EDITORIAL Nº 751 – 1/4/2019

patrao
Caro leitor,

No seguimento do editorial da quinzena passada, gostaria de me alongar, novamente, sobre o difícil tema da morte.
Dizia eu, na última edição, que é bom viver com as boas memórias de amigos, que infelizmente morreram mas com a dignidade de quem viveu uma vida boa e contribuiu para a vida de terceiros. Assim serão lembrados.
Um dia, estava eu com um grande Homem e Amigo, a falarmos um pouco de tudo aquilo que nos vinha ao pensamento, quando, sem rodeios, e às páginas tantas, eu senti a necessidade de lhe dizer que tinha sido um grande Senhor, um Homem, por tudo aquilo que tinha feito e construído na vida. A resposta dele foi: “Ó Serafim…olha para ali”. Do lado esquerdo, o cemitério fazia parte da paisagem. Disse ele: “Ali estão todos os grandes Homens”. Fiquei um pouco calado. Já lá vão uns valentes anos, mas aquelas palavras marcaram-me e ficaram na minha vida.
Reconfortei-me com um ensinamento da minha Mãe, que Deus tem. Um dia disse-me que se soubesse o dia da morte, plantava uma árvore no dia anterior. Queria ela dizer que continuaria sempre a trabalhar como se nunca morresse. Assim também eu faço, tento todos os dias plantar árvores.
Dizia o meu amigo que o Cemitério está cheio de Heróis, ou seja, o Ser Humano não tem importância alguma, só tem a que realmente lhe dão ou sente que tem. És importante para ti porque é a ti que te sentes. És tudo para ti, porque pensas que o Mundo gira à tua volta. És importante para ti, porque só tu és importante para ti. Se és assim, não serão os outros assim? Coloca-te ao lado dos fortes e verás o quão pequeno és…
A Maria, o Zé, o Alberto e o Matias e todos os nossos outros mortos que como nós todos eram importantes para si e para si apenas, enquanto eram vivos. Contudo, hoje, sei por certo, Maria, Zé, Alberto e Matias, que apesar da vaidade humana, há gente viva que tem a alma a chorar-vos, a lembrar-vos, a contar feitos da vossa vida, como se estivessem ainda vivos.
Eu, que sou importante para mim, centro do meu próprio universo, penso em vocês que já partiram e lembro-me sempre das nossas memórias.
Dedico estas palavras com carinho ao meu amigo que morreu com a dignidade com que viveu. A morte não é o nosso fim.

Um abraço amigo,