IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 71
Regressando  à Vila de Sintra conta Alfredo Pinto, diretor do então jornal “A Semana de Sintra” (1924 a 1928) através de uma das muitas cartas que escreveu, a relação amorosa entre El-Rei D.Sebastião e uma fidalga portuguesa de nome Juliana de Lencastre Duquesa de Aveiro, filha de D.Jorge de Lencastre Duque de Aveiro.
Tinha então Dona Juliana 16 anos de idade e pela sua simpatia e beleza era muito querida pela corte, sendo criada no Paço Real, ao cuidado da  Rainha D. Catarina (Catalina de Austria), quando esta assumiu a regência de Portugal.
A carta não esclarece, mas talvez por algum comportamento menos correto do monarca e também por ter fama de grande dançarino, não era muito bem visto na Corte, por isso tanto D.Catarina como o Cardeal D.Henrique seu cunhado e conselheiro, nunca viram com bons olhos este namoro e a oposição foi tão forte, ao ponto de dizerem ao pai de D.Juliana Duque de Aveiro, que casasse sua filha com um fidalgo, comprometendo-se a própria corte proporcionar  honras e mercês dignas de um monarca.
D. Sebastião sabedor desta oposição, quando podia escapar-se, continuava a cortejar a jovem Donzela perante a vista grossa do Duque de Aveiro, que fingia desconhecer tais encontros.
Quando o cerco apertou para o lado dos dois jóvens, e a dificuldade em se encontrarem para dizerem certos segredos, e também trocarem um beijo, D.Sebastião com a colaboração de alguns fidalgos da Corte, teve a ideia de organizar uma caçada em Sintra para os lados dos Capuchos.
É então organizada a caçada, com a maioria dos fidalgos e cavaleiros da sua confiança, levando ainda um bom número de criadagem.
Mas qual era a finalidade desta caçada?
Enquanto a maioria mantinha sua atenção na caçada, D.Sebastião em combinação com D.Juliana e cumplicidade com seu pai o Duque de Aveiro, afastaram-se sem darem a perceber, para um sítio solitário e estarem mais à vontade.
Mas a Rainha D.Catarina, usando de sua subtileza e sabendo das intenções do Rei, pediu à esposa do Duque de Bragança que vigiasse os apaixonados.
Qual não foi o espanto quando D.Sebastião e D.Juliana pensando estarem sozinhos, depararam com a presença da esposa do Duque de Bragança.
O rei ficou tão desesperado que naquele momento e sem mais, deu por terminada a caçada perante a admiração dos fidalgos que o acompanharam.
Diz a carta que ambos terminaram seus encontros amorosos.
Entre tantos amores ocultos que Sintra conserva no interior da sua Serra, embora este seja um pequeno romance, também serviu de palco e resguardo à própria monarquia , na maioria para encontros extraconjugais.
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