Arquivo mensal: Janeiro 2019

MANGUALDE ASSINALA DIA Internacional da lembrança do Holocausto

A Câmara Municipal de Mangualde assinala o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto com a exposição “Salvar toda aquela gente: a ação de Aristides de Sousa Mendes”. A mostra é composta por cartazes A2 de publicações alusivas a um dos capítulos mais negros da História da Humanidade e está patente de 8 a 31 de janeiro.
A exposição pertence à Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves e pretende dar a conhecer, de forma sucinta, a ação do Cônsul de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, que, contrariando as ordens do regime chefiado por António de Oliveira Salazar e perante o êxodo de milhares de pessoas que fugiam ao pesadelo da II Guerra Mundial, lhes atribuiu os vistos de que necessitavam, salvando-lhes assim a vida. A designação da exposição é citação de uma frase de Aristides, em defesa da sua própria ação: “Era realmente meu objetivo salvar toda aquela gente, cuja aflição era indescritível.”
A mostra é o resultado da compilação de conteúdos da Fundação Aristides de Sousa Mendes, do Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes, da Sousa Mendes Foundation, dos projetos “Os nove dias de Sousa Mendes” (jornalista Inês Faro) e “Vidas Poupadas” (Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros), um projeto da Biblioteca Municipal/Centro de Artes de Sines, acessível a todos, gratuitamente, em português e inglês, no site do Centro de Artes de Sines. «Visitar os sites dos que nos apoiaram permitirá que cada um aprofunde um assunto tão importante como a corajosa contribuição de Aristides de Sousa Mendes numa das mais negras páginas da história da Humanidade.», sustenta a organização da ação.

O DIA INTERNACIONAL DA LEMBRANÇA DO HOLOCAUSTO
Assinalado internacionalmente a 27 de janeiro, este dia assume-se como um momento de lembrança em nome dos milhões de vítimas provocadas pelo genocídio da Alemanha nazi sobre os judeus, ciganos, homossexuais, entre outros, ocorrido durante a II Guerra Mundial.
Um pouco por todo o mundo decorrem cerimónias de homenagem às pessoas falecidas no Holocausto (1941 – 8 de maio de 1945), uma ação sistemática e inacreditável.
A data de 27 de janeiro foi escolhida pelo seu significado especial: foi a 27 de janeiro de 1945 que teve lugar a libertação do principal campo de concentração nazi (Auschwitz) pelas tropas da União Soviética.
O Dia Internacional da Lembrança do Holocausto foi estabelecido pela Resolução 60/7 da Assembleia Geral das Nações Unidas (em inglês), em 2005.

DOCUMENTOS IMPORTANTES DA HISTÓRIA LOCAL CONTEMPORÂNEA ESTARÃO DISPONÍVEIS EM BREVE

O Arquivo histórico de Mangualde está mais rico e completo: a família de Maria Luísa Abrantes Amaral Oliveira Correia, através de seu filho, João Correia, ofereceu ao Município documentos relativos às festas da Vila de Mangualde. Da oferta destacam-se os programas das Festas da Vila correspondentes aos anos de 1953, 1958 e 1966 que se realizavam no dia 15 de agosto.
O espólio dará entrada no Arquivo Municipal, onde, após inventariação e catalogação, constituirá fonte histórica para investigadores e estudiosos da história local contemporânea. Para tal, os documentos serão scanizados e, em jeito de fac simile, serão colocados na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves para consulta e leitura ao público em geral.

