A dor dos Lesados do BES/NB na festa de Portugal e das Comunidades

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Mais um mês passou e os Emigrantes lesados do BES/NB continuam sem “terra à vista”. Por vezes o vento parece começar a soprar a seu favor mas não passa de uma ilusão.
No passado 10 de junho, dia de Portugal e das Comunidades, desta vez festejado também em Paris, os emigrantes decidiram voltar à luta e neste dia, contra tudo e contra todos manifestaram-se na Rue Noisiel n°3 junto à embaixada de Portugal em França.
Um dos objetivos desta manifestação pacífica era encontrar a comitiva do governo da qual faziam parte o Sr. Presidente, Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e Sr. Primeiro-ministro Dr. António Costa que deveria chegar por volta das 16 horas locais. Porém, a embaixada portuguesa tomou as devidas medidas para que isso não acontecesse fazendo com que as autoridades que já tinham dado a devida autorização, a anulassem. Depois do horário ter sido alterado duas vezes, foi, por fim, dada a possibilidade de realizar a manifestação entre as 14 as 16 horas, hora a partir da qual as forças policiais formaram uma barreira andante para dispersar os manifestantes. Podiam contar-se tantos agentes quantos os manifestantes que eram cerca de 200.
A AMELP foi recebida pelo Sr. Embaixador José Filipe Moraes Cabral que, mais uma vez, se mostrou sensibilizado pela causa dos emigrantes. O Sr. Luís Marques ao sair da embaixada afirmou que iria ter um encontro informal com o Presidente da República mais tarde.
Via-se no rosto dos manifestantes a revolta contra o NB pelo facto de este não aceitar sentar-se à mesa com a AMELP, o que fez parar as negociações.
As palavras de ordem foram “ Queremos Justiça”;” Viva o nosso Presidente”. Os manifestantes entoaram a Grândola Vila Morena e o Hino Nacional Português.
Esteve presente a imprensa portuguesa a nivel de jornais e televisão.
A AMELP estava já convidada para a cerimónia a decorrer na Câmara de Paris onde o Sr. Presidente da República, François Holllande, a Presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo e o Vereado responsável pelo Pelouro dos assuntos Europeus e conselheiro da Câmara de Paris, Sr. Hermano Sanches Ruivo recebiam os dirigentes do governo português.
Foi aí que o sr. Luis Marques presidente da AMELP e a vice-presidente D.Helena Batista puderam abordar o Presidente da República e o Primeiro-ministro, que prometeram tudo fazer para ajudar os lesados.
Os emigrantes acompanharam o programa dos governantes portugueses e, assim, no sábado, dia 11 de Junho, dezenas de emigrantes lesados decidiram fazer um movimento de protesto durante a inauguração do monumento em homenagem a Louis Talamoni, que foi o presidente comunista da Câmara local de 1950 a 1975 e que, nessa qualidade, apoiou os milhares de emigrantes portugueses que, nos anos 1960/70, criaram um grande bairro de lata nos arredores desta cidade da região de Paris. Aqui a palavra de ordem foi “justiça”
Não houve qualquer tipo de violência podendo desta forma os manifestantes apertar a mão àqueles que se comprometeram a velar pela criação dos mecanismos necessários para responder, de forma satisfatória, às exigências dos emigrantes lesados.
Os manifestantes deram mais uma vez prova da sua boa educação e respeito baixando os cartazes durante a entoação dos hinos nacionais português e françês.
Entretanto e porque o impasse nas negociações continua, foram distribuidos cerca de oito mil flyers durante o fim de semana, em Champigny e Créteil a apelar a todos os emigrantes para não enviarem as suas economias para Portugal. Um dos locais estratégicos foi a festa anual da Rádio Alfa, realizada no domingo, dia 12, considerada um dos maiores eventos da comunidade portuguesa na região de Paris e que contou também com as presenças dos Sr. Presidente Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e do Sr. Primeiro Ministro Dr. António Costa.
A vice-presidente da AMELP afirmou: “Há três meses que as remessas estão a cair e não é por acaso.”- Este boicote é sem dúvida uma das armas concluentes nesta luta.
É de sublinhar que neste fim-de-semana os governantes portugueses falaram nas remessas de dinheiro que os emigrantes mandaram para Portugal e que ajudaram a construir o país.
Neste fim-de-semana de Portugal e das Comunidades os emigrantes pediram que seja feita justiça. São portugueses que à semelhança dos nossos antepassados partiram à procura duma vida melhor e, não sendo egoístas, partilharam sempre com os que ficaram em “Casa” que é Portugal.