CONGRESSO DO PARTIDO NÓS ALIANÇA

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“Que País é este?”...
É esta a frase que resume a intervenção de Pedro Santana Lopes a encerrar o primeiro dia do Congresso Fundador do Aliança em Évora.
Chamar intervenção é injusto, porque redutor.
Assim como “conversa de amigos”, porque demasiado informal.
O que na realidade se ouviu e viu foi um excelente discurso político.
Catalizador.
Arrebatador.
Galvanizador.
O que se pedia a Santana era que definisse as principais linhas orientadoras para o difícil ano triplamente eleitoral que se avizinha.
E ele fê-lo.
Que fizesse um discurso arrebatador.
E ele fê-lo.
Que não caisse na tentação da intervenção presidencial formal.
E ele fê-lo.
Que não fosse um sensaborão discurso meramente estatístico.
E ele fê-lo.
Que não fosse uma diatribe de popularismos.
E ele fê-lo.
Que explicasse a Portugal a razão de criar um novo Projecto Político.
E ele fê-lo.
Que marcasse as diferenças com os partidos clássicos que hoje tentam sobreviver no lamacento panorama político partidário português.
E ele fê-lo.
Que criticasse, denunciasse e atacasse as diferentes forças políticas no terreno, sem pretéritos pudores, até como forma de justificar o ser alternativa, que se quer credível.
E ele fê-lo.
Que partisse à conquista dos diversos eleitorados disponíveis incluindo o abstencionista.
E ele fê-lo.
Que dissesse “presente” e estimulasse a Esperança a um Povo que se sente depauperado, desiludido, desgastado, “sanguessugado” por uma enormíssima carga de impostos, os deveres, sem as legítimas regalias inerentes, os direitos.
E ele fê-lo.
Que provasse a Portugal, que ainda vale a pena.
E ele fê-lo.
Há quem escreva, hoje, que Santana foi apenas Santana.
Injusta mentira porque imprecisa e errada analiticamente.
Acima de tudo porque não foi o mesmo Santana de sempre que subiu ao palco do Arena Évora.
Foi, felizmente, um Santana mais maduro, porque mais consistente, mais experiente, mais sólido.
O “menino-guerreiro” demonstrou ter evoluido para General.
Mas...e porque todas as histórias têm um mas anatematizador...é urgente, é imperativo, é incontornável que Santana não se deixe inebriar.
Que se saiba rodear.
Que se saiba organizar.
Que se saiba completar.
Acima de tudo porque...Portugal não pode esperar...mais.

UMA VISÃO DO CONGRESSO DO NOVO PARTIDO “NÓS ALIANÇA” PELA COMUNICAÇÃO SOCIAL
O fundador do partido Aliança, Pedro Santana Lopes, considerou este sábado (9) um desafio “especial”, mas “sem pieguices”, o congresso do partido que arrancou em Évora. Santana Lopes manifestou-se “virado para o presente e para o futuro”.
Questionado se tem alguma nostalgia do PPD/PSD, partido que chegou a liderar e do qual saiu em agosto do ano passado para, depois, criar o Aliança, Santana Lopes disse que não. “Gosto de honrar todos aqueles com quem partilhei combates e respeitá-los e, por isso, ninguém me ouve, nem ouvirá, dizer mal das ‘casas’ onde já estive”, afirmou, frisando que, agora, está “todo virado para o presente e para o futuro”.”
Para o líder do partido, “cada novo desafio” acarreta “uma responsabilidade maior” e “construir algo de novo é fascinante, mas é uma exigência muito grande”.
“É mais cómodo, talvez, estar numa instituição grande, que já existe” e “que tem tudo ou quase tudo”, comparou. Mas “também é mais bonito ainda”, argumentou Santana Lopes, que disse gostar de ver a intervenção política “pelo lado mais bonito”.
A corrupção, a falta de respeito pelos mandatos, o esquecimento das promessas, os combates estéreis, esse é o lado feio da política e da vida”, afirmou.
Por outro lado, “o lado bonito da política é sermos capazes de lutar por aquilo em que acreditamos”, pelas “nossas convicções”, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas sobre o Aliança não corre o risco de se tornar o partido dos desencantados, Santana Lopes rejeitou tal ideia. “Não, vai ver neste congresso um partido de gente encantada com as suas convicções e com o presente e o futuro.”

CONGRESSISTAS APROVAM ESTATUTOS E REGULAMENTO ELEITORAL DO PARTIDO
Eram exatamente 10:53 quando a reunião foi oficialmente aberta pela presidente da mesa, Ana Costa Freitas: “Este congresso marca oficialmente o nascimento de um novo partido político”.
