Arquivo mensal: Novembro 2023
EDITORIAL Nº 855 – 15/11/2023
Caro leitor
Realmente eu espero, e a maioria deste País espera, que no dia 10 de março, os portugueses votem em massa e votem bem.
Atualmente, ser do PS ou ter votado PS, não é curriculum ou mérito, mas sim cadastro.
O saudoso Medina Carreira dizia que o País estava entregue à ladroagem. António Costa, foi discípulo de Guterres e Sócrates. Portugal com o PS foi sempre a descambar. Do pântano e demissão de Guterres, passamos depois, quase à bancarrota com José Sócrates. Em 8 anos, António Costa recrutou o refugo das elites reles, propícias aos intentos da servidão do PS (clientelismo), que não olharam ao País e o deixam num caos.
Saúde e serviços públicos.
A política do PS foi pedir dinheiro externo, endividar Portugal e carregar os portugueses de impostos. Isto ninguém aguenta! E há ainda a corrupção. Portugal está no 5º País mais corrupto da Europa, aliado ao medo instalado, como em tempos uma importante figura do PS disse: “quem se meter com o PS leva”. Vergonha, isto não é democracia….
Com os escândalos dos últimos acontecimentos, o Presidente da República dissolveu o Parlamento e devolveu a responsabilidade aos portugueses. Todos nós sabemos que uma votação inconsequente pode dar lugar a que uma geringonça da esquerda seja reeditada e, o lugar de Primeiro Ministro, ser novamente usurpado como aconteceu com o Dr. Passos Coelho, que foi o mais votado nas eleições e não foi empossado como Primeiro Ministro. Em 18 anos, foi o único a não ter problemas com a justiça.
Pedro Nuno Santos é tão ou mais arrogante que José Sócrates. A instituição PS passou a ser um polvo, os tentáculos, ou discípulos são também Câmaras Municipais, mais arguidos irá haver!
Não há País ou povo que aguente a política PS. Pedir financiamento externo e carregar de impostos o Zé Povinho, é como nas famílias, se o empréstimo for maior que o rendimento, perdem a casa, quiçá, até o respeito.
Portugal tem perdido dignidade, dia após dia. Agora, para António Costa ser salvo e ter um lugar na Europa, parece querem dizer que era outro António Costa. Estamos entregues à bicharada. Acredite quem quiser, uma vez que ele pediu desculpa ao País, assumiu a culpa por inteiro.
Abraço amigo.
Saiba como…
SAIBA QUAIS OS ELEMENTOS QUE DEVEM CONSTAR NO SEU CONTRATO DE ARRENDAMENTO
O arrendamento é uma das modalidades do contrato de locação, quando nos referimos a bens imóveis, sendo a outra modalidade o aluguer, quando verse sobre bens móveis.
A este respeito, abordaremos nesta edição o tema do arrendamento para fins habitacionais.
O contrato de arrendamento, para fins habitacionais, deve ser celebrado por escrito, desde que outorgado após 12 de novembro de 2012, sendo que caso celebre ou tenha celebrado um contrato de arrendamento depois da referida data, sem outorga de contrato de arrendamento escrito, este tem se por nulo por vício de forma.
E quais os elementos que devem constar do contrato de arrendamento?
Importa ter atenção especial aos elementos que devem constar do contrato de arrendamento, são eles: a identificação das partes, o domicílio ou sede do senhorio, a identificação e localização do arrendado ou da sua parte, o fim do contrato, a existência da licença de utilização, certificado energético, o quantitativo da renda e a data de celebração.
No que tange à identificação das partes, é importante ressalvar que deve constar da mesma a identificação do/a cônjuge do senhorio, independentemente do regime de bens, exceto na separação de bens, uma vez que, sem o consentimento deste, o contrato é anulável, quando se trate de arrendamento de casa de morada de família, e caso o regime de bens seja o da separação ainda assim o/a cônjuge tem de consentir.
