O Volfrâmio no Distrito de Viseu

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O escritor viseense Fernando Vale acaba de publicar um livro - Mineração de Volfrâmio e Estanho no distrito de Viseu - e teve a gentileza de me oferecer um exemplar, com uma dedicatória de estima e consideração, que muito agradeço.
Esta importante obra, pois trata-se verdadeiramente de muitos anos de trabalho árduo de recolha documental e de testemunhos vivos em muitas freguesias do distrito de Viseu, documenta com seriedade este valioso património, recolhendo informações de pioneiros, consultando jornais e arquivos da época, contribuindo assim para um melhor estudo deste fenómeno e da sua época que muito facilitará os estudiosos e os especialistas da História Contemporânea.
Fernando Vale teve relações familiares com pesquisadores do minério e conhece de perto esta actividade, importantíssimo recurso natural da Região de Viseu. Tão importante recurso que Mestre Aquilino Ribeiro se refere ao volfâmio: - ”O volfrâmio foi para as populações do Norte, deserdadas de Deus, o que o maná foi para os israelitas através do deserto faraónico”.
Este “oiro preto” que brotava das terras, que os alemães chamavam “ Wolf” e “Rahm” (espuma ou baba de lobo) foi fundamental para as duas Guerras Mundiais. E Portugal tanto vendia aos alemães como aos aliados.
O seu preço atingia nessa época cifras muito consideráveis. De pobres fez milionários e de alguns milionários, pobres outra vez. Pastas cheias de notas de mil porque não cabiam nos bolsos. A abundância leva sempre ao exagero.
Neste livro, em capítulo especial, refere o meu antepassado Maximiano de Aragão ( de quem brevemente publicarei um inédito), que sendo Jurista, Professor e Escritor, se tornou descobridor e empresário de mineração. Uma curiosidade que eu desconhecia.
Nessa época de desafogo e riqueza muito beneficiou a Região de Viseu. Construiram-se prédios, os comboios da linha da Beira Alta e do Vale do Vouga não tinham mãos a medir a transportar minério de volfrâmio. Fizeram-se grandes vinhedos que vieram enriquecer a Região Demarcada do Dão.
Um livro que nos dá a riqueza mineralógica da Beira Alta, um valiosíssimo património, um momento único da nossa história. Desenterra do esquecimento uma documentação séria, baseada em pesquisas e fontes. Um trabalho sério e um sério trabalho.
Mas, melhor é ler o livro.