Apontando que na Europa estão a aparecer partidos e movimentos extremistas, a presidente da Mesa do Congresso aproveitou para vincar que o “Aliança não é um partido extremista, é um partido democrático”.
Ana Costa Freitas, que é reitora da Universidade de Évora, disse também aos presentes que “todos têm o direito de falar”, e que cada orador dispõe de três minutos para a sua intervenção.
Pedro Santana Lopes foi recebido com palmas e uma plateia em pé.
O congresso aprovou, por unanimidade, os estatutos, a declaração de princípios, o regulamento eleitoral e o símbolo do partido.
Depois da aprovação dos estatutos, Ana Costa Freitas, declarou que a Aliança “acabou de nascer”.
No texto, é indicado que o partido terá a sigla “A”, e é “inspirado nos princípios e valores do personalismo, liberalismo e solidariedade, no respeito pela Constituição da República Portuguesa, na dignidade da pessoa humana e na afirmação da vontade popular para a construção de uma sociedade mais livre, mais justa e mais solidária”.
De acordo com os estatutos do partido, o “símbolo constitui-se pela palavra ‘Aliança’ em cor azul escrita em itálico e em maiúsculas, composta com cedilha no ‘C’ em forma de triângulo de cor cinzenta”.
Já a declaração de princípios indica que a Aliança “assenta a sua matriz em três eixos fundamentais: personalismo, liberalismo e solidariedade”.
Após as votações, um dos congressistas perguntou se poderia propor uma alteração, mas a presidente da mesa remeteu esse pedido para outro momento, indicando que os documentos seriam postos à votação como estavam escritos.
O partido vai te um novo site, uma plataforma que servirá para se apresentar aos cidadãos e também comunicar com as pessoas. O novo site, que estará disponível a partir do dia 14 de fevereiro, pretende abrir “um novo ciclo de comunicação”, que seja “completamente disruptivo”.
Não basta informar, queremos saber de si”, ouviu-se no vídeo promocional que foi dado a conhecer aos presentes no congresso.
O partido vai disponibilizar ainda o “alerta Aliança”, onde a população poderá denunciar situações.
No arranque do congresso fundador, a sala estava quase cheia, com duas filas de mesas compridas, ornamentadas com panos azuis claros, onde estão sentados cerca de meio milhar de delegados.
O congresso termina no domingo com a eleição dos órgãos nacionais e a intervenção do presidente eleito.
Tvi24

Santana denuncia injustiças da esquerda e exige a Marcelo que esteja mais “vigilante”
Pedro Santana Lopes fala pela primeira vez ao congresso na condição de presidente eleito do Aliança. O líder do Aliança critica a máquina fiscal e pede “mais exigência” perante Bruxelas.
Santana Lopes acusou a “frente de esquerda” de discriminar determinados setores da sociedade por “preconceito” e exige a Marcelo Rebelo de Sousa que esteja pronto a intervir. No discurso de encerramento do primeiro Congresso do Aliança, Santana Lopes — que falava aos congressistas pela segunda vez num espaço de catorze horas — falou de uma esquerda que tem sido “injusta”. “A frente de esquerda tem preconceitos em relação” à agricultura, às pescas, a dirigentes de ordens e de sindicatos, ou a governadores do Banco de Portugal com os quais não concorda”, exemplificou. O líder do Aliança identifica na atual esquerda portuguesa uma tendência para “transforma em lei” as suas convicções. Um fator que leva os partidos a serem injustos e a terem uma falta de “fair play democrático”.
Denunciando “o cerco que o Governo tem feito à Madeira favorecendo o PS para que ganhe as eleições”, Santana Lopes pediu a Marcelo Rebelo de Sousa que esteja especialmente “atento” e “vigilante”, pronto para entrar em ação. “Tenho de dizer ao senhor presidente que esta matéria exige a sua especial atenção, mas estamos certos de que estará vigilante“, sublinhou.
Apesar de considerar que o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa tem sido positivo, Santana Lopes pede mais para a segunda fase: “a realidade exige um esforço maior do Presidente da República”, justifica. Por ser um ano eleitoral, entende que o Chefe de Estado deve redobrar os cuidados. E, novamente, uma mensagem de esperança: “sabemos que estará atento, vigilante e atuante”.
