REFLEXÕES

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Grumapa- Grupo Mangualdense de Apoio e Protecção dos Animais
Construção do canil /Gatil
Estávamos agora com 2010 à porta e já com o programa das boxes em mente. Voltávamos de novo à luta com a falta de dinheiro. Era necessário cimento, areia e gravilha. O pavimento no interior do pavilhão numa faixa de 20m de comprimento e uns cinco de largura somando a construção dos pátios exteriores absorveriam muito do material. Por outro lado o orçamento do trabalho do empreiteiro não contemplava estas obras, teria de ser pago à parte. Para além disto tínhamos de pensar nas grades para as boxes… Procurámos contactar empresas que se dedicassem à construção de canis. Obtivemos folhetos com exemplos dessas instalações. Havia muitas hipóteses – umas lindíssimas, funcionais, tipo casinhas individualizadas, com pátios e espaços amplos ….e nós, que tínhamos tanto terreno disponível não podíamos optar por esta solução! Outros exemplos que possibilitavam a sua organização no interior, também nos deixaram encantados. Contudo todas estas amostras eram caríssimas materializadas no local… Fizemos reunião de Direcção e de novo o nosso entusiamo esmoreceu…Oh! Que lindas instalações! Que belos espaços! Era isto que nós ambicionávamos! Mas … mais uma vez os nossos sonhos tinham que ser refreados, apagados da nossa imaginação…tínhamos que pegar no papel e lápis, fazermos novamente contas e tomarmos as reais dificuldades como ponto de partida…
Desistimos dessas belas imagens dos folhetos, teríamos de optar por soluções mais económicas. Iríamos procurar grades para delimitar as boxes. Fui deliberadamente à zona industrial de Coimbra contactar um armazém de estruturas metálicas, saber qualidade e preços. Perante o valor era de ignorar. Então procurei na zona industrial de Viseu – exemplares semelhantes, vários preços, um pouco mais em conta. Nova reunião de Direcção, porque as decisões tinham que ser tomadas e assumidas em comum. Aí decidimos comprar grades em bruto em aço natural (as pintadas de verde logo se tornavam bastante mais caras, assim como pela espessura do arame). A sua construção e montagem no pavilhão ficaria a cargo da Empresa ERNESTO MATIAS Lda, por um valor simbólico. Seria em princípio este o caminho a seguir. Tínhamos todavia, e mais uma vez, o problema monetário para fazer face a todos os encargos. Contámos sempre com apoio da Autarquia para fornecimento de materiais de construção. Mas para os gastos restantes teríamos de angariar fundos recorrendo às estafadas rifas, às vendas em barraquitas e alguns possíveis donativos…
Depois de termos o somatório da despesa com as boxes, tomei coragem e mais uma vez contactei a minha extraordinária Amiga, e também protectora, Dra MARIA DO CARMO ALBUQUERQUE (infelizmente já falecida), residente que foi em V. Nova de Poiares e que eu anos atrás tinha tornado sócia do Grumapa. Esta grande Amiga da nossa obra disponibilizou-se de imediato em assumir a maior parte da despesa. Assim, se hoje existem boxes no albergue a ela se devem para todo o sempre. Eu prometi-lhe que a traria cá para visitar toda a construção para a qual ela tanto contribuiu financeiramente, mas… outros valores muito, muito pequeninos se interpuseram, apagaram a oportunidade… e entretanto ela partiu!!!… Quando eu reunir toda a história do Grumapa, em livro, este virá a ser enriquecido com imagens elucidativas e documentais, desta grande obra, que afinal se foi tornando pequena se tivermos em conta os nossos sonhos, e é uma obrigação deixar para o futuro, um testemunho muito claro do poder da força anímica dum punhado de pessoas.
outubro 2019