Arquivo diário: 16 de Setembro de 2020

EDITORIAL Nº 783 – 15/09/2020

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Livre-nos Deus ...
Os crentes que rezam ao Pai pedindo o Pai Nosso de Cada Dia, hoje cada vez mais difícil de amassar, pedem também ao perseguinar-se, isto é, ao fazerem o Sinal da Cruz, que nos livre dos nossos inimigos.
Conhece-se melhor o Homem, que os Homens. Se é difícil conhecer o Homem em toda a sua extensão, mais difícil se torna conhecer o Homem em todas as relações que tem com os outros Homens.
Como se pode conhecer e compreender as infinitas combinações a destes seres intelectivos, livres e apaixonados?
Nem a filosofia nos explica bem o que é o Homem, nem a história nos dá bem a conhecer o que são os Homens.
Homem, eterno enigma!
O Homem enquanto ser social e sociável, vai criando relações e deveres; relações de amizade, de adversidade e de inimizade.
A amizade, a relação com um amigo, é discreta e constante, branda, sossegada e reflectida. Nunca atormenta, antes consola.
O adversário, segundo a sua etimologia, é aquele que se voltou contra nós, seguindo uma opinião diferente. É alguém com quem podemos contar, excepto naquilo que pertence à disputa.
Assim, não é o inimigo! Porque este procura fazer sempre mal. Só os Homens de mérito têm adversários. O vulgo não conhece mais que inimigos. A inimizade é sempre uma paixão, senão sempre baixa, ao menos rancorosa, tenaz, repreensível, sobretudo em seus excessos. Pressupõe graves injúrias recebidas, mentiras. E faz com que receemos sempre o inimigo, mesmo depois de reconciliados, porque costuma ser traidor.
Porque, o inimigo não tem escrúpulos em praticar acções baixas, recorrer a procedimentos vis.
O inimigo tem como única finalidade o nosso aniquilamento!
Livre-nos Deus dos nossos inimigos e quanto mais depressa melhor!

REFLEXÕES

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Património Cultural (7)
Citânia da Raposeira
Realizadas estas primeiras sondagens em 1985, os resultados foram satisfatórios e sugeriam que estes trabalhos teriam de ter sequência, pensando-se já em campanhas futuras. No entanto estas actividades teriam de ficar reservadas para o verão de 1986 pelas razões que já expus na descrição anterior – a mão de obra era constituída por jovens estudantes, em férias. Fez-se o Relatório da execução dos trabalhos exigido e também o Relatório de contas sendo enviados às entidades competentes cumprindo a lei. Com o trabalho de campo concluído era necessário tratar do material arqueológico retirado das terras e que era constituído fundamentalmente por pedaços (fragmentos) de cerâmica variada, alguns pedaços de ferro com muita oxidação, vidros, etc. Todo este material teria de ser limpo para se poder identificar seguindo-se a marcação e descrição numa pasta arquivo. Estes trabalhos que têm de se realizar após as escavações era todo feito à mão e descrito. Nos dias de hoje, muitas das operações realizadas em trabalhos arqueológicos em campo e posteriormente na investigação, têm o suporte extraordinário da informática, porém nesses tempos passados tudo era manual…
Estas minhas descrições poderão tornar-se enfadonhas, mas refletem a intenção de tornar conhecidas tarefas que foram desenvolvidas por força duma vontade imensa de tornar conhecido um património que se encontrava escondido há muitos séculos. Hoje ninguém imagina o que foram as canseiras e o degaste ao longo de treze campanhas- uma em cada verão de 1985 a 97- desde a sua programação, toda a logística, até ao Relatório final. Esta 1ª campanha foi decisiva para a continuação das prospeções neste local, já que se encontraram partes de muros comprovadamente romanos, além da cerâmica identificada.
Porém, não poderíamos nós imaginar, nem havia informações, de que já há muitas décadas, em 1889 se haviam realizado pesquisas precisamente neste mesmo local por iniciativa do Senhor Dr. Alberto Osório de Castro, em colaboração com a Sociedade de Martins Sarmento, este ao tempo um eminente historiador e arqueólogo. Só puderam trabalhar duas semanas. No final fizeram um ligeiro esboço elucidativo das estruturas encontradas numa pequena área, no entanto não apareceu a sinalização exacta em levantamento topográfico com coordenadas, inviabilizando a sua localização no caso de haver possibilidade de dar continuação às suas descobertas. Por razões conhecidas tiveram de abandonar o campo ao fim de duas semanas Assim, com escorrimentos de águas invernais e terras, em poucos anos se devem ter ocultado estes vestígios passando a ignorar-se este local. Bom foi para os agricultores que puderam utilizar o terreno por todo este tempo, destruindo no cultivo e nas suas buscas de tesouros, vestígios importantes. Seguiu-se um século parado e perdido para o conhecimento da Citânia.
Setembro 2020

