CONSULTÓRIO

dr. raul
DEVEMOS COMER PEIXE? QUAL O SEU INTERESSE ALIMENTAR?
É costume dizer-se que “peixe não puxa carroça”: a verdade é que os peixes são ricos em Omega-3, um dos ácidos gordos mais importantes e interessantes pela quantidade de vitamina D disponível. A vitamina D é essencial para o crescimento e o metabolismo ósseo.
Mas, os peixes, não têm só coisas boas… podem ser, também, portadores de contaminantes.
QUAIS SÃO OS INTERESSES NUTRICIONAIS DOS PEIXES?
Os peixes representam uma fonte importante de proteínas (18 a 20 g por 100 g).
São igualmente ricos em minerais (ferro, fósforo e cálcio) e em oligoelementos (zinco, cobre, iodo, selénio). Também são importantes fornecedores de vitamina D: os salmões, arenques, sardinhas e anchovas são-no particularmente ricos.
Quanto ao fornecimento calórico, ele é determinado pelo seu conteúdo em ácidos gordos, entre os quais os ómega-3.
PEIXES MAGROS OU PEIXES GORDOS?
Distinguem-se os peixes magros, cuja taxa é inferior a 1% (solha ao vapor, bacalhau fumado, dourada, mero cozido, raia cozida), dos peixes meio-gordos cuja taxa varia entre 1 e 5% (robalo, rodovalho ou pregado e atum de conserva) e dos peixes gordos, cuja taxa de gorduras ultrapassa os 5% (cavala fumada, arenque grelhado, atum fresco, sardinha em azeite e salmão fumado).
Globalmente, um peixe é tanto mais rico quanto mais rico é em ómega-3, em ácidos gordos polinsaturados que protegem das doenças cardiovasculares. Se se compara peixe com carne por exemplo, a truta contém 24% de ómega-3, contra 2% no bife de vaca.
Em resumo, para a saúde é preferível escolher um peixe gordo e cozinhá-lo sem gorduras (cozido ao vapor, grelhado). No entanto, no quadro da prevenção para a saúde, o consumo de peixes gordos deve estar integrado numa alimentação variada e equilibrada, acompanhada de actividade física regular.
Claro que, no quadro de um regime hipocalórico, convém ter em conta a quantidade de calorias fornecidas pelos peixes consumidos.
OS PEIXES E OS CONTAMINANTES AMBIENTAIS
O peixe é bom para a saúde, mas temos que nos lembrar que podem, também, ser portadores de contaminantes ambientais (mercúrio, arsénico, metais pesados) que se acumulam no organismo dos peixes e que depois passam para o nosso.
Os mais contaminados são os mais ricos em ómega-3, como o salmão, a sardinha, a cavala.
As espécies que apresentam níveis mais elevados de mercúrio são os grandes predadores como o espadarte, o tubarão, o atum e a dourada. Como são maiores, vivem mais tempo e consomem grandes quantidades de outros peixes mais pequenos, também eles contaminados por estes elementos.
Para que um consumidor ultrapasse os limiares de alerta em contaminantes, seria necessário que comesse grandes quantidades de peixe, todos os dias.
De qualquer modo recomenda-se:
-Variar as espécies de peixe consumido e a sua origem (mar alto, cultura),
-Evitar as espécies predadoras,
-Privilegiar os peixes mais pequenos em detrimento dos grandes peixes.
As mulheres grávidas ou que aleitam e as crianças mais pequenas devem evitar comer peixes susceptíveis de estarem fortemente contaminados.
E O SUSHI E OUTROS PEIXES CONSUMIDOS CRÚS?
Os peixes crus, insuficientemente cozinhados, fumados ou marinados, são susceptíveis de ser contaminados por um parasita (Anisakis). Para contornar a intoxicação basta congelar rapidamente o peixe fresco, depois de retirar as vísceras, durante 7 horas a -20ºC. As larvas de Anisakis podem ser destruídas, também, por congelação a -35ºC durante 15 horas.
A cozedura elimina também este parasita, na condição de se cozer suficientemente bem o peixe.
Mais um alerta!
Com a contaminação dos oceanos com plásticos, estes também se encontram nos peixes!
Mais um motivo para TODOS pensarmos nesta pandemia que são os plásticos e nos virarmos para a utilização de produtos biodegradáveis!
E-mail: amaralmarques@gmail.com