Já sobre o governo de Costa, o seu alvo preferencial, Santana disse que “o que se passou nesta legislatura é um caso de mau governo, de má governação”. Os partidos à esquerda do PS também tiveram direito à sua bicada, quando Santana lembrou que “o muro de Berlim caiu há quase 30 anos” mas que muitos em Portugal, por “não terem uma ideologia para se agarrar, apoiam qualquer coisa“.
Depois de pedir mais a Marcelo Rebelo de Sousa e de ter acusado o Governo de ser insuficiente para enfrentar as dificuldades do país, Pedro Santana Lopes quis mostrar que o Aliança estará pronto para o combate. “Cá estamos: somos já muitos e vamos ser cada vez mais”, avisou. A certeza do sucesso do seu novo partido foi-lhe trazida pelos dois dias de congresso. “Nenhuma outra força política foi capaz de fazer isto em tão pouco tempo”, constatou.
Apesar de recente, o partido conta com um líder batido neste tipo de discursos. Reconhecido pelos restantes partidos e, como ficou plasmado nestes dois dias em Évora, adorado pelos seus, Santana Lopes quer apresentar-se com uma nova roupagem. Para isso, dirige-se àqueles que nunca votaram nele. Nem em ninguém. “Peço aos abstencionistas quenos deem uma oportunidade, nós cumprimos na ação o que se prometemos na eleição”, assegurou. “O Aliança está preparado para as três eleições”.
Ao longo do discurso, Santana voltou a tocar em temas que já tinham sido abordados no discurso de sábado. Tornou a falar das deficiências na “estrutura de financiamento do SNS”, criticando o Governo: “Assim como está não dá. E não dá para a saúde dos portugueses“. Santana Lopes, numa vertente mais ideológica, defendeu que é necessário aumentar a liberdade de escolha entre o privado e o público. O líder do Aliança defendeu que é preciso “generalizar os seguros de saúde”, embora saiba que é difícil quando “mais de metade não paga taxas moderadoras.” Para Santana “todos devem ter os seus seguros de saúde” e é “insustentável que só os ricos possam escolher entre o SNS e os sistema privados”. Já no sábado tinha alertado para os que não podem chamar um Uber e ir para o privado.
Logo no início do discurso, Santana tinha começado por alertar para os graves problemas de violência doméstica que marcam o país. O recém-eleito líder do Aliança quis homenagear as vítimas: “Por elas, o nosso sentimento, e peço a Deus que as tenha junto de si”. No discurso de encerramento do primeiro Congresso do Aliança,  deixou uma crítica à máquina fiscal. “O Estado só é eficiente a cobrar impostos”, acusou.
Recorrendo a um discurso escrito, por oposição à intervenção de sábado, Santana Lopes insistiu num dos temas que mais tem repetido desde que saiu do PSD: o crescimento económico. Como se estivesse a apresentar as linhas limítrofes do seu programa de Governo, defendeu que são precisos valores mais elevados de crescimento de forma a que o país possa resolver os seus problemas financeiros. “Se crescermos acima dos 3%, os nossos problemas desaparecerão“, antecipa Santana Lopes. Para isso, estabelece como uma das suas prioridades a atração de “mais investimento para o país”.
Mas porque estamos a pouco mais de três meses das eleições europeias, o líder do Aliança falou da Europa e pediu uma “maior exigência para com Bruxelas”. “Esta exigência maior não prejudica a nossa convicção de sermos profundamente europeístas”, explicou. E para que não restassem dúvidas, falou claro: “não queremos sair da UE nem do euro. Queremos construir. Mas temos de lhes dizer que é imoral haver países que conseguem cada vez mais excedentes orçamentais à custa da contração económica de outros países”.
Direção aprovada com esmagadora maioria
A direção escolhida por Pedro Santana Lopes foi votada por 372 delegados e obteve, como seria de esperar, uma ampla aprovação. Apenas seis congressistas votaram nulo e outros dez preferiram votar em branco. Os restantes 356 votaram a favor das escolhas do presidente do Aliança. Ficam como vice-presidentes o ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz, a antiga secretária de EstadoRosário Águas, o antigo presidente da câmara da Covilhã Carlos Pinto, o antigo deputado do PSD Carlos Poço, o arquiteto João Borges da Cunha e ainda os dois militantes que tinham sido escolhidos por Santana Lopes para apresentar a moção ao Congresso: Ana Pedrosa Augusto — advogada de Madonna — e Bruno Ferreira da Costa, professor universitário doutorado em Ciência Política. A estes nomes soma-se o do antigo secretário-geral do PSD Luís Cirilo, que desempenhará o cargo de diretor-executivo.
In Observador