EDITORIAL Nº 727 – 15/3/2018

serafim tavares
Caro leitor,
O tempo de casamentos é o ano inteiro, mas é claramente na primavera e no verão que as pessoas se dispõem mais a casar.
À saída da igreja, choveram rosas e arroz e os noivos passaram a correr. Felizes, abraçados e cheios de alegria contagiante. Tal e qual como nos filmes, assim é na vida real.
A menina vestida de branco, com um laço comprido, flores na cabeça e ar solene, segurava a cauda do vestido. Como no meu tempo.
Uns passos mais à frente, a menina largou o vestido, esquecida dessa tarefa, e correu a dar a mão à noiva. A menina esticou os pés e sem dobrar os sapatinhos novos, puxou pelo braço da noiva e pediu um beijo. Preferia o colo, mas a noiva não pôde pegar-lhe. A noiva distribuiu beijos, recebia abraços e retribuía sorrisos. Uma das mãos compunha distraidamente o vestido enquanto a outra permanecia agarrada à mão da menina, que a acompanhava aos saltos antes do altar.
Os sinos da igreja tocaram e tudo naquela cena ficou ainda mais nostálgico e comovente. O véu flutuava no ar, trespassado pela luz do sol. O vestido, esse, arrastava-se naquele som delicado e inconfundível. Era tudo risos e festa.
O noivo abraçava os rapazes solteiros e deixava-se abraçar por todos como uma criança feliz e orgulhosa. Ria e chorava. Ao seu lado, um rapaz com os mesmos olhos, o mesmo sorriso e o mesmo feitio, passava pela multidão com igual orgulho, escoltava o pai e estava feliz como ele, por ele.
Composto e elegante com o seu casaco e gravata, o rapaz movia-se com um propósito – serem felizes.
Abraço amigo,