O vírus que tornou as ruas desertas…

Ana Cruz
Todos unidos iremos combater a propagação deste vírus, mas “a união só faz a força” se todos tivermos a mesma informação e o mesmo comportamento. Assim, tenho verificado muitos equívocos acerca dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), mais especificamente as Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e Unidades de Saúde Familiar (USF), em que a população em geral considera suspensos por motivos de isolamento social, mas está efetivamente a ter um serviço de abordagem menos visível, mas sempre presente! A Saúde Pública não é só conter esta doença, mas permanecer a promover a saúde através de meios que previnam as doenças e caso estas surjam, existir programas para gerir as doenças, envolvendo a pessoa e a família! “Todos somos agentes de Saúde Publica!”, mensagem reiterada por toda a celebridade que quer demonstrar solidariedade e sentido de cidadania, mas muito antes desta calamidade já todos eram agentes de Saúde Publica! Quando seguíamos as orientações do médico de família; quando seguíamos as informações da enfermeira no atendimento em consulta; quando íamos verificar o registo de vacinas em atraso; quando fazíamos os rastreios para despiste de cancro… Não vamos criar outra calamidade por estarmos com receio ou pânico do que pode vir! Por isso passo a citar um Comunicado lançado a 25 de Março de 2020 (NÚMERO: C160_80_v1) da Diretora Geral da Saúde, médica de Saúde Pública Maria Graça Freitas:
“ASSUNTO: Cumprimento do Programa Nacional de Vacinação durante a epidemia de COVID-19 – Medidas de exceção
A vacinação no âmbito do Programa Nacional de Vacinação (PNV) é uma medida de saúde pública prioritária, uma vez que previne doenças como o sarampo, a tosse convulsa, o tétano, doenças muito graves como a meningite, por 13 tipos de pneumococo, por meningocco C e por Haemophilus influenzae b.
Perante a necessidade de adotar medidas de carater excecional e temporário para prevenção da transmissão da infeção por COVID-19, estabelecem-se as seguintes prioridades de vacinação: 1. Vacinação recomendada até aos 12 meses de idade, inclusive. As crianças devem cumprir atempadamente a vacinação recomendada no primeiro ano de vida, que confere proteção precoce contra onze doenças potencialmente graves. Aos 12 meses, as vacinas contra o meningococo C e contra o sarampo, papeira e rubéola são muito importantes. A situação epidemiológica do sarampo a nível mundial não permite adiar esta vacina. Às crianças que têm estas vacinas em atraso, recomenda-se a vacinação o mais brevemente possível. Deve contactar a sua Unidade de Saúde.
2. Vacinação BCG das crianças com risco identificado de tuberculose grave, de acordo com Norma da DGS
3. Vacinação de doentes crónicos e outros grupos de risco no âmbito do PNV
4. Grávidas – Devem procurar ativamente a vacinação contra a tosse convulsa, que tem como objetivo a proteção do bebé nos primeiros meses de vida. A vacinação poderá ser adiada, mas nunca para além das 28 a 32 semanas de gestação. Deve contactar a sua Unidade de Saúde. Poderá consultar o esquema vacinal recomendado do PNV no website da DGS e deverá verificar o registo vacinal no Boletim Individual de Saúde ou no Portal do SNS.”
Claro está, que existe uma articulação sistemática entre a DGS e os CSP, sendo que este comunicado foi plasmado em informação mais técnica para os profissionais de saúde que exercem nas unidades. Logo não tenha receio de contatar a sua Unidade de Saúde para obter informações, mesmo que a chamada não seja célere a ser atendida! Aqui o termo “paciente”, está bem adotado para quem aguarda pelo atendimento telefónico! Controle as suas emoções enquanto aguarda, a pessoa que o vai atender tem de ser disponível, no entanto ser sujeita a injurias e insultos demonstra falta de civismo e falta de bom senso! Talvez essas ideias preconcebidas “que não atendem porque estão a tomar café!” sejam ainda difundidas por grande parte dos indivíduos e canais de comunicação (Realmente! Colocar um repórter para ligar para SNS24 para contabilizar o tempo de espera, sem motivo válido dá azo a questionar se os jornalistas desse canal foram selecionados de um Call Center de produtos radioativos, tal a imbecilidade que demonstram…. Só assim justifica-se o comportamento tantã, para rimar com o nome do canal televisivo), mas a realidade é que as equipas de saúde estão disponíveis. A vigilância das pessoas suspeitas de estarem infetadas são realizadas pela UCSP ou USF da sua área, através de contato telefónico. A norma nº 04/2020 de 23 de Março de 2020 da DGS é bem clara “1. Todas as pessoas que desenvolvam quadro respiratório agudo de tosse (persistente ou agravamento de tosse habitual), ou febre (temperatura ≥ 38.0ºC), ou dispneia / dificuldade respiratória, são considerados suspeitos de COVID-19 e ligam para a Linha SNS24 (808 24 24 24).”
Permaneça em casa se tem um destes sintomas e ligue para a SNS24 ou em último caso a sua USF\UCSP. Mesmo que desconheça o nº de telefone, ligue o 118 e uma assistente orientará para o nº de telefone que necessita. E para quem tem mais dificuldade em ouvir ou até ler devido às vicissitudes da velhice, ligue aos seus filhos ou netos, não se iniba de pedir ajuda a quem a tecnologia é uma brincadeira! É uma forma de interagir com a família mesmo sem existir um toque ou uma proximidade física.
Ultimamente as crianças são um dos grupos mais salientados como crescimento populacional, mas ter idosos bem cuidados e autónomos também é sinal de evolução na população! Não se isole porque acha que “não quero incomodar”! Ter receio e medo são emoções comuns a todos!