Casa Cheia no Concerto de Ano Novo pela Orquestra Poema

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No passado sábado, dia 5 de janeiro, Mangualde realizou mais um Concerto de Ano Novo. Pelas 21h30, o Auditório do Complexo Paroquial de Mangualde encheu-se para este momento musical protagonizado pela Orquestra Poema. A noite foi de tributo aos Queen, um dos maiores grupos de rock de todos os tempos.
A Orquestra POEMa, uma iniciativa da Câmara Municipal de Mangualde em parceria com o Conservatório Regional de Música de Viseu – Dr. José de Azeredo Perdigão, nasceu em 2013 e tem como intervenientes elementos das Bandas Filarmónicas do concelho de Mangualde, alunos e ex-alunos do Conservatório Regional de Viseu. Dirigida pelo Maestro Tiago Correia e com idades compreendidas entre os 12 e os 30 anos de idade, é composta por duas formações: Orquestra de Sopros e Orquestra de Câmara

MINISTRO DO PLANEAMENTO E DAS INFRAESTRUTURAS ANUNCIOU EM MANGUALDE A REDUÇÃO DE PORTAGENS PARA EMPRESAS DO INTERIOR

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MINISTRO DO PLANEAMENTO E DAS INFRAESTRUTURAS ANUNCIOU EM MANGUALDE A REDUÇÃO DE PORTAGENS PARA EMPRESAS DO INTERIOR
GOVERNO PREVÊ QUE AS EMPRESAS PODERÃO POUPAR CERCA DE 12 MILHÕES DE EUROS
O Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, anunciou na manhã do passado dia 4, em Mangualde, a redução de portagens para o transporte de mercadorias nas antigas SCUTs e um desconto adicional de 25% para as empresas dos territórios de baixa densidade. Este anúncio aconteceu durante a sessão pública de apresentação do novo regime de portagens no interior, uma medida inscrita no Orçamento de 2019, onde esteve também presente o autarca de Mangualde, João Azevedo.
Pedro Marques anunciou que, a partir daquela dia, 4 de janeiro, as empresas já podem apresentar o seu pedido ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) para terem acesso ao desconto adicional de 25%. “Durante os primeiros três meses de implementação da medida, podem fazer o requerimento e beneficiar retroativamente do apoio, a partir de 01 de janeiro”, clarificou. De acordo com o Ministro são 240 mil as empresas sediadas no interior e que vão poder candidatar-se a este regime de descontos através do IMT, para além de todas as outras empresas que não estejam no interior, mas que podem candidatar-se ao regime geral de descontos.
Para que uma empresa seja elegível para o regime alargado não basta estar sediada num território de baixa densidade. As empresas vão ter que atestar que têm pelo menos 50% dos seus trabalhadores a residir naqueles territórios, que têm a situação contributiva e fiscal regularizada e entregar a documentação habitual de identificação da empresa.
A medida está integrada no Programa de Valorização do Interior e tem como objetivo concreto fixar emprego na baixa densidade. “Os cidadãos beneficiarão indiretamente, espero eu, com a fixação de mais emprego e a criação de mais oportunidades”, afirmou o Ministro durante a sessão.
DESCONTOS NAS PORTAGENS DE SETE AUTOESTRADAS DO INTERIOR
NA ORDEM DE 17% A 64% PARA AS EMPRESAS
O novo regime de portagens no interior já tinha sido apresentado em julho do ano passado e entrou em vigor no dia 1 de janeiro deste ano. É um regime que prevê descontos entre os 30% e os 50% para veículos de mercadorias nas antigas autoestradas sem custos do interior, com um adicional de 25% de descontos para as empresas sediadas em territórios de baixa densidade. À noite, o adicional do desconto é maior. Pedro Marques sublinhou que, comparativamente ao preço das portagens antes de 2016, “essa redução, para a utilização no período noturno, pode chegar a 80%”, o que considera “uma boa razão” para que as empresas se fixem nos territórios de baixa densidade.
Assim, por um lado, o regime-base aplica-se a todos os pesados de mercadorias que circulam nas sete autoestradas abrangidas e prevê descontos de 17% durante o dia e 28% à noite. Por outro lado, o regime alargado abrange os ligeiros e pesados de mercadorias, mas apenas de empresas sediadas em territórios de baixa densidade e aqui o desconto é de 47% durante o dia e 64% no período noturno.
Com estas medidas, o Governo acredita que as empresas poderão poupar cerca de 12 milhões de euros. “São valores muito significativos que podem apoiar a utilização das autoestradas do interior e o transporte de mercadorias produzidas no interior ou para o interior e muito em particular fomentar as empresas a decidir fixar-se no interior, que é o objetivo político”, considerou Pedro Marques.
Em declarações à comunicação social, João Azevedo, Presidente da Câmara de Mangualde, referiu que “Este regime de portagens tem muito a ver com a atividade económica desta região, como disseram e bem os Senhor Ministro e o Senhor Secretário de Estado das Infraestruturas, é uma medida que aponta diretamente para a criação de novo emprego, para a manutenção do emprego que existe, para a força e o reforço relativamente às empresas de transportes e para as empresas de distribuição de mercadorias. Esta medida aponta muito para a valorização da economia no interior, naturalmente que depois, como disse o Senhor Ministro, esta medida deverá ter impacto junto das populações, através da criação de novo emprego, consolidadão das familias nesta região, porque efetivamente, o maior problema que hoje temos nesta região é a falta de pessoas para utilizarem as próprias infratesturas que já estão criadas, nomeadamente a rodovia, as infraestruturas culturais, municipais e especialmente a manutenção do território e ordenamento do territorio. Acredito que isto é um supletivo daquilo que foi decidido em 2016 com a redução das portagens já para todas as pessoas que circulam já nesta faixa rodoviária.
A terminar,o autarca de Mangualde salientou ainda que esta media “é claramente para as empresas, o que, na minha opinião, é uma medida importantíssima que reforça naturalmente as nossas empresas e, o melhor exemplo que podemos ter, foi a intervenção do representante da Patinter, quando refiriu claramente, que esta medida era decisiva para o futuro do desenvolvimento das pequenas, médias e grandes empresas transportadoras no setor transportador e de distribuição de mercadorias.

