ou a filha e também porque não tenho de gastar dinheiro num táxi! Preparo-me, vou buscar os exames que o médico que não me tratou, me mandou fazer e espero pelos bombeiros. Só que neste exato momento o meu neto caiu na escola e bate com a cabeça ficando desmaiado. Enquanto eu ignoro isso reclamo com os bombeiros por demorarem 10 minutos a chegar a casa, e passo o trajeto todo até ao hospital a escarnecer o serviço de saúde. Por sua vez a escola liga para o 112 que informa que a ambulância mais próxima está de serviço e que para assistir a criança têm de esperar 20 minutos. A ambulância que eu estou a utilizar para as minhas dores de barriga de à meses foi desencaminhada do meu neto que está caído no chão da escola.
Isto é uma história, pode ser ou não verídica. Mas é um retrato de um Portugal que estamos a criar. Desvalorizamos o que temos e prejudicamos quem precisa sem ter a noção das consequências.

REFLEXÕES

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PROTECÇÃO ANIMAL
EPISÓDIOS
Desde o início de 1980 a minha vida profissional trouxe-me para a terra de nascimento. Andei por várias cidades ao longo da vida de estudante e depois como profissional do ramo educacional. A minha cidade de coração foi sem dúvida o Porto. Detestei Lisboa. Acabei por me fixar em Coimbra, por tempos. Gostei e gosto desta cidade. Aqui fiz grandes Amizades e desenvolvi actividades variadas que não cabe nomear no tema presente. Gostarei, no entanto, de aqui referir situações marcantes da minha motivação em proteger animais.
Foi por esta altura que me tornei mais activa perante realidade dos maus tratos a animais ou de situações em que os animais estavam em sofrimento e ninguém se disponibilizava a acudir-lhes. Começaram aqui as minhas grandes e difíceis experiências. Recordo os momentos de amargura que sofri e as lágrimas que chorei junto a um pobre cão que havia sido atropelado. Estaríamos em 1976. Vivia eu no bairro do Monte Formoso, e pelas sete e meia da manhã descia a rua de carro a caminho da minha Escola. Ali ao fundo junto à av Fernão de Magalhães vejo uma mancha branca na berma, afrouxei e apercebi- me que era um cão. Parei e fui ver. O animal estava deitado e em grande sofrimento, tinha um enorme papo na barriga e provavelmente ossos da bacia partidos…! Fiquei em pânico. Por esta altura não sabia da existência de veterinários nem clínicas na cidade. Como poderia eu acudir aquele pobre ser vivo?!. Assim, ali, não me surgia nenhuma solução…Os carros passavam e nem olhavam. Eu estava acocorada junto do pobre cão que olhava para mim como que a pedir ajuda a gemer e com grande dificuldade em respirar. Telefones não havia por perto e telemóveis nem ainda existiam na mente dos cientistas. Estávamos ali absolutamente sozinhos na beira duma cidade!!! Chorei muito, muito, por sentir a minha impotência perante uma situação tão dura. Acho que gritei, mas ninguém se abeirou a sugerir ajuda…passava-lhe