EDITORIAL Nº 637 – 15/4/2014

SR

Caro Leitor,
Estamos na Páscoa. Vem à nossa memória Jesus crucificado, entregue por Judas a troco de 30 moedas. Mais lhe valia que nunca tivesse nascido, evitava o justo castigo de cometer suicídio no laço.
Um apóstolo da confiança de Jesus traiu-O a troco de 30 dinheiros. E se naquele tempo foi só um, hoje quantos seriam mais? Os tempos deram azo à facilidade em justificar comportamentos atrozes. Obviamente que a política neste cenário é rainha. Apregoa-se a boa vontade e a boa acção e, contas feitas, vêm-se a revelar Judas, com 30 e mais moedas mas sem suícidios (políticos).
Páscoa também traz à memória as relações entre padrinhos e afilhados. Recordo os anos 70 em que as melhores assembleias de família eram a Páscoa, o Natal, a festa da aldeia, a matança do porco, as ceifas e a debulha. Sempre com a família e amigos reunidos à volta de uma mesa bem posta para o culminar da festa. Hoje em dia, há outras distracções menos humanas.
No dia de Páscoa, logo pela manhã, ia ao encontro do meu padrinho, pedia-lhe a bênção e logo depois ele dizia “Deus te abençoe e te faça um santinho bem grande”. Dava-me um pacote de amêndoas e eu ficava todo feliz com o meu folar, porque naquele tempo só havia amêndoas na Páscoa. Ainda hoje, gosto muito do meu padrinho e estimo cada atitude que teve para comigo, mais do que as amêndoas.
Nestes dias sinto a alegria das pessoas, pois os familiares regressam às origens, onde ainda o compasso se desloca às habitações e algumas famílias festejam até com alguns foguetes que já têm preparados para o efeito. Há tradições que nunca deveriam acabar e esta é uma delas, porque nos leva de volta às raízes e à sua simplicidade.
Mais um marco também se celebra: o 25 de abril, desta vez com uma celebração histórica. 40 anos se passaram; 40 anos de liberdade, 40 anos de esperança mas, podemos ainda pensar que foram 40 anos perdidos dos objetivos e ideais que se exaltaram na altura e daquilo que se imaginava que viesse a ser Portugal. Este ano de 2014 vamos festejar a liberdade ou vamo-nos lembrar da falta dela? Que confusão! Viva abril, viva a liberdade, viva a esperança e viva o Portugal que queremos. Esse, ainda vive.
Um abraço amigo. Feliz Páscoa.[/s2If]