EDITORIAL Nº 745 – 1/1/2019

serafim tavares
Caro leitor,
O Homem arranja tempo para tudo e mais alguma coisa. É a coisa mais valiosa que temos e o tempo de vida de cada ser Humano não tem preço. Porquê? Porque nunca sabemos o tempo de existência do Homem, e não há preço para o desconhecido nem para o que já é nosso e não nos pode ser retirado.
Nada cura como o tempo e o tempo é a única coisa que cada ser humano tem. Recebemo-lo como graça e um desafio com a possibilidade e razão de ser da nossa própria vida. O tempo dá-o Deus de graça, nós só temos que saber otimizá-lo. O que fazer com o tempo para otimizá-lo? Eis a questão. Os animais não têm este problema, têm instintos que os regem, o ser Humano faz escolhas e toma decisões, aproveita bem o tempo que lhe é concedido ou não. No seu final o tempo que teve pode ter sido apenas oco e mal empregue. Valeu a pena ter vindo a este Mundo? Vamos pegar neste novo ano para responder sim a esta questão! Rasgar horizontes neste Novo Ano.
Senhor faz com que eu veja. Lembremo-nos que o tempo não pára e quando é bem aproveitado é um ponto de graça para os outros e felicidade para nós.

Numa nota à parte, gostaria de transmitir aqui ao povo mangualdense, tal como o fiz na última Assembleia Municipal de Mangualde, que a partir de agora como deputado independente desempenho as funções para as quais fui eleito, ou seja, sem cor partidária ou ademais afiliações, sendo que irei continuar a defender todos os direitos dos mangualdenses, para o bem deste concelho. Continuo, como já o era, a ser livre. Viva a liberdade e a liberdade de expressão.

Um abraço amigo,

Ter mais olhos que barriga….