Quanto à exigibilidade da licença de utilização, esta é exigível apenas todos os imóveis cuja construção seja posterior a 7 de agosto de 1951 ou, ainda que posterior a essa data, mas que a Câmara ateste a dispensa da mesma, a inobservância quanto à ausência de licença de utilização ou documento que comprove que a mesma foi requerida ou ainda quanto à dispensa da mesma atestada pelo município, implica a sujeição do senhorio a uma coima não inferior a um ano de renda.
No que respeita ao certificado energético, é o documento do qual resulta a eficiência energética de um determinado imóvel, e tem obrigatoriamente ser referido no contrato de arrendamento desde que tenha uma área de implantação superior a 50 m2.
Ainda no que respeita à renovação do contrato, os contratos de arrendamento para fins habitacionais renovam-se automaticamente por três anos ainda que esteja definido no contrato um prazo menor.
Posteriormente à outorga do contrato, o senhorio tem a obrigação de participar o contrato à Autoridade Tributária até ao dia 20 do mês seguinte ao do início do contrato de arrendamento, havendo lugar a pagamento de imposto de selo no montante de 10% sob o valor da renda, a não participação do contrato à autoridade tributária importa o incorrimento do senhorio em responsabilidade contraordenacional.
Não deixe os seus direitos por mãos alheias contacte um profissional do foro jurídico.
IMAGINANDO
parte 136
Os Essénios – Parte 2
Essen e regressando à parte 1, já após a partida de Moisés para outras dimensões, e como anteriormente afirmámos, fundou um grupo “Os Essénios”, civilização que viveu entre os 150 anos a.C. até 70 anos d.C., sendo que nesta data fora completamente dizimada pelo exército romano.
Até 1947, era esta Civilização desconhecida.
Mas como soubemos da sua existência?
Foi então que na região de Khirbet Qun Ram no Estado de Israel, um pastor apascentando seu rebanho neste local, viu que uma de suas ovelhas havia entrado numa caverna. Agarrando numa pedra e atirando-a para dentro da mesma, notou um som estranho.
Entrou e qual não foi o seu espanto, descobriu vasos de cerâmica contendo pergaminhos escritos.
Não dando muita importância aos documentos, o pastor tentou vender estes pergaminhos que conseguiu a baixo custo, desconhecendo a preciosidade que encontrou. Foi então e pode dizer-se “por acaso” que o Bispo Ortodoxo Athanasius Samuel e Eleazar Sukenik da Universidade Hebraica, descobriram o conteúdo destes documentos e os compraram, embora em dois lotes distintos.
Quando o Bispo Samuel e durante a guerra dos seis dias, fugiu para os Estados Unidos, levou consigo seus pergaminhos. Tentou vendê-los por um elevado preço, mas não conseguiu.
Posteriormente e em segredo, seria o arqueólogo Yigael Yadin, a comprá-los para o Estado de Israel.
Vamos intitular como “Os Manuscritos do Mar Morto”, seu verdadeiro nome.
Ao consultarem estes manuscritos, vários arqueólogos eufóricos saíram para aquele local, procurando mais documentos. Conseguiram, quando penetraram em outras dez cavernas.
Foi o início da descoberta de uma biblioteca inteira, que dá crédito aos escritos originais de uma comunidade à parte de outras e que mais tarde iremos abordar.
A Comunidade, ou se assim lhe quisermos chamar, a Civilização Essénia.
Os Manuscritos do Mar Morto foram secretamente guardados naquelas cavernas pelos últimos essénios, aquando da invasão pelo exército romano.
Entre os pergaminhos e papiros que formam estes manuscritos, destacamos cópias do Antigo testamento, sendo essas cópias, 36 do livro de Salmos, 32 de Deuteronômio, 23 de Génesis, além de cópias do livro de Isaías.
Foram ainda encontrados manuscritos não bíblicos, como o Manual de Disciplina, hinos de ações de graças, assim como práticas e rituais realizados pelos Essénios.
Continua
AINDA EÇA…
A transladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional, fez correr muita tinta, que envolveu, descendentes do romancista, respeitáveis intelectuais e políticos.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Administrativo, que acabou de dar razão a Afonso Reis Cabral, trineto de Eça e Presidente da Fundação Eça de Queirós.
