REFLEXÕES

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PATRIMÓNIO CULTURAL
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Esta expressão tão banal nos dias de hoje surgiu há cerca de oito décadas. Em outubro de 1931 realizou-se em Atenas o Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos pela necessidade de se avaliar tudo o que restava daquilo que foi criado e usufruído pelas civilizações ancestrais até à nossa era. A arquitectura desde a mais rudimentar à mais grandiosa muito dela estava a perder-se, a desfazer-se em ruinas. Construções de carácter religioso, militar, habitacional e outras estavam reduzidas a meros vestigios. Hoje conhecemos a existência de um infinito numero de lugares em todos os continentes onde a mão do homem teve intervenção. Basta um clique no computador. Também sabemos que em séculos passados houve inúmeros investigadores (as) que gastaram o seu tempo e as energias na ânsia de conhecerem a história passada da Humanidade e o seu meio ambiente. Ora, graças aos esforços destes pesquisadores foram-se conhecendo testemunhos de povos ignorados, do seu modo de vida, do que fariam para resolverem os problemas do seu dia a dia, para usufruírem dos bens que lhes eram indispensáveis à sua sobrevivência.
Estava-se na eminência de se perderem testemunhos vivos do nosso passado, desde o mais humilde ao mais grandioso. E foi então no principio do século vinte que surgiram dinâmicas que levariam ao estudo mais profundo de todo este passado e a grande vontade de não deixar perder o que ainda existia por todos os continentes. Necessário era que se criassem normas, que se estudassem os processos correctos de recuperação sem deformar, sem adulterar as soluções primitivas de qualquer edificação e o mesmo das vivências ao tempo.
Havia portanto a necessidade de se tornar o conhecimento de cada área cada vez mais profundo e criar regras. A partir deste Congresso ficou-se a saber o que era definido como PATRIMÓNIO CULTURAL DA HUMANIDADE. Havia, porém, conceitos a redefinir. Que acções se deveriam desenvolver a nível mundial e nacional.
Com avanços e recuos chegou-se a 1964 e a um novo Congresso agora em VENEZA - II Congresso Internacional para Conservação e Restauro de Monumentos e Sítios.
O documento que saiu deste Congresso foi a alma nova do património antigo.
Fez se a definição do conceito de Património da Humanidade. Criaram-se normas para o estudo e defesa do mesmo a nível mundial. Cada País teria de recolher documentação e formar técnicos que viessem a fazer intervenções correctas, quando necessárias, num monumento ou sítio e não adulterassem a sua verdade histórica.
Ensaiei este texto porque pretendo fazer uma análise sobre intervenções que foram feitas em alguns Sítios que conheço as quais, quanto a mim, foram um verdadeiro disparate e revela que quem se aventurou por estes caminhos, não deve ter aprendido o que devia nem conhecia as directivas da CARTA DE VENEZA