A IMPORTANCIA DOS AVÓS NA FAMILIA

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Todos os domingos eram assim, os gémeos Santiago e Salomé se dirigiam a casa dos seus avós e logo á entrada da porta da rua se deliciavam com o cheirinho da sua comida, atinando de seguida nos jogos e brincadeiras que se seguiriam após a refeição. Os seus íntimos olhos descobriram um novo mundo interior e nos seus avós esteios firmes, sólidos prumos, traves mestras que sustentam a unidade e a coesão da família. Avós são tesouros, relíquias inesquecíveis e inigualáveis que se perpetuam por tempos imemoriais. São fontes inesgotáveis de experiencias e saberes que transmitem ás gerações vindouras e á família numa tranquilidade de paz, amor e harmonia. Com os afectos, as brincadeiras e as guardas, os avós conferem uma transcendência ao quotidiano, qual magia que se prolonga pelo infinito do tempo em cada família. Ser avós é um pacifico estado de alma, é estar presente quando é necessário, é observar e estar atento. É ajudar os filhos a criar os deles, transmitir-lhes os seus mais nobres valores e sentimentos. Ser avós é dar a essência do afecto mais genuíno e profundo, com uma tranquilidade e calma que a qualidade de não pais lhes confere. Ser avós é amparar os filhos na caminhada e no exercício da mais bela tarefa de amar, cuidar e criar um filho. Os avós são como mágicos para os seus netos, embalam-nos nas suas experiencias de vida, nas suas histórias os levam a viajar por mundos de fantasias e quantas vezes na aridez ardente dos seus lábios, vergados sob o peso da saudade, são o casamento perfeito da lágrima e do riso. Mas a família é berço, ninho, aconchego em que os avós pela sua perseverança e força de viver como membros activos lutam por uma sociedade que desejam valorizar com mais paz, justiça, e amor, marcá-la com seu cunho pessoal. São como sombras luminosas de anjos que voam pelos céus numa réstia de luar, insanamente lutando como vento de mudança, deixando a herança para a família de um mundo melhor do que aquele que encontraram. Vive neles o futuro, porque sentem a aurora que há-de vir. Lembram o silencio das eras já remotas, são o centro de um mundo pequenino que é a sua família. Avós e netos células da mesma família, caminhando de mãos dadas tempo dentro, pela imensa e empoeirada estrada da vida, cada qual com seus sentimentos e esperanças espelhadas no rosto. Vêem-se uns com suas preocupações e desfiando contas desgastadas, os outros alegres e felizes como irrequietas borboletas voejando de flor em flor, sonham olhando as nuvens no infinito do céu. A estrada alonga-se memoriando o caminho percorrido perpetuado na procura da felicidade da família. São lembranças de cristais que vão brilhando em seus dias, que os transportam a um acolhedor mundo de memórias projectando a sua família a um espaço de poesia e a um lugar extraordinário de transparência e luminosidade. Na calma paz do universo percorrem uma ampla e longa clareira, frondosa e verdejante, ladeada de árvores seculares, com o sol poente de um vermelho alaranjado de fogo em fundo, ambos de mãos dadas:
A saudade e a esperança.
Deixam na verdura da paisagem rastos de luz pegadas de luar. Avós com cabelos prateados ou cãs brancas, as suas mãos rugosas, sulcos de uma longa jornada como fruto perfeito e maduro, em breve terão os passos lentos e a voz embargada pelos ventos da caminhada, mas acreditam na felicidade da família quando nos pegarem pela mão e nos aliviarem dos escolhos do caminho. Não serão fisicamente os avós de hoje, passarão a ter as mãos trémulas de anciania, mas manterão o mesmo orgulho, seguramente com mais profundidade no amor e no carinho mesmo quando para vós inventam o tempo, são alvores de uma felicidade familiar.
E numa luz de Outono que já lhes é um sonho ilusório de Primavera, num quadro pitoresco da vida, numa explosão rubra do ocaso, netos e avós se embrenham no alvo algodão das nuvens, fechando um horizonte longínquo a perder de vista:
Uns levam na sua frágil e pequena mão os bonecos os outros levam a bengala, como suporte de família semelhando o bastão com que Moisés encaminhou seu povo para a terra prometida. Os avós são o elo de ligação mais forte com o património familiar, são a árvore que aprofunda as raízes familiares no fertilizante do amor. Avós são descobertas constantes que nos surpreendem e emocionam, sabem como ninguém transmitir todas as áreas da sensibilidade, a gentileza, a solidariedade, a tolerância a inclusão, os sentimentos altruístas. Recordam sabores da infância em brincadeiras com os netos, porque eles são a seiva da sua vida, sabem-nos aquecer com as lãs dos seus sentimentos, acolhendo-os sempre no canto mais quente do seu peito, é um revigorante elixir para o seu rejuvenescimento.
Nos já longínquos tempos em que a vida se revelava como uma alegria de montanhas de oiro e rosas purpúreas, a formação de uma família exigia uma mãe que dedicasse sua vida exclusivamente á casa, ás crianças. Nos tempos modernos é muito valorizada a sua realização pessoal e profissional, realizam verdadeiros exercícios de acrobacia entre os cuidados matrimoniais, maternais e do lar, apoiando-se por necessidade da vida nos seus próprios pais, encontrando nestes o apoio e a dedicação necessária como suporte de família. Os avós na continuidade do tempo continuam a ser as peças fundamentais, propulsionadores de valores embora tenha mudado a configuração das famílias, deixou de ser aquela regida por um patriarca , uma mãe do lar e alguns filhos e passou a ser: mãe solteira e seu filho, mãe viúva e filhos, casais homossexuais e seus filhos, pais separados, padrastos e madrastas, avós e netos e tantas outras.
Mas sempre e finalmente avós e netos caminham lado a lado sem pressa de chegar a lado algum. Brincam… Os avós voltam a ser pequeninos e os meninos crescem. Têm a mesma idade ao contrário.
Ser avós é ser pais duas vezes… é possuir amor dobrado. Como não amar o fruto do seu fruto?!!!!…
E nós pais sorrimos porque achamos graça.