Mesmo contra a vontade de alguns descendentes, que tudo fizeram para o impedir – houve até quem duvidasse que o antepassado gostasse de estar em companhia desses ilustres cidadãos… – e da boa gente de Baião, habituada à “presença” do escritor, no Cemitério de Stª. Cruz do Douro, o tribunal sentenciou a favor da Fundação Eça de Queiroz.
O maior estilista da língua portuguesa deixou, portanto, de ser “ pertença” exclusiva da família e dos baionenses, para ser de todos os portugueses.
Homenagens justíssimas, já que seus contemporâneos não souberam ou não quiseram prestar-lhe, após o falecimento, as honras de que era merecedor.
Como não se pode, talvez nem se queira, levar Camilo para o Panteão Nacional, parece-me de inteira justiça erguer, como se fez com Aristides de Sousa Mendes, no Panteão, cenotáfio de homenagem a Camilo Castelo Branco. Era gesto de louvar e prova que o romancista não está esquecido.
Durante as cerimónias fúnebres de Camilo, Guerra Junqueiro sugeriu – que devia ser sepultado nos Jerónimos e fosse decretado luto nacional.
E no Parlamento, Alberto Pimentel, propôs que ficasse registado em acta – “ Um voto de profundo sentimento pela morte do iminente escritor, Visconde de Correia Botelho, Camilo Castelo Branco, glória da literatura nacional”.
Infelizmente essas vozes amigas foram em vão. Camilo: “ O Primeiro Romancista da Península”, como se dizia, ou: “ O Príncipe dos Escritores”, como afirmou Reis Santos, na oração fúnebre, permanece, quase esquecido, no jazigo de amigo, no Cemitério da Lapa, no Porto.
A concluir, julgo oportuno levar ao conhecimento do leitores, o parecer do conceituado filólogo, fundador da “ Sociedade da Língua Portuguesa”, Vasco Botelho de Amaral, no:” Glossário Critico”, sobre Camilo:
(…) A linguagem de Camilo é riquíssima de valores expressivos (…) Em todas as páginas revela o Mestre, o diligente estudo a que se consagrou, auscultando os dizeres das bocas populares e investigando nos clássicos documentos ignorados, mas inestimáveis riquezas idiomáticas. Junte-se a isto o extraordinário génio verbal e estilístico do escritor, e como resultado se nos apresentará a admirável vernaculidade da linguagem de Camilo”.
TEMPO SECO
A água que corre para o mar
Tem chovido com alguma frequência, nas últimas semanas. Para muitos é bom, para outros é insuportável e para os restantes é indiferente. E, é nestes últimos que recaiu uma estranha amnésia de curto espaço, que apagou dos seus limitados cérebros, os efeitos das alterações climáticas e alguns procedimentos, de forma a minimizar as sua consequências.
O ano transato, não deferiu muito deste: houve algumas semanas de chuva no outono, mas o inverno foi bem seco, e a primavera quase floriu em janeiro. Mas, não só estes dois anos, foram de calor extremo e secas severas, como também os outros e os outros… que lhes antecederam, e foram idênticos.
A água que hoje corre para o mar, vai-nos fazer muita falta amanhã! As águas retidas nas albufeiras das barragens, não servem só para a produção de energia elétrica. Mesmo que fosse essa a sua única utilidade, ainda assim, não deixava de ser um investimento de valor acrescentado: ainda estamos muito longe da nossa autossuficiência energética descarbonizada. E, pelo andar da carruagem, parece nunca ir acontecer, mesmo que o “nunca” se situe, lá para o final deste século.
A barragem de Girabolhos, que um qualquer governo - e nem interessa qual - resolveu construir no Rio Mondego, teria uma utilidade pública de grande valia. A começar pelo aumento da nossa capacidade hidroelétrica. Pelo contributo na regularização das cheias no Baixo Mondego. Pelo abastecimento de aeronaves no combate aos incêndios, cujas ignições são tão frequentes, como danosas, na área de influência da sua implantação. E, principalmente para aumento da capacidade de retenção das águas pluviais, provenientes do seu imensurável escoamento, cerca de 70%, resultante: da destruição, quase total, da floresta local, e das enormes impermeabilizações derivadas das construções da A25, A23 e outras de caráter urbano, realizadas nos últimos 50 anos.
