Mais um passo !?

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É com tristeza que mais uma vez falo dos emigrantes. Depois de trinta e tal anos como emigrante deveria falar deles com orgulho e alegria. No entanto, desde há cerca de dois anos que me refiro aos emigrantes enquanto lesados. Continuar a usar a palavra lesados é sinal que os emigrantes ainda não foram reembolsados daquilo que lhes literalmente foi roubado.
Mas é com uma força de esperança que continuo a informar-vos da luta que eles continuam a travar. Vários encontros foram realizados pela AMELP (Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses) com a CMVM, Assembleia da república, Presidente da República, entre outros.
Como devem ter ouvido na imprensa falada o Governo nomeou o advogado Diogo Lacerda Machado para negociar uma solução com o Novo Banco para os emigrantes lesados pelo BES.
« Em seguimento da reunião do dia 18 de Abril em Paris com o Exmo. Sr. Primeiro-ministro António Costa, a AMELP - Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses, representados pelo presidente da associação Luís Marques e pela vice-presidente Helena Batista, reuniram com o Dr. Diogo Lacerda Machado, representante nomeado pelo Governo Português para encetar negociações com as diversas entidades envolvidas no nosso caso, em Lisboa. Esta reunião serviu para tentar abrir caminhos para futuras soluções para os Emigrantes Lesados. Aguardamos novidades no decorrer das próximas reuniões já previstas. » - Explicou a AMELP.
As portas parecem querer abrir-se lentamente e a AMELP decidiu, por isso, tomar uma atitude de abertura às negociações informando : « A AMELP vem por este meio informar que a próxima manifestação do dia 14 de Maio não se irá realizar. A AMELP pretende com esta anulação saudar os avanços feitos pelos responsáveis políticos na resolução do nosso caso. Sendo assim, a próxima manifestação agendada será no fim-de-semana das celebrações do dia de Portugal, em Paris.»
Enquanto isso, o NB tenta, de maneira insistente, convencer os que não assinaram a proposta indigna de 2014 a assinar agora, um novo contrato para transformarem as desconhecidas e ditas ações em obrigações do NB. Como podem falar de ações a quem nunca subscreveu aquele tipo de produto? Fica o apelo de atenção aos residentes e não residentes para verificarem sempre, o tipo de produtos que subscrevem, hoje parece não haver depósitos a prazo. Também a confiança que outrora os funcionários dos bancos nos inspiravam, deixou de existir!
Uma grande maioria dos emigrantes recebeu uma carta pelo correio, um mail e vários telefonemas. A pressão continua mesmo sabendo que os emigrantes decidiram lutar até ao fim. Quando se ouve uma funcionária do NB, dizer que foram “relançados” para telefonar aos clientes , podemos pensar o que quisermos.
Como escreveu o advogado António Pereira de Almeida : « Alertam-se os titulares dessas acções preferenciais que não devem exercer a opção de conversão, a qual poderia pôr em causa o êxito dos processos judiciais, sem qualquer vantagem. Na verdade, aquelas obrigações sénior do Novo Banco só têm vencimento/maturidade em 2049 e 2051, não vencendo juros, pelo que não têm praticamente qualquer valor.”
Cerca de 500 funcionários do NB foram despedidos e outros se seguirão. Quem sabe, se não serão eles os próximos a manifestar-se!
Para terminar, deixo uma questão no ar : - Não se vive com o mal dos outros então, como podem os outros viver com o nosso ?