Ana Cruz
Houve uma época que os filósofos eram músicos e traziam mensagens nas músicas que faziam pensar e incomodar quem as ouvia. O músico e cantor Chico Buarque tem uma música chamada Ciranda da Bailarina em que uma estrofe parafraseio “Só a bailarina que não tem/E não tem coceira/Verruga nem frieira/Nem falta de maneira/Ela não tem”.
Pois é fácil de constatar que ninguém é perfeito, e toda a gente peca! Mas no fundo é reconhecendo as nossas imperfeições que podemos melhorar. Por isso coloco sempre todos os anos esta questão: Porque comemos em demasiado na consoada de Natal, sabendo que nos leva ir ao médico com azia ou vómitos?
A alegria de reunir com a família conjugada com uma mesa recheada de guloseimas e pratos tradicionais regados de vinho deve fornecer uma certa dose de amnésia do resultado do excesso alimentar do ano anterior! Porque é devido a esta repetição constante dos excessos alimentares que existem as “milagrosas” receitas (lucrativas) dos antiácidos para os laboratórios farmacêuticos.
É de senso comum reconhecer que as gorduras e a dor de barriga (epigastrialgia) são sintomas para suspendermos o frenesim alimentar, no entanto naquele momento arranjamos sempre desculpas para distrair os sinais: “É só mais um bocadinho!”; “Se não comer a minha avó fica chateada!”; “Aproveito hoje que amanhã não sei se estou cá…” entre outras ideias, para além do famoso “Ai rapariga estás tão magrinha!” da mãe\ avó protetora.
Tudo tem o seu equilíbrio. E passar o dia 25 de Dezembro no hospital por uma distensão abdominal e vómitos por excesso na Consoada perdendo a oportunidade de estar com a família, considero ser uma falta de precaução. E livre o imprudente de encontrar os profissionais de saúde devotos da medicina defensiva, que sujeitam o imprudente a exaustivos exames desnecessários em contexto agudo. Sim porque é muito importante realizar radiografias, ecografias, endoscopias, tomografias antes de questionar. Sim porque não vá o imprudente questionar o profissionalismo do médico por não lhe realizar exames. Sim porque ter uma reclamação e ter processos disciplinares são incómodos (e corre o risco de suspensão do exercício profissional!). Sim porque dizer que jejuar do frenesim que teve horas antes, associados a beber chá de funcho, ou comprar um remédio de receita livre na farmácia é passar um atestado (?!) de descuidado. O melhor é colocar o imprudente em tratamentos endovenosos durante horas, com exposição garantida a infeções hospitalares. E garantidamente ter um Natal difícil de engolir no hospital (?!) com enfermeiras a dizerem “No próximo ano não volte a abusar!” ou “Há quem goste de vir nos visitar todos anos nesta altura” enquanto picam o braço para colocar um soro de 1 litro que podia ser substituído por um litro de água\ chá bebido em casa na companhia que o imprudente desejava. E como a informação é tão disseminada na Internet, nem se explica que todo o desequilíbrio gastrointestinal, tem consequências a nível do trânsito intestinal, com diarreia ou cólicas abdominais. Assim o atestado de descuido passa para o profissional de saúde que em vez de prevenir nova ida do imprudente ao hospital explicando uma lógica que todo individuo sabia acerca de 40 anos atrás: restabelecer um estomago mal tratado e um intestino fustigado por carnes, álcool em excesso, doces em demasia, couves regadas de azeite, leva várias semanas a normalizar!
Por isso não queira um atestado de incauto e horas (des)necessárias no hospital com prémio de consolação que provavelmente será uma virose ou infeção transmitida pela senhora\ senhor que estava ao seu lado na sala de espera da urgência. Ligue para a Saúde 24 (808 24 24 24) ou fale com o farmacêutico (sim há sempre uma farmácia aberta mesmo no Natal!) para esclarecer dúvidas. Não se exponha logo ao ambiente hospitalar (Não. Não é o local mais seguro para ter infecções!). Seja razoável consigo e com a sua família, não coma tanto hoje, coma amanhã, mas na companhia de que tem ama. Porque o sentimento de culpa não é só seu, a sua mãe\ avó irá martirizar por ter feito tantos sonhos, rabanadas, filhoses, aletria, bacalhau com couves…Aproveite! Não queira ter um frasco de soro como companhia!