O processo de construção desta barragem, estava atrasado, mas já tinham começado a ser pagas as indemnizações, aos proprietários dos terrenos. De repente foi suspenso, com o compromisso assumido pelo PS, com os partidos à sua esquerda, que viabilizaram a geringonça, e por influência, na opinião de muita gente, do partido ecologista os Verdes; numa clarividência absoluta, de que: “nem tudo o que luz é ouro” e nem tudo o que é verde é ecológico!… Aqui não havia gravuras rupestres nas rochas! E, a fauna e a flora local, há muito que haviam sido dizimadas, pelas vagas de incêndios, que ano após ano assolam a região. Assim, a sua suspensão não passou de um ato de evidente trampolinice política, para alcançarem o poder, e com plena lucidez do prejuízo nacional causado. Nada mais que isso!
Conformados, a que os sucessivos governos deste país, realizem obras de fachada, de grande impacto visual, e quase sempre, de pouco ou nenhuma utilidade rentável, mas tão somente: com a finalidade de iludir e estimular os incautos votantes.
Deveríamos, com urgência, começar a exigir contas: do custo/benefício dos investimentos públicos, para que o supérfluo não se sobreponha ao essencial. E, para deixarmos, de uma vez por todas: de corrermos, sempre, atrás do prejuízo, com os maus atos de gestão pública, a que já fomos habituados.
CONSULTÓRIO
ESTÁ A VOLTAR O TEMPO DAS CONSTIPAÇÕES
Começaram, finalmente, as chuvas, as barragens voltam a encher e o tempo mais fresco, principalmente no fim da tarde, durante a noite e no começo da manhã, traz consigo uma diversidade de pequenas afecções que se traduzem por um nariz que escorre, espirra ou se entope, por uma garganta que arranha, incomoda, dói ou fica irritada, e pelo aparecimento de tosse seca e irritativa ou acompanhada de expectoração…
E porque é que este tempo, mais húmido e mais fresco é, assim, tão propício às constipações, às bronquites, à gripe e às anginas ou amigdalites?
E o que devemos fazer para nos proteger?
É uma evidência: outono e o inverno são propícios ao aparecimento de constipações e infecções respiratórias. Mas porquê?
A explicação é relativamente simples. O tempo mais frio e húmido facilita a transmissão e contágio dos vírus respiratórios (são mais de 200 e os mais importantes são o da Gripe assim como, agora, o Covid) e bactérias, que vão passando de pessoa para pessoa. Mas nem todas as pessoas que entram em contacto com estes agentes infectantes vão ficar constipadas. Só as mais frágeis ou mais debilitadas é que vão ficar doentes. E o arrefecimento fragiliza as vias aéreas. Com efeito, ao provocar uma constrição dos vasos sanguíneos do nariz, as defesas imunitárias da mucosa nasal diminuem, facilitando a entrada dos vírus. Em resumo, este tempo é um agressor das mucosas das vias aéreas superiores, as quais se tornam menos eficazes no seu papel de barreira antiviral.
Primeiro conselho para limitar as constipações: evite os ambientes fechados e com muitas pessoas
Se no exterior o risco de arrefecimento aumenta, a verdade é que os vírus andam mais dispersos pelo ar (desde que não haja uma grande aglomeração de pessoas que vão aumentar o risco de transmissibilidade dos vírus). Ao contrário, os ambientes fechados podem transformar-se num verdadeiro ninho de vírus, porque estes se encontram confinados e se transmitem mais facilmente entre todos os residentes, não só por transmissão através da via aérea, mas também através das superfícies – daí a recomendação de voltarmos a usar máscaras nestes ambientes de maior risco-.
Convém arejar, com regularidade, a casa e renovar o ar, pelo menos, uma vez por dia. Não se recomenda sobreaquecer as divisões sendo, mesmo, conveniente humidificar as mesmas porque o ar muito seco agride também as mucosas nasais e torna-as mais sensíveis aos agentes infecciosos.