a mão pelo corpo numa intenção de carinho estimulante e falava-lhe nem sei o quê! Estive assim mais de uma hora, faltei à primeira aula. Com muita angústia decidi seguir viagem na esperança de que na minha Escola conseguiria um contacto com alguém que me pudesse ajudar. Aqui soube dum representante da Liga Protectora dos Animais de Lisboa, obtive o número do seu telefone. Atendeu, eu expliquei-lhe toda a situação…mas a resposta foi “para já não tratamos desses problemas. Sou só eu em Coimbra ainda estamos a organizar-nos. ENTÃO QUE POSSO FAZER?!!! Telefone para a Câmara para o irem buscar… Assim fiz. E também para a PSP.
Procurei acalmar e pôr a minha mente em sossego para poder dar as aulas até à uma da tarde…. Saí disparada e fui ao sítio na esperança de que alguma autoridade já tivesse actuado… MAS NÃO!...um animal pode sempre esperar… e o cãozinho ainda ali estava… morreu sozinho!! Chorei, chorei muito pela minha impotência acho que até mordi as mãos por não ter conseguido ajudar aquele sofredor. NUNCA MAIS ESQUECI ESTA IMAGEM. Interiorizei-a como um apelo, um chamamento para o que seria a minha vida no mundo da protecção animal.
Outros casos ainda passaram por mim em Coimbra, mas o que acabei de descrever foi o tiro de partida, embora estivesse bem longe de imaginar as grandes dificuldades em encontrar soluções ao longo do tempo. Foi ainda aqui o meu primeiro compromisso com um pequenino caniche. Uma senhora vizinha no meu andar veio de Paris, de férias. Lá tinha comprado um cachorrinho para a filha. No entanto a vizinhança rejeitou a presença do animal, já que mãe e filha saiam muito cedo e ele ficava a latir todo o dia, sozinho, no quarto alugado…. Quando as pessoas não sabem avaliar as suas condições de vida e a que podem proporcionar ao animal, acabam sempre por se verem confrontadas com situações desagradáveis. Foi o caso. Vieram de férias, mas teriam que deixar ficar por cá o seu amigo. Quando a vi à porta com o cachorrinho, ainda pequeno, fiz-lhe um elogio…. Muito lindo o vosso cãozinho!!! E a senhora começa num pranto… não o podia levar de regresso e que não tendo ninguém a quem o deixar, lhe aconselharam a entregá-lo no canil da GNR! O quê??!! Esta coisinha num canil?! Da GNR? A comer restos? A dormir onde?! Não sei… é o nosso menino… e choravam sem parar, mãe e filha…. Vamos lá a ver, se é assim, se não têm ninguém, eu fico com ele, não vai morrer num degredo!!.. Agarraram-se a mim a chorar… era isso que nós queríamos, mas tínhamos vergonha de pedir… Muito obrigada, muito obrigada e foram buscar um babete e uma saquinha do guardanapo(!)… Sabe? Era para ele não ficar sujo depois de comer!! Era como um filho… Por favor trate-o bem, sim? É o nosso menino!... Vão descansadas ele fica muito bem, ele fica aos meus cuidados. E pronto, foi assim que eu abriguei o meu primeiro protegido em Coimbra. Factos verídicos… estórias de Vida.
PENSAR VERDADE. FALAR VERDADE.
Janeiro 2019

IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 50
Neste imaginando e nos próximos, vou debruçar-me sobre um tema que no meu entender tem  certa importância para o nosso dia a dia.
Ao fazê-lo, tentarei com a maior honestidade esclarecer o leitor e quem sabe, atrair a sua compreensão para que alcance a felicidade.
Trata-se da Lei da Atração:
Para melhor compreensão, vou recorrer ao básico das  Fisica e Mecânica Quânticas, ou seja o ramo da física que estuda e descreve o comportamento da “matéria/Onda” à escala microscópica, nossas próprias células (atómica e subatómica), através de um estudo pela  cura espiritual, que estabelece um ponto de ligação entre a Ciência e a realidade da Alma, pelo pensamento (Mente) e sentimento (Coração).
Todos somos parte da Mente Superior ou Deus ou se lhe quisermos chamar, de uma Consciência Universal ou Coletiva ou simplificando, Universo.
Essa Consciência Superior ou Deus se manifesta através de uma onda electromagnética com fundamento atómico. É Energia Pura. Essa energia ou onda, por sua vez emana Ondas que emitem vibrações que vão actuar em diversas Frequências dando forma a todos os Universos, Sistemas Solares, Planetas e por fim, nós e outras ínfimas espécies. Ao contrário de muitas opiniões não estamos ligados a Ela. Somos parte Dela, porque tudo está dentro Dela, nada está fora. Com estes desdobramentos vibratórios vamos obtendo informações. Logo, energia é informação e toda a informação existe para sempre. Repare o Leitor que as Ondas emitidas nascem daquela única Onda electromagnética, que no seu percurso vai  baixando a vibração conforme as frequências relativas  à densidade da matéria moldada na Energia, e segundo a vontade da Mente Superior com seu poder de Cocriação. Toda a informação  está nessa Onda, porque vai revelando  como a energia se vai adensando, para as diversas formas que vai tomando no seu percurso.  Como somos parte dessa Onda, cocriamos também.
Noutra perspetiva tudo é Onda, digamos uma Onda Escalar que não tem forma e que chamamos de um Vácuo Quântico, que é um pleno de energia infinita (muitos Espiritualistas lhe chamam de Deus) e ao emergir desse vácuo, vai diminuindo a vibração, tomando aparência de massa, pela criação de Átomos.
Segundo Max Planck, tudo é partícula e onda ao mesmo tempo.
Vamos ao exemplo de uma mesa: Tanto pode ser tratada como Partícula ou uma onda intangível, porque essa partícula ou parte material é simplesmente uma redução da vibração da Onda a uma determinada frequência, porque tudo vibra e tem frequência. Ao conceber a mesa formou-se uma outra Onda  vibracional numa frequência cada vez mais baixa ao ponto da condensação se tornar visivel para o observador e contendo  toda a informação para que se tornasse mesa (desde a floresta, a árvore que lhe deu a madeira, o humano que a concebeu, etc,). Há aqui uma interferência de duas Ondas de Informação: A informação da Onda eletromagnética que é permanente, e a informação da segunda Onda, que se ligou à original. Juntámos à informação, o conhecimento. Ficou a saber o “material” concebido na mesa.
Na parte 34, falei do fundamento atómico. A Mente Superior além de expressão Coletiva da  Inteligencia Divina é também “Substância” (porque tudo tem substância atómica),  e esta Inteligência cria ou projeta uma  força de atração pela energia, ligando os electrons para formação de Átomos.Todos os elétrons de um Átomo estão correlacionados. Se fizermos uma separação pondo uma partícula (elétron) de um lado do Universo e outra do outro lado, e ao tocar no ângulo de rotação (spin) de uma delas, instantaneamente e mais rápido que a velocidade da luz, o spin da partícula correlacionada do outro lado do Universo também acusa o toque. Significa que elas estão em comunicação permanente. Para sempre. Isto explica a existência de uma única Onda, e ela é eletromagnética.
Posso exemplificar pelo funcionamento dos Telemóveis, Rádios, Micro-ondas, Televisões, computadores (Internet), Satélites e Naves espaciais. Não têm nenhuma ficha a ligarem-se. Exatamente se correlacionam através dos eletrons dos Átomos contidos na Onda Eletromagnética e na frequência em que vibram.
Mas atenção: Todos estes equipamentos que chamamos  de alta tecnologia nem sempre estão na melhor frequência vibracional com a Onda Eletromagnética, ou Mente Superior.  Quantas vezes ouvimos dizer para não dormir ao lado destes equipamentos! A frequência em que vibram não corresponde à frequência do Todo e isso vai causar distúrbios no nosso próprio campo magnético, originando por vezes doenças incuráveis.Sobre este assunto não me vou alongar. O leitor talvez prefira tirar suas próprias conclusões.
É esta Onda eletromagnética que se propaga num vácuo, “porque tudo o que existe tem eletromagnetismo com informação intrínseca” (Hélio Couto), e provoca uma energia eléctrica pela agitação dos Átomos  que estão na formação de todos os corpos. Quando afirmo fundamento atómico é porque “Tudo o que existe é Átomo”. “Pensamento é Átomo”. Todos os Átomos se encontram nesse Vácuo, o 1% do Todo. Somos Átomos e  estamos todos correlacionados porque existimos dentro da Mente Superior. A um conjunto de Átomos, chamamos Moléculas. A um conjunto de Moléculas, chamamos Massa, que se torna Universo, Galáxias, Sol, planetas, Pessoas, carro, cadeira, etc., ou seja a Onda ou partícula, reduzida à vibração pretendida em derminada frequência e ela será cada vez mais baixa, conforme a outra onda de informação através do pensamento, e quando se interferem como acima expliquei.
Podemos então concluir que tudo o que existe é onda e também partícula com fundamento atómico, dependendo  do observador.
Ex: Se observarmos uma bola (os vários Átomos que a compoêm) saltitando, estamos vendo; vemos partícula (matéria ou massa); mas se não a observarmos, não a vemos; Ouvimos o som batendo no chão, uma forma de energia causada por vibração. Sabemos que  ela está lá. Até podemos imaginar vária bolas saltitando. É onda.
Continua

