Barragem de Fagilde- Desastre Ambiental

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O esvaziamento repentino da Barragem de Fagilde há cerca de um mês matou milhares de peixes. Um desastre ambiental!
A população alarmada acabou por chamar a Guarda Republicana para denunciar o atentado, que comprometeu a diversidade existente. A morte dos peixes deve-se à abertura repentina e exagerada das comportas, dificultando a adaptação dos peixes ao fluxo acelerado e decrescente das àguas.
Caricato é, após a abertura, ver funcionários dos Serviços Municipalizados das Águas de Viseu, a transportar peixes em reservatórios, tentando salvar os sobreviventes.
Este desastre ambiental, autêntico crime público, ilustrado com fotografias publicadas na Internete, mereceu uma intervenção na Assembleia da República do Partido Ecologista os Verdes.
Todos os outros partidos, mormente os maiores e que na região são os mais votados não se conhece qualquer insurgimento. Se fosse uma coisa boa de certeza eram os primeiros a aparecer. A Barragem de Fagilde é um dos maiores patrimónios do Concelho. O que é uma terra sem água?
Num dos últimos Editoriais do Renascimento, Serafim Tavares, proprietário e director do jornal, afirmava com mágoa: - “ Mangualde hoje, é nada de nada”. E oferece o jornal para a comunidade reagir!...
Refere ainda que sendo Mangualde uma terra magnífica nunca teve gente com rasgo para a desenvolver.
Quem não ama a sua terra, não pode amar ninguém!
Terra que espalhou pelos quatro cantos do mundo o que tinha de melhor- a sua gente.
Foram expulsos da sua terra pela miséria, pelo subdesenvolvimento.
E os políticos, os responsáveis por isto, são a cara descarada da vergonha perdida.
E de muito longe, de grandes distâncias recordam com saudade as suas terras, onde falam as velhas pedras.
A distância é como os ventos:- apagam as velas e acendem as grandes fogueiras. Por isso Portugal é considerado como o país “dos adeuses”!
Portugal, em todos os tempos teve sempre maus políticos. Mais interessados em defender os seus interesses e muito pouco preocupados com a defesa dos interesses dos que os elegeram. E isto já vem de muito longe.
Em monarquia, no Sec. XIX, o nosso Rei D. Pedro V, que teve um reinado difícil com os políticos da época e com as suas intrigas, considerava-os “corruptos, ineficientes e imorais”. E chegava a dizer: “os políticos são como os cigarros, fumam-se e deitam-se fora”! Palavras de Rei!
Os nossos escritores, os maiores, Luís de Camões, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, que fazem parte dos “génios” da Cultura e da Literatura Universal e muitos outros, todos criticaram a política e os políticos do seu tempo. Camilo Castelo Branco, o nosso maior novelista, referindo-se à qualidade dos políticos dizia, temos:- “Os oportunistas, os despeitados, os cobardes, os enfatuados, os imbecis e os inúteis; a ambição que enxovalha, a inveja que morde, o ódio que envenena, o ridículo que mata; as mentiras convencionais”.
Mais no nosso tempo o escritor José Cardoso Pires referindo-se às escolhas dos políticos dizia: - “porque têm padrinhos no céu, afilhados no Inferno e no Purgatório, onde se junta toda a maralha dos conspiradores em part-time”.
E, Almeida Garrett, aos que aparecem para destruir, chamava-lhes – “miseráveis reformadores“.
De minha lavra acrescento mais duas categorias. Os “pavões” que se espanejam abrindo o leque de penas vistosas e os “alisbonados”, aqueles que rumam a Lisboa, esquecem a terra, as origens e os compromissos assumidos.
Alguns, acham-se acima de tudo e de todos. Ás vezes até dos seus pares e dos que o colocaram num trono que tem tanto de fictício, como de efémero.
E quando se comportam assim, significa que o seu fim está mais próximo do que imaginam.
A borboleta queima-se na chama da vela!...