Segundo conselho para limitar as constipações: lavar as mãos regularmente
Lavar as mãos com frequência deve constituir quase um reflexo. É preciso também secá-las com uma toalha limpa e pessoal utilizando, de preferência, toalhetes descartáveis; o mesmo em relação aos lenços de assoar, assim como com os agasalhos.
E, se vier o frio
Convém relembrar os conselhos de base que revelam bom senso: evitar as exposições prolongadas ao frio e ao vento, as correntes de ar, manter-se aquecido, usar um impermeável para impedir que a humidade atravesse a roupa…
Em contrapartida, esquece-se, com relativa facilidade, que em caso de grande frio é preciso evitar o álcool, sob todas as formas (grogues, vinho aquecido, gemada com vinho do porto…). Contrariamente a uma ideia preconcebida o álcool não reforça o sistema imunitário, mas, ao contrário, fragiliza-o ao congestionar as vias aéreas e diminuindo a eliminação dos microrganismos. Em caso de tratamento medicamentoso, o álcool pode favorecer o aparecimento de efeitos secundários.
Os antibióticos não devem ser prescritos ou tomados de uma forma automática. Com efeito, como a maior parte das infecções das vias aéreas são de origem viral (constipações, rino-faringites, bronquites, bronquiolites…) os antibióticos não têm, aqui, qualquer cabimento. Apenas têm indicação no caso de haver uma infecção de origem bacteriana.
Também, outro preconceito errado, não aproveitar o frio para comer mais. O organismo não tem necessidade de mais calorias para passar o inverno. O único resultado será um aumento de peso, o qual irá aumentar a fadiga.
Finalmente, verificar o bom funcionamento dos sistemas de aquecimento e dos esquentadores, as braseiras, a limpeza das chaminés e promover uma boa ventilação das diferentes divisões da casa. Tudo isto para prevenir as intoxicações pelo monóxido de carbono, um gás mortal que todos os anos faz um número muito significativo de vítimas mortais. Uma razão de peso para que se areje, diariamente, cada divisão.
lendas, historietas e vivências
A CULTURA
DOS
“POBREZINHOS”
Eu coloquei pobrezinhos entre aspas porque na realidade não considero que existam lugares ou povos que não tenham uma CULTURA muito própria. De vez em quando detenho-me a reflectir sobre esta questão porque desde há largos tempos para cá, é uma expressão que está na ordem do dia quando há umas largas décadas, senão séculos, era um vocábulo só usado pelas pessoas eruditas. E entrou-me esta na cabeça motivada pela leitura de jornais. Desde que me conheço sempre me deu prazer fazer a leitura diária de um jornal que normalmente comprava, fruto de influências paternas. Isto poderá considerar-se um vício, já que não prescindo da leitura de um ou mais jornais diários e semanais preferindo comprá-los e lê-los no remanso do meu serão, do que cansar os olhos nas notícias que nos são transmitidas por vias electrónicas repetitivas e desgastantes. Então esta minha paixão pelas Beiras serranas, as chamadas raianas, pedregosas, não fáceis de lhes tratar as terras de modo produtivo, leva-me a semanalmente a adquirir o “Jornal do Fundão” que desde miúda me lembro ver nas mãos do meu Pai. Para lá das leituras de outros diários e semanários não há dúvida de que o meu deleite é absorver as notícias deste simpático jornal semanal da Cova da Beira e constatar que a chamada Raia e as suas populações não baixam os braços perante as agruras do clima e da sua posição geográfica afirmando-se, de ano para ano, como uma região de excelência. Não só nas produções agrícolas e industriais também fomentando com engenho actividades culturais – cada aldeia, cada cidade não descuram as vivências das suas tradições populares, como também das eruditas. Têm os seus cinemas, os teatros e museus com programas de excelente nível. O seu desígnio de terras do Interior, distantes de tudo o que era “civilização,” que ao longo dos séculos viveu quase num adormecimento nunca deixou afinal de se movimentar para sobreviver. Fosse de burro, cavalo, carroças e carros de bois faziam os seus percursos transportando os produtos que esforçadamente conseguiam pelo seu trabalho diário. Cá para o litoral, ou seja, na banda oeste da Serra da Estrela já a vida se processava de forma mais desimpedida de modo a criar riqueza. Eram os meios de transporte mais céleres e cómodos que possibilitavam outros contactos, outros negócios e outra Cultura. Estou a gostar de me passear pela Cultura da raia. Continuarei.