SANFONINAS

dr. jose
Os nomes das ruas
Recordo, com frequência a situação de alguma desorientação que tive numa cidade espanhola. Não encontrava determinada rua no mapa. Cheguei a um café, que se situava ao lado de uma igreja, entrei e perguntei ao senhor, para mais facilmente me orientar na pesquisa, como se chamava aquela igreja. O senhor, pareceu-me dos empregados mais antigos do café, desconhecia por completo como é que a igreja se identificava.
Também acontece que alguém, ao perguntar por uma rua, verifique que o seu interlocutor, morador do bairro, não saiba responder. É mesmo capaz de garantir que nunca em tal ouvira falar!
Faz-me pena. Todas estas situações revelam quanto se vive apressadamente, se não tem atenção à realidade circundante e, claro, também não se tem em conta o significado último do nome dado a uma rua.
A este propósito, permita-se-me que transcreva uma passagem do sempre benquisto livro de João Lourenço Roque, Diversões Interiores. No II volume, publicado em 2017, diz o seguinte:
«Todas ou quase todas as aldeias da freguesia de Sarzedas passaram a ter os nomes das ruas assinalados em sugestivas placas toponímicas, facilitando a vida aos carteiros e aos turistas, ávidos de mundos perdidos, e libertando do esquecimento singelas e fundas heranças culturais. Em geral, optou-se por nomes antigos, que corriam de geração em geração» (p. 177).
Adiante, João Lourenço Roque, depois de criticar as malfadadas repetições, sugere que as comissões de toponímia poderiam também ser «mais criativas e originais, perpetuando figuras humanas muito populares e importantes na identificação local e na memória colectiva».
É verdade. De um lado, afigura-se-me importante que se mantenham as tradições, as designações antigas, muitas delas até patentes nas escrituras dos imóveis; mas, por outro, não é preciso ser uma personagem ilustre ou muito ilustre a nível nacional, pois há singelas figuras locais, típicas ou beneméritas, que merecem ter o seu nome impresso numa placa toponímica.
As designações das ruas constituem também uma forma de perpetuar a memória de quem, denodadamente, procurou trabalhar em prol do bem comum.

MEMÓRIAS ESBRANQUIÇADAS DE UM TEMPO SEM TEMPO

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PEDRAS QUE FALAM
Pedrinhas desta calçada
Levantai-vos e dizei,
Quem vos passeia de noite
Que eu de dia bem o sei. (Quadra popular )

Debaixo dos nossos pés, choram no meio da rua, suportam os sôcos do tempo a força da tempestade ou gozam a delícia do orvalho com intensidade e firmeza de rocha. Contam-nos histórias dos medos da noite, de idílicos romances de amores, disfarçados entre o silencio de sombras fantasmagóricas. Tremem de frio quando a noite é gélida, sombria, coberta por um nevoeiro impregnado de uma solidão ardente, escura como breu, quando parecem não mais adormecer tal o entusiasmo com que observam o vaguear do lobo pela chamada da lua. Riem ao sol e ardem em brasa quando fustigadas por tórrido calor de um sol em fogo no pino do Verão. Ficam de cara lavada, branquinhas como véu de noiva, limpas como fato domingueiro e mimosas como olhadela fortuita pela natureza, com ar fresco de quem sai de um banho purificador, com um brilho de luminosas alvuras como estrelas cintilantes no firmamento, quando a chuva as lava e o luar nelas se reflecte. Encarrapitadas nas paredes ou em altos muros coladas como lapas, suportando casas velhas como amparo de uma velhice envergonhada e carcomidas pelo tempo, pardacentas ou vestidas de um musgo verde que as abraça e quase as sufoca engalanam e enobrecem majestosos fontenários que nos saciam o olhar ou velhas fontes que nos matam a sede. Numa humildade de natureza frágil e dolorosa ou majestade contemplativa contam histórias que não calam, sabem todas as coisas do passado. Soltam ébrios murmúrios de prece lembrando choro de aconchego maternal, entoam tristes cânticos ou exaltam a vida num crepitar letárgico de uma queda de um fio de água, num suspiro rumoroso de uma solidão infinita, ou contemplando o tombar das folhas outonais, e as mandam embora se algumas lhes caem em cima porque é chegada a hora de dormir.
Mas na realidade as pedras falam?…. Falam!!!…
Falam, riem, choram, mas não à nossa maneira, cada um as entende como quer.

