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dr. raul
HÁ BOAS RAZÕES PARA COMER CEREAIS?
Os cereais provenientes do grão inteiro – CEREAIS COMPLETOS – são mais benéficos que os refinados (sem farelo e germe)?
Os cereais completos (pão, pastas, arroz e outros cereais elaborados a partir do grão inteiro) são um óptimo complemento alimentar porque, para além da regulação do trânsito intestinal, participam, também, na prevenção das doenças cardiovasculares e de alguns cancros.
Grão “inteiro”, cereais “completos” que significam exactamente estes termos?
Um produto cerealífero é completo quando é elaborado a partir do grão inteiro, o qual é composto do farelo, que corresponde ao envelope exterior do grão (rico em fibras, em linhano ou fitoestrogénio - um potentíssimo antioxidante que reforça a parede celular e evita o aparecimento de tumores e cancros -, em vitaminas B e em minerais), dum germe (rico em antioxidantes, ácidos gordos essenciais, esfingolípidos, fito-esteróis, vitamina E) e dum endosperma (rico em amido, proteínas, vitaminas B).
Quer se apresentem sob a forma de grãos inteiros, flocos de cereais ou de farinha, os produtos disponíveis são muito variados: quinoa, sorgo, milho, arroz selvagem, arroz completo, cevada, aveia, trigo-sarraceno, centeio, etc.
Pelo contrário, o facto de se peneirar a farinha de um cereal, elimina uma grande parte do grão (o germe e o farelo). Tais produtos, assim refinados, perdem uma boa parte dos seus componentes e das suas propriedades. Este tratamento pode fazer perder cerca de 80% das fibras, 50% do cálcio, 85% do magnésio, 75% do potássio e uma boa parte do ácido fólico, da vitamina E, dos ácidos gordos, etc.
Quais as vantagens sobre a saúde dos cereais completos?
Ricos em fibra são interessantes para regular o trânsito intestinal. As fibras ajudam a lutar eficazmente contra a obstipação e as diarreias.
Mas os efeitos dos cereais completos estendem-se, igualmente, ao sistema cardiovascular, à diabetes e a alguns cancros.
Com efeito, as fibras dos cereais completos têm por efeito diminuir a taxa do colesterol, a pressão arterial e normalizar a glicémia (o açúcar do sangue). Estudos mostram que o consumo regular de cereais completos reduz de 30% o risco de obstrução das artérias do coração (coronariopatia) e de ataque cardíaco (AVC). O risco de diabetes de tipo 2 também é igualmente diminuído.
Tais efeitos são atribuídos às fibras existentes nos cereais completos, mas outros componentes jogam, também, um papel importante, nomeadamente os antioxidantes e os fito-estrogénio.
Os cereais completos, por fim, ajudam a lutar contra certos cancros, particularmente contra o cancro do cólon. Os glúcidos contidos nos grãos inteiros são transformados, por fermentação, em ácidos gordos os quais reduzem a actividade de certos factores que estão na origem dos cancros. Paralelamente, ao favorecerem o trânsito intestinal, as fibras aumentam o volume fecal, no qual as substâncias cancerígenas são apanhadas e, posteriormente, expulsas.
Atenção aos fitatos
Se nós devemos reabilitar os cereais completos e aumentar o nosso consumo quotidiano, devemos ter atenção para não cair nos excessos. As fibras contêm fitatos, substâncias conhecidas por reduzirem a capacidade de absorção intestinal dos minerais (cálcio, zinco…). Este fenómeno não tem consequência, excepto para as pessoas que consomem verdadeiramente grandes quantidades de cereais completos e apresentam alterações do trânsito intestinal. Nestes casos pode-se recomendar uma suplementação em minerais.
E-mail: amaralmarques@gmail.com