“Planeamento Familiar? Ah! São as consultas para as mulheres…”

Ana Cruz
Custa a crer que apesar de tanta liberdade, a questão da natalidade ainda esteja delegada somente à mulher, colocando o homem numa aparente despreocupação a nível desta temática. Este agrilhoamento cultural estabelecido (somente é a mulher responsável!?) para planear o número de filhos que um casal pode vir a ter, pode e deve ser mudado! Aliás a geração espontânea não é norma nos seres humanos, logo para conceber são sempre necessários um homem e uma mulher, plural, conjunto, casal. Ambos são responsáveis pela forma de família que querem vir a ser, e ambos têm direitos e deveres no momento de decisão. A sexualidade ainda é um assunto omitido de forma envergonhada, apesar da aparente “alegria” dos panfletos e anúncios publicitários que retratam a saúde reprodutiva\ planeamento familiar. Divulga-se a pílula como um milagre benfazejo, emancipadora da mulher, que pode controlar o seu corpo e evitar imprevistos indesejáveis (que na tradição das regras dos bons costumes, seria um casamento recatado e apressado, devido à fertilidade célere da noiva. Muitos partos “prematuros” surgiram, caso a situação fosse outra… Muitos partos tiveram um final triste, por o casamento nunca ter sido colocado em questão…) Enfim…. Os tempos são outros, mas há alturas em que as mentes ainda estão no passado, a ajuizar a vida alheia sem pensar que a sorte pode mudar como o vento.
A realidade atual, com as consultas de Planeamento Familiar quer nas Unidades de Cuidados de Saúde Primários (UCSP)\ Unidade de Saúde Familiar (USF), quer em meio hospitalar (em última instância), todos os indivíduos em idade fértil têm acesso a estas consultas. Sendo o objetivo primordial a preparação para uma maternidade\ parentalidade informada e responsáveis, dando ao casal opções para planearem a sua fecundidade, e por inerência informar acerca da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Porque independentemente de toda evolução cientifica, através da vacinação e medicação, as doenças do antigamente ainda existem! Fingir que há uma cura, não soluciona as consequências que advêm de uma doença que pode provocar infertilidade quer ao homem, quer à mulher! Assim como escolher o método de contraceção (evitar a gravidez), depende dos dois! Todos os métodos têm efeitos secundários, é dever dos profissionais de saúde informar e não apenas facilitar o meio, porque quase sempre os resultados dessa atitude têm desfechos pouco animadores! A mulher não tem que sacrificar a sua saúde, para satisfazer uma das partes do casal. Sei que há insegurança em contrariar ideias preconcebidas, mas ficar com sintomas desconfortáveis (enxaquecas, dores, tensão arterial elevada, retenção de líquidos entre outros), apenas porque a alternativa é “Epá, não sinto nada com isto!”, tem quase sempre um péssimo resultado.
Ser um casal é respeitar reciprocamente e por vezes comunicar é difícil, mas o que lesa um, magoa o outro, essa é a base de um casal saudável!

