CONSULTÓRIO

dr. raul
O CLORETO DE SÓDIO também se escreve com três letras: SAL
O Cloreto de Sódio não é mais do que o sal que adicionamos aos alimentos! Sal que faz parte da nossa alimentação e sem o qual não conseguiríamos viver!
O mesmo sal que está na origem da palavra salário… É verdade, a palavra salário tem como origem um termo “salarium argentum” que consistia na utilização do sal para o para o pagamento de serviços prestados, na Roma Antiga. Nesse tempo o sal foi uma moeda e mercadoria de difícil obtenção, principalmente no interior do continente europeu. Tal como na actualidade uma das suas principais utilizações ainda continua a ser a conservação dos alimentos: a salga!
Se era escasso e um bem precioso, tal já não acontece na actualidade e, dessa escassez, passou-se a um abuso excessivo! E este é um dos excessos que devemos evitar.
É um facto reconhecido por todos, em particular pelas autoridades de Saúde Pública. E, nesse sentido, se tem produzido legislação para diminuir a quantidade de sal nos alimentos processados, como o pão.
E como é que se chegou a tal excesso?
Que podemos fazer para inverter esta tendência particularmente nefasta para a saúde?
Quem consome sal em excesso?
Os portugueses consomem, diariamente, em média, mais de 10 gramas de sal, quando a recomendação da Organização Mundial de Saúde, aconselha que não se ultrapasse a fasquia dos 5 gramas por dia.
Em Portugal consomem-se, diariamente, mais 30 toneladas de sal do que o devido!
Mas não é só um problema português! É um problema que respeita todos os europeus!
Como se chega a um tal excesso de consumo de sal?
O nosso modo de alimentação evoluiu no sentido de cada vez mais nos alimentarmos fora de casa, muitas vezes porque o intervalo do almoço não dá tempo para irmos a casa. E isso faz com que, comendo alimentos transformados industrialmente, ou ultraprocessados, o sal esteja presente em quantidades mais excessivas. Mas o sal, hoje em dia, encontra-se em todos os alimentos, mesmo nos produtos açucarados: charcutarias, sopas, queijos, pratos preparados, pizzas, molhos, pães, biscoitos, bolos, etc.
Mas nós não nos restringimos ao sal contidos nos alimentos. Somos pródigos em adicionar sobre a comida que nos é servida: seja sobre o bife grelhado, nas saladas, sobre o queijo fresco…, o que representa cerca de 1 a 2 g de sal que corresponde a cerca de 20% do nosso consumo de sal. Os restantes 80% estão contidos nos alimentos.
Porque é que a indústria alimentar incorpora tanto sal nos alimentos?
Por múltiplas razões, que vão da conservação, ao gosto dos alimentos. Nas charcutarias e no queijo o sal tem um papel de conservante. Mas o sal melhora uns sabores e mascara outros. Nas carnes, o sal retém água o que faz aumentar o peso do produto final. Também o sal aumenta a sensação de fome, e também a de sede, o que faz aumentar, paralelamente o consumo e a venda de bebidas diversas, seja as alcoólicas, seja as açucaradas.
Por imposição legal, cada vez mais os industriais são pressionados a diminuírem o teor de sal nos alimentos que produzem e a indicarem a quantidade de sal, devidamente etiquetada.
Quais as consequências de um excesso de sal para a saúde?
O excesso de sal é um factor importante de hipertensão e, por conseguinte, de doenças cardiovasculares aumentando o risco de AVC e de doenças cardíacas.
Mas o excesso de sal está igualmente implicado no cancro do estômago, osteoporose, cataratas, cálculos renais e diabetes.
Como reduzir o seu próprio consumo de sal?
As Autoridades de Saúde, nomeadamente a Direcção Geral de Saúde, têm publicado várias medidas e conselhos no sentido de se reduzir a quantidade de sal nos alimentos e na nossa alimentação (pode-se consultar o site da DGS)
Mas há muita coisa que, cada um de nós, pode fazer, nomeadamente:
Limitar o consumo de produtos industriais, processados ou ultraprocessados – porque habitualmente têm um excesso de sal, não só para alargarem o tempo de conservação dos alimentos, mas para aumentarem o sabor.
Incrementar o consumo dos alimentos naturais e preparados feitos em casa reduzindo a utilização dos sal.
Não colocar sal nos alimentos sem os ter provado previamente.
Substituir o sal por ervas aromáticas, nomeadamente a salicórnia, uma planta com teor mais elevado de sal e que confere um sabor salgado aos alimentos, constituindo uma excelente alternativa ao sal das cozinhas.
Nunca colocar o saleiro à mesa.
Evitar os produtos muito salgados (aperitivos salgados, charcutarias, …).
E-mail: amaralmarques@gmail.com