A (necessidade da) preservação do património imaterial

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Tomando como referência fundamental o trabalho desenvolvido pela UNESCO em matéria de proteção do Património Cultural Imaterial (PCI), muito particularmente a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial  (2003)1, considero oportuno reflectir sobre as implicações que este enfoque traz para esta associação. São indiscutíveis as repercussões que este instrumento pode trazer para o reconhecimento da importância das Cavalhadas de Teivas e, sobretudo, da Dança da Morgadinha, à escala nacional e internacional, motivando um crescendo de iniciativas em torno da sua salvaguarda.
São vários os agentes envolvidos na preservação deste património, no entanto o International Council of Museums reconhece um papel central aos museus nesta matéria, bem como às associações que tentam preservar certas tradições. Mas para responder a este repto, as entidades envolvidas terão que repensar as suas estratégias de forma a relacionarem-se mais e passar das palavras à ação. A participação, o consentimento e o envolvimento ativo das respetivas comunidades, grupos e indivíduos na Dança da Morgadinha, e a sua manutenção em tempo real e atual, é a mais-valia da sua salvaguarda.
Urge a necessidade de reflectir sobre as possibilidades de actuação de todas as entidades no sentido de dar resposta aos desafios da preservação do património imaterial, sendo certo que a partir das actividades dos museus é possível encontrar formas de estudar e de dar visibilidade a este património. Em função das especificidades de cada museu, podem ser encontradas estratégias de salvaguarda do PCI, entre as quais se pode incluir o inventário e a documentação (audiovisual, texto, áudio, imagem), a investigação, a divulgação através de exposições e publicações, difusão através da internet, educação não formal, entre outras actividades. Alguns museus começaram já a desenvolver abordagens integradas para a salvaguarda do PCI; urge envolver, preservar e conservar a memória de todos aqueles que ao longo da história foram dando o seu contributo para as Cavalhadas de Teivas e para a Dança da Morgadinha.
 Este tema suscita vários desafios, implicando práticas inovadoras que possam reflectir o papel da Associação Cultural, Recreativa e Social de Teivas como promotor da diversidade e criatividade cultural. O papel da Associação é, também, procurar sensibilizar, não só a população como também a Junta de Freguesia de São João de Lourosa e o Município de Viseu para esta necessidade, transmitindo que a inventariação do património deve ser apoiada e alimentada através de um considerável investimento público. Sem se perder a naturalidade da expressão tradicional da Dança da Morgadinha e de tudo o que a esta manifestação se liga, um processo de classificação a património imaterial implica o estabelecimento de contratos/parcerias de investigação com instituições creditadas que trabalhem no terreno – antropólogos, etnomusicólogos, coreógrafos, historiadores, museólogos, entre outros.
Na esfera institucional dever-se-á envolver a Direção Regional de Cultura do Norte para proteção legal do processo de classificação a património imaterial das Cavalhadas de Teivas.

1Lei de Bases do Património Cultural desenvolvido pelo Decreto-Lei n.º 149/2015, de 4 de agosto, que institui o regime jurídico para a salvaguarda do PCI.