REVIVENDO

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O 25 DE MARÇO
Por férteis campos de viçosas cores terras por lágrimas beijadas ou por roxos vales de sombras e segredos todos os santos dias os pastores apascentavam os seus rebanhos naqueles dias primaveris que não são apenas dias de um estação de flores com seus encantos sua beleza e eclosão de cores mas muito mais , são o colorido das suas almas . Mas no dia 25 de Março subindo a inclinada e fragarosa encosta de Senhora do Castelo com seus rochedos mesmo á flor do rosto num sentido agradecimento de gratidão à Virgem pela abundancia de bons pastos e devotamente pedindo a protecção do gado e o farto crescimento da erva dos campos . Os dias eram já crescidos a olhos vistos e ao longe vislumbravam-se grandes distancias azuis de imensidade , nuvens e largos verdes da paisagem , turbando-lhes a visão numa luz remanescente dos seus olhos , uma imagem fabulosa que se condensava sobre os duros fraguedos comovidos . Era da tradição pastoril naquele dia subirem o monte por entre trilhos e carreiros que só eles conheciam quando o rio “ do coval “ já libertava um macio nevoeiro que com um sonho se confundia . Com os seus ornamentados rebanhos circundavam a ermida em voltas de correria onde as finas patas dos lanígeros nem trilhavam a poeira como se brando vento os levasse . Bolsa de pano ao ombro ou dependurada na pontinha do cajado com que guardavam o gado levando dentro um pecador queijo amanteigado ou seco proveniente do leite do seu gado amanhado pelas mãos calejadas de suas mães espelhos da virtude do saber . Por acompanhamento uma broa de milho saído da última fornada de pão cozido no forno comunitário . Ao lado figurando como alma de aroma num assomo de corpo de verdura , jeito agreste e doce olhar bravio fazendo já sonhar brancas tristezas que subiam das fontes que no Verão iriam secar , a botelha em barro empalhada com o precioso néctar da sua lavra um palheto que lhes dava uma nova alma lhes rejuvenescia e tonificava o espírito e apascentava seu rebanho das dores e beijando a sua alegria uma malguita com “ os pecados negros (azeitonas ) tiradas do cântaro de barro . Por esta hora já muitos rebanhos sobre as fragas esbatidos e os pastores com a manta estendida saboreiam tão inaudito repasto numa bela paisagem transcendente onde pela canícola do dia dormiam a sesta sonhando os homens e os rafeiros . A vida revela – se –lhes como um hino à alegria . Há contentamento no convívio , na paz do toque da flauta de cana , na merenda que saboreiam ouvindo ao longe os brandos murmúrios de água e de folhagem que povoavam a sua solidão no divagar por aqueles campos nos momentos em que dormiam os bosques a terra e o céu . O dia das merendas era também conhecido como “ o dia da espiga “ ou ainda “o dia da hora “ . Havia uma hora , àquele meio dia que tudo parava : as águas dos ribeiros não corriam , o leite não coalhava , o pão não levedava e as folhas cruzavam – se . Era nessa mesma hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga . A montanha cismática de uma leal paisagem em que já era quase sensível o gemido das sombras nas arestas dos rochedos convidava-os ao regresso . Vinha com mansidão a aurora ao berço de oiro era o fim daquela tarde extensa . Descem silenciosamente cismados em fugidios pensamentos fielmente seguidos pelos seus cães guardiões incondicionais da sua segurança e do rebanho . Estava cumprida a secular tradição do inicio da época das merendas manter a tradição de uma terra onde nos seus peitos mamaram o leite que os fez irmãos das águas das pedras e do vento agreste que os havia embalado . As tradicionais feiras e festivais promotores do queijo , o tradicional queijo de ovelha bordaleira realizam-se anualmente nesta época dispersas pelas mais variadas localidades da nossa região . Mas nem sempre foi assim … e é com uma lágrima que me nasce do coração e se evapora como branco nevoeiro que são as minhas recordações .