Renascimento – Parabéns

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92 Anos
No dia 20 de Janeiro o Jornal Renascimento completa 92 anos de existência.
Desde já os meus mais sinceros Parabéns.
Pela mão do Dr. José Henriques Pereira Júnior, seu Fundador, Proprietário e Director, o primeiro número saiu em 20 de Janeiro de 1929. Um periódico quinzenal e regionalista.
Já em artigo publicado neste Jornal em 1 de Novembro de 2018, abordei a Imprensa em Mangualde desde 1867 até aos nossos dias, focando a acção decisiva que o Jornal Renascimento tem tido ao longo da sua vasta existência.
Convém perceber como era Portugal em 1927, para se avaliar o gesto heróico do Dr. José Henriques Pereira Júnior.
A Monarquia termina em 5 de Outubro de 2010. Segue-se um período Republicano caracterizado pela instabilidade e violência. Caem governos a seguir a governos. Entramos na Primeira Guerra Mundial (1914/1918), onde morrem milhares de portugueses e que arrasta o País para a pobreza Este clima de insegurança, de instabilidade leva o País a uma Ditadura Militar. Estamos em 1926 e dá-se o Golpe de 28 de Maio que numa primeira fase colheu a aprovação de muitos republicanos e democratas.
O Jornal Renascimento aparece em 20 de Janeiro de 1927. No mês seguinte, Fevereiro dá-se uma violenta Rebelião Militar. Morrem dezenas de pessoas no Porto e em Lisboa. Centenas de feridos. É nesta situação difícil e conturbada que nasce o Jornal Renascimento. É preciso ter coragem e princípios democráticos muito fortes para lançar um Jornal.
Em 1928, sai da Universidade de Coimbra, uma figura que vai marcar a História de Portugal. António de Oliveira Salazar é convidado para Ministro das Finanças.
Em 1933, a Nova Constituição institucionaliza o Estado e dá azo ao Estado Novo.
António de Oliveira Salazar é o Presidente de Conselho de Ministros, cargo que ocupa até 1968.
O Jornal Renascimento passa pela Ditadura, Estado Novo, Revolução de 25 de Abril e período Democrático actual. Quatro gerações, presente, firme, dando o seu contributo para o desenvolvimento da Região e do País. Muito trabalho, muita força de vontade, muita coragem e acima de tudo muito amor e dedicação.
Não podemos esquecer o seu fundador. Conheci e convivi bastante com o Dr. José Henriques Pereira Júnior. Além de Proprietário e Director do Jornal Renascimento, era também proprietário da Farmácia Pereira (era licenciado em Farmácia) e Comandante dos Bombeiros Voluntários de Mangualde.
Pois foi também por sua iniciativa que foram criados os Bombeiros de Mangualde. Pela sua pena e no seu Jornal Renascimento, lança a ideia da sua criação e necessidade para o Concelho de Mangualde. Essa notícia é publicada em 1 de Setembro de 1928 e reforçada novamente em 1 de Fevereiro de 1929. E é ainda no Renascimento que se abre a subscrição pública para a angariação de fundos para possibilitar a concretização do Corpo de Bombeiros.
Daqui se pode ver a garra de um Homem que vive os problemas e os anseios da sua terra. Pela minha parte um Bem Haja eterno.
E para finalizar, não podia deixar de salientar a dedicação do actual Director Serafim Tavares. Não é fácil nos tempos actuais manter um jornal. E o Renascimento nesse aspecto funciona muito certinho. No dia certo, aqui no Porto, pelo correio, recebo o exemplar de acordo com a assinatura que fiz.
E para que o Jornal Renascimento prossiga no tempo, todos nós somos poucos para o ajudar.
Um Bom Ano de 2019