SANFONINAS
Luz vermelha
Cândido Ferreira já não pertence ao nosso mundo; deixou-nos em Fevereiro deste ano. Aliás, as suas intervenções nos últimos anos de vida poderiam já ser consideradas «do outro mundo», como foi o caso do livro “Covid-19 A Tempestade Perfeita”, sobre que o médico Rui Crisóstomo – em cerimónia de homenagem realizada em Cantanhede, sua terra natal, a cujo município mui significativamente Cândido Ferreira entregou parte do espólio histórico que foi reunindo ao longo dos anos – afirmou que as soluções aí apontadas, «por estarem sempre muito à frente no tempo, só muito mais tarde foram reconhecidas na sua justeza e validade», acrescentando: «Infelizmente, quando o foram, para muitos, era tarde demais».
Retomo a evocação da sua memória, porque dele guardei esta frase que me enviou numa das muitas mensagens que tivemos oportunidade de trocar:
«No entanto, três meses depois da apresentação da candidatura, bloqueado pela principal imprensa, que sobre mim só passava contrainformação, ganhei a certeza de que o melhor seria desistir. Pois se até entrevistas televisivas solicitadas foram alvo de apagão, enquanto jornalistas amigos me avisavam que sempre se acendia uma qualquer “luz vermelha”, quando o meu nome aparecia nas Redações».
Referia-se à candidatura à presidência da República.
Ocorreu-me agora a sua alusão à ‘luz vermelha’. Não, por encontrar, amiúde, quem, na estrada, passe a toda a brida e o semáforo já virara encarnado, mas porque a frequência dessas tais luzinhas vermelhas está a aumentar substancialmente.
Cândido Ferreira partiu, consciente de que, custe-lhe o que custasse, não obedecia ao eufemismo do «politicamente correcto» e, por isso, a luzinha acendia; nós, os que por cá ainda andamos e tivemos a experiência de aprender a escrever para a Censura, acabamos por, agora, recomeçarmos essa aprendizagem.
O perigo espreita, porém: o de nos acomodarmos, baixarmos os braços, quem vier atrás que feche a porta, para que hei-de eu ralar-me, eles são pagos para isso, albarde-se o burro à vontade do dono!…
O dono é que nem sempre domina à perfeição as técnicas do albardar e, quando menos se espera, lá vai a cangalha ao chão com tudo o que tem em cima e nada há que se aproveite depois. Chora-se sobre o leite derramado, mas só o canito que passe o tentará lamber…
25 de Novembro de 1975
Portugal viveu, há 48 anos, o 25 de Novembro, que opôs militares da extrema-esquerda e “moderados”, ditou o fim da revolução portuguesa iniciada com a revolução do 25 de Abril de 1974 e a normalização democrática do país.
A expressão “dramática aventura” relativa ao 25 de Novembro é do general Costa Gomes, o Presidente da República que, do Palácio de Belém, em Lisboa, foi negociando com todas as barricadas para evitar um confronto que poderia ter arrastado o país para uma guerra civil.
De um lado estava a esquerda militar, influenciada pela extrema-esquerda e comunistas, dividida entre “gonçalvistas”, próximos do ex-primeiro-ministro Vasco Gonçalves e do PCP, e “otelistas”, apoiantes do estratego do 25 de Abril e chefe do COPCON (Comando Operacional do Continente), adeptos da “via revolucionária”. Do outro estavam os “moderados”, congregando militares e forças à direita do PCP — incluindo o PS de Mário Soares e o PSD de Sá Carneiro — e que acabaram por ter o aval de Costa Gomes.
Um ano