SANFONINAS

A espada de Dâmocles
Desde sempre o Homem soube exprimir os seus medos, aspirações e dúvidas. E os episódios da mitologia grega, de que tanto somos devedores, mantêm actualidade flagrante.
Considerei o mito da espada de Dâmocles. Bajulador do poder de Dionísio de Siracusa, foi por este posto no seu lugar, com todas as regalias: boa mesa, luxo abundante, esbeltas e sedutoras garotas… Havia, porém, um senão imposto pelo monarca: presa apenas pela cerda de um rabo de cavalo, ficava pendente sobre a sua cabeça mui afiada espada … E Dâmocles depressa saiu de cena, por não se conseguir manter sob essa permanente ameaça de morte!
Abraracourcix, o genial rei gaulês criado por Albert Uderzo († 24.03.2020) e René Goscinny, na saga do Asterix, tinha um pavor danado: que o céu lhe caísse sobre a cabeça! E protegia-se com um escudo!
Joana já começara no esquema do teletrabalho antes da pandemia, porque seu filhote pequeno contraíra uma daquelas doenças estranhas que deixam os médicos perplexos, sem saberem que fazer. As plaquetas sanguíneas haviam diminuído assustadoramente e o menino carecia de vigilância permanente. Amiúde, as consultas eram feitas pelo telefone. Uma das vezes, o médico fez o relato habitual, deu as indicações precisas e terminou, em voz enigmática:
– Depois falamos!
Passaram já largas semanas. O «depois» é só em Outubro. Até lá, Joana pensa amiúde:
– Que quererá ele dizer-me? Será que meu filhote não vai ter cura?…
Era escusada, de facto, esta tormentosa espada de Dâmocles. Assim não, doutor! Se havia algo a dizer, dizia; se não, calava-se e esperava pela oportunidade.
E dei comigo a pensar nas espadas de Dâmocles que tão amiúde deixamos pendurar sobre as nossas e alheias cabeças!...

IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 79   
Após um tempo de ausência, estimados leitores invoco novamente a minha presença, para junto de vós continuar a escrever e também em parte para os que desconhecem, uma imagem da Sintra mística.
Uma lenda, relacionada com a fundação do Convento das memórias da Ordem, (Convento dos Capuchos) hoje em fase de remodelação, conta que El-Rei D.João III,  em plena caçada numa mata, propriedade da fidalguia onde só a realeza e seus convidados podiam entrar, a meio da manhã e debaixo dum Sol escaldante, sentiu necessidade de se refugiar numa pequena Gruta.
Dado o grande cansaço, El-Rei adormeceu. Durante o sono, sua mente vagueou por campos obscuros e  como contemplado pela Providência Divina, teve a visão da Sagrada Cuz de Cristo, venerada por uma falange de Anjos.
Ao acordar, recordou-se do sonho e da bênção dada pelo Divino. Num choro desmedido contou aos seus súbditos, entre os quais D.João de Castro, proprietário daquela coutada. Foi tanta a  alegria,  que considerou esta visão, como imagem futura a ocorrer durante o seu reinado.
Continuando, e embora possamos considerar como verdadeiro, consta-se que D. João de Castro viria a fundar o Convento dos Capuchos nesta sua propriedade, de nome Quinta da Piedade.  
Ainda e erroneamente, os Monges que habitaram este Convento não estavam completamente reclusos, como nos relatam alguns escritos. Muitas vezes eram vistos na Vila de Sintra a pedir esmola e como contrapartida, a população lhes reclamava um pedido de ajuda, para chamarem a chuva.
Então eles desciam em veneração, da igreja na  Quinta da Piedade em preces e descalços em direção à Ermida de Santo António, situada no Penedo, local já anteriormente mencionado pelas suas festividades, tendo como ponto culminante o sacrifício ao touro, felizmente abolido pelas autoridades.
Continuando Serra abaixo e percorrendo redondezas, suplicavam aos céus que a água inundasse os campos desta região, regressando já noite cerrada ao Convento.
Várias lendas e factos tomados como verdadeiros, foram fundamentando a história do Convento dos Capuchos, que noutros capítulos irei descrever-vos.
Continua

A BROA

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Os principais passos no fabrico são esquematizados de seguida:

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Descrições mais detalhadas de cada passo são apresentadas abaixo.

Peneirar
Antes de se começar a amassar, peneira-se a farinha. Utiliza-se para tal uma peneira de arame, de nylon ou de seda para separar o farelo da farinha. Para facilitar este trabalho custoso usa-se, por vezes, uma grade por cima da masseira, e sobre a qual se gira manualmente a peneira.