CONSULTÓRIO

dr. raul
O FRIO E AS DOENÇAS
O frio pode agravar algumas doenças. Com o Inverno chegado, apesar deste Natal tão manso de temperaturas, está na altura de nos prepararmos para o frio que há-de vir!
O Outono foi suave e o Inverno também chegou quase sem se dar por ele! Mas, com o Inverno, vêm os frios grandes e o nosso organismo tem de se mobilizar para lutar contra a baixa de temperatura. As reacções que o frio origina são susceptíveis de interferir com algumas doenças, nomeadamente cardíacas ou respiratórias. O mesmo acontece para alguns medicamentos.
O frio agrava algumas doenças
Quando começa a fazer muito frio, o corpo aumenta por todos os meios a sua produção de calor para manter uma temperatura corporal adequada. Para além dos arrepios (reflexos da actividade muscular) e de um aumento geral do metabolismo, observa-se uma vasoconstrição cutânea (diminuição da circulação do sangue à superfície da pele) e um aumento do ritmo cardíaco.
É assim que um período de grande frio é susceptível de agravar algumas doenças pré-existentes, nomeadamente cardiovasculares e respiratórias, paralelamente ao risco de acidentes agudos como a hipotermia e os enregelamentos.
Alguns medicamentos modificam as nossas defesas contra o frio
Do mesmo modo, alguns medicamentos, com grande frio, podem provocar ou agravar os sintomas ligados ao frio.
Por exemplo, medicamentos que actuam sobre o sistema nervoso central podem impedir este de desencadear os arrepios e os calafrios, ou a diminuição da circulação sanguínea à superfície da pele.
Existem, ainda, outros medicamentos que podem ir contra o organismo na sua reacção contra o frio. É caso, por exemplo, de alguns tratamentos contra a hipertensão arterial ou a angina de peito, mas também os anti-epiléticos, os neurolépticos e medicamentos que actuam sobre a vigilância.
Quais as pessoas de maior risco?
As pessoas de idade e, no lado oposto, as crianças de 0 a 2 anos.
As pessoas portadoras de doenças cardíacas ou respiratórias, como a asma, o hipotiroidsmo, uma doença neuropsiquiátrica ou uma infecção respiratória.
Os indivíduos portadores de sequelas, de um acidente vascular cerebral, de um traumatismo cerebral, de uma paralisia…
As pessoas mal-nutridas.
Os trabalhadores ao ar livre.
Não interromper o tratamento de moto próprio, nem modificar as doses
À mais pequena dúvida, convém pedir conselho ao médico.
Em todas as situações não interrompa o tratamento por sua iniciativa, nem modifique as doses, porque pode correr o risco de eventuais complicações ligadas à paragem da medicação ou à doença que não é mais tratada.
Algumas recomendações contra o frio
Em período de grande frio, limite os seus esforços físicos.
Evite os esforços bruscos e as passagens rápidas do quente ao frio.
Para sair, agasalhe-se com roupas quentes e cubra bem as extremidades (cabeça e mãos). Cubra igualmente o nariz e a boca para respirar menos ar frio.
Contrariamente a certas ideias pré-concebidas, o consumo de álcool não aquece. Inversamente o álcool agrava a hipotermia. Entorpece e faz desaparecer os sinais de alerta do frio.
Não sobreaqueça a sua casa, mas aqueça-a normalmente e assegure-se que é bem ventilada para evitar qualquer risco de intoxicação com o monóxido de carbono.
E-mail: amaralmarques@gmail.com