REFLEXÕES

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Protecção animal em Mangualde
Estórias que não devem cair no esquecimento
A quem porventura acompanhe os meus escritos, lembrarei a referência que no anterior fiz a um jovem casal que revelava a sua preocupação perante o sofrimento de inúmeros animais mercê da falta de formação dos humanos que sobre eles exercem poder. Pois estes jovens viviam em Viseu e tenho autorização para os identificar e nomear como primeiros cidadãos verdadeiros protectores dos animais que conheci por terras da Beira. Eram, a jovem senhora Engenheira Maria José Aragão e o marido Dr. Rui Sacadura, ao tempo técnicos superiores do Hospital de Viseu. Por coincidência, a Senhora era filha do primeiro médico veterinário que encontrei naquela cidade para cuidar dos meus animais, Dr. Aragão.
Estes jovens habitavam uma vivenda em Ranhados com algum espaço e dependências que lhes permitiam albergar cães e gatos que por lá andavam abandonados, muitos deles em estado físico miserável. Quando vinham a Mangualde e nos encontrávamos as nossas conversas versavam invariavelmente a Arqueologia e os animais. Duas áreas que nos motivavam a Amizade. Passou-se isto a meio da década de 80 quando fizeram uma visita aos primeiros trabalhos de escavação nos campos da Raposeira e souberam da estória dos dois infelizes cachorros presos e abandonados pelos donos por várias semanas. Lembro também alguns conselhos preciosos que a minha Amiga me transmitiu acerca de tratamentos básicos a alguns problemas físicos dos animais. Como o seu pai era veterinário sempre lhe dava algumas informações que se tornavam muito úteis quando a escassez de médicos veterinários era evidente. Ao tempo a sarna era o flagelo dos cães provocada pela proliferação de pulgas e também carraças para as quais os donos não encontravam ou não procuravam solução. A maioria acabava por morrer em sofrimento atroz, pelados e com o corpo corroído por feridas profundas. Quando os donos os deixavam atingir este estado o que pretendiam era verem - se livres deles. Em vez de terem procurado a cura a devido tempo, agora procuravam levá-los para lugar ermo e abandoná-los à sua morte horrorosa. Lembro-me que um dia no Largo da Carvalha vimos uma cadelita num terrível estado físico. A eng Mª José Aragão disse-me “ por favor tente apanhá-la e proceda assim…” e eu consegui com muita paciência pegá-la, levei-a para minha casa. Tratei-a como me indicou e passadas três semanas a pequenota já nem parecia a mesma! Tornou-se num lindo e dedicado animal. A partir daqui não tem conto o número de animais a quem consegui devolver a saúde… São lembranças que guardo com muita saudade e carinho.
Mas dizia eu que este simpático casal passou parte do seu tempo a recolher e a recuperar todos os animais que podiam na cidade de Viseu. Contudo perante a situação calamitosa ocorreu-lhe formar uma associação a que deram o nome “ Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu”. Passou-se isto nos primeiros anos de 1990.
Como acontece a cada passo, a sua visão do desempenho duma organização deste tipo, não coincidia provavelmente com a de outros elementos dos Corpos Sociais. Perante as insanáveis dissidências eles preferiram afastar-se profundamente desgostosos e desiludidos.
Resolveram dar novo rumo à sua vida sem desistir dos seus ideais. A sua única filha vivia em Londres então tomaram uma decisão drástica, deixar tudo no País e ir viver para as proximidades daquela cidade. Tinham contudo o grande compromisso com os protegidos que viviam em sua casa e aos seus cuidados - cerca de 20 cães e vários gatos.Teriam de levá-los consigo. Em Inglaterra criaram condições para os albergarem e aqui procederam a todas as exigências sanitárias e registos para que pudessem entrar naquele país. Alugaram uma rulote para o seu transporte e assim se instalaram, todos, próximo de Londres, onde viveram por vários anos, o tempo de vida até o seu ultimo protegido partir deste mundo.
Se resolvi contar estes factos verídicos é porque entendo que há vidas e gestos que devem ser conhecidos ou relembrados. Quando alguém dedica grande parte da sua existência e dos seus proventos a uma causa nobre, o mundo deve-lhe o reconhecimento. E esta é a HOMENAGEM que eu posso e quero deixar pública a este incrível casal e meus grandes Amigos – Eng. Maria José Aragão e Dr. Rui Sacadura.
Dezembro 2018