Amassar
A amassadura do pão difere consoante o tipo de farinha, os utensílios utilizados, e os usos e costumes regionais e locais. Depois de se aquecer a água (até uma temperatura tanto mais elevada quanto menor o grau de moagem), adiciona-se sal e coloca-se a farinha de milho a escaldar na masseira ou no alguidar, amassando-se tudo com uma pá (ou directamente com a mão, se a temperatura o permitir); mais tarde, adiciona-se o fermento e a farinha de centeio, e procede-se à amassadura com as mãos.
As quantidades de cada ingrediente são aquelas que foram aprendidas da geração anterior por observação: é a transmissão do saber-fazer. Esta etapa permite a absorção de água por parte do glúten e a oxigenação da massa, que melhora a sua plasticidade e capacidade de fermentação, e contribui para a sua descoloração. A massa pesada e difícil de trabalhar, resultante da mistura de milho com centeio, torna a amassadura uma tarefa relativamente árdua.

Ritos e Fermentação
A fermentação é uma etapa fundamental na produção do pão. Para que esta seja bem-sucedida, recorre-se a métodos empíricos e, muitas vezes, a práticas rituais: tapar a massa com toalhas, mantas, um avental ou uma peça de roupa do marido, fazer uma cruz na massa, espetar alguns dentes de alho na massa,
ou rezar orações. Quando começam a surgir “fendas” na massa, é sinal que está lêveda.

Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão

aida correia
Há muito tempo, talvez demasiado tempo, que o Mosteiro de Fornos de Maceira Dão suplicava restauro. Classificado como Monumento Nacional (desde 2002), de elevado valor histórico, religioso e patrimonial, pela sua unicidade e arquitetura, eis chegado o tão esperado anúncio.
O Mosteiro de Fornos de Maceira Dão, localizado na povoação de Vila Garcia, freguesia de Fornos de Maceira Dão (uma das maiores e mais importantes freguesias do Concelho), município de Mangualde, fundado em 1161 passou pela Ordem de S. Bento e pela Ordem de Cister, até à sua transferência para Fornos de Maceira Dão em 1173. Erguido por D. Soeiro Teodoniz, protegido do rei D. Afonso Henriques, dotado de grandes coutos, o Mosteiro foi aumentando o seu património e valor pelas doações que os fieis iam realizando.
Da sua arquitetura em estilo maneirista e barroca, destaca-se a torre medieval do século XII, o edifício principal e os claustros do século XVII e a igreja elíptica do século XVIII.

Localizado em vale fértil, onde passa um ribeiro, com zona de cultivo em socalcos, característica da zona, foi transformado em quinta de produção vitivinícola. Considerando a atividade vitivinícola da Ordem cisterciense e a sua importância no desenvolvimentos de certas zonas demarcadas, como o Alto Douro Vinhateiro, é possível que a vinha já assumisse um papel preponderante na época.
Extinto em 1834, o tempo esvaziou-lhe o conteúdo, ornamentos e recheio. As suas edificações, servem hoje como armazém de produtos agrícolas e abrigo de animais.
Como nos permitimos apagar 800 anos de história?
É por isso com satisfação que acompanho o anúncio da recuperação do Mosteiro de Fornos de Maceira Dão.
Estão reunidos os interesses e em conjunto, a Autarquia de Mangualde, a família atual proprietária do imóvel e a Direção Regional de Cultura do Centro assinaram um protocolo que visa a recuperação da cobertura do edifício, no valor de meio milhão de euros, com comparticipação de 85%.
Que esta negociação não fique por aqui e que se valorize o turismo cultural, devolvendo a dignidade e dando um destino de excelência a tão ilustre monumento. Com esta recuperação parcial e futuramente com outros restauros feitos no seu interior, que este monumento possa atrair o interesse para a realização de eventos e outras atividades no domínio cultural.
Que os Vila Garciences se encham de orgulho e que possam dizer que têm o mais importante monumento do concelho.
E que este gesto sirva de exemplo a tantos outros valores da nossa história que deixamos perder aos poucos, às vezes por meras burocracias, outras por interesses políticos, pondo de parte a nossa cultura, tão valorizada por outros que gostavam de a ter e não têm.