OS VENTOS NÃO VARREM AS MEMÓRIAS

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MEMÓRIAS NÃO PAGAM IMPOSTOS
O passado está escrito nas memórias , o presente na vontade e o futuro está presente no desejo .Diante de algumas memórias ficamos a saber e a pensar para que serviu o passado á luz de uns olhos que anoiteceram quando uma sombra passou em doirados tempos matutinos .São sempre motivadoras , gratificantes e duradouras as memórias de um passado em que aprendemos com ele , do qual guardámos experiencias que nos fizeram melhores no presente pudemos acumular as sabedorias que nos farão ainda melhores no futuro . Tornamo-nos sofredores , escravos do passado quando guardamos na memória feridas , dores e mágoas já vividas .Num baú dourado , adornado de pedras brilhantes , luminosas , aferrolhado com chave sem cópia, guardo as recordações da minha meninice e infância, também memórias de uma juventude onde tudo era fresco como brilhante céu azul , vividos na calmaria de um tempo que se subjugava á vontade dos nossos mais singelos desejos . É tão valida em memórias a minha sentida terra , toda feita de água , terra e sol , de uma frescura imaculada quando na primavera se veste de flores que na pureza da paisagem exalam seus perfumes matutinos , o meu ninho de aconchego ,meu porto de abrigo , em que se espraia a esperança á luz do dia , foi tão pródiga de admiração e brilhantismo desportivo , pioneira e ciosa guardiã de uma ancestral vertente cultural , difusora das mais nobres tradições populares .Que é feito de ti ? !!!... porque caminhos, veredas ou ruelas , paragens de um longe sem fim te perdeste e dispersaste !!! .. porque encrespados mares tens navegado que já nem o teu padroeiro Santo André, pescador de coisas humildes que são a lenha que conservam sempre acesa a fogueira de Deus na noite escura e tu ás suas redes te tens furtado !!! …. Porque mansos rios te tens espraiado que já nem as tuas fontes choram por ti , sim as tuas fontes , porque ser fonte é cair e correr sem descanso . És um livro empoeirado que um passado distante nos seus braços envolveu e onde as boas memórias , que fizeram a nossa gloriosa história , o nosso passado brilhante se atolaram em pó e se volatizaram . Mas como lívido perfume que se exala, as nossas memórias são sagradas ; memórias leva-as o vento (alguns assim ousam dizê-lo ) . Não é verdade. Os ventos bramem dolentes e angustiados , gritam e sonham alto , o heróico sol que vence as trevas brilha e aquece como fornalha , a chuva sussurra e encharca os ossos até ao tutano , na noite o luar derrama-se sobre as coisas .Recordações que os homens ignoram como vendo subir medroso e conturbado um nevoeiro de vozes e lágrimas . E nenhum destes intrépidos obstáculos lhes consegue alterar a sua verdadeira essência ,pela passagem dos tempos . O passado é um livro de lembranças das coisas boas e ruins da nossa história que estão guardadas , arquivadas . Sempre vão estar connosco feitas sonhos que floriram . Não há presente sem ter havido passado . Somos aquilo que vivenciámos e construímos ao longo dos anos . Somos os legítimos herdeiros dos nossos antepassados , anfitriões e fiéis depositários dos seus mais nobres valores e feitos , recordando-nos que fomos fortes porque continuámos a lutar onde tantos pararam , alicerçámos uma boa fé firmemente consolidada , que é o farol , um ponto luminoso na vastidão do horizonte , estrela do norte dos nossos filhos e netos . E a única razão de ser tão apegado em memórias , é que elas não mudam , mesmo que eu tenha mudado , e é ainda um dos, nossos poucos bens patrimoniais que não paga impostos . Não sou eterno , mas são-no os momentos, como um enlevo de névoa que o sol doira .Nada é para sempre excepto as memórias e para aprendermos com a nossa história nada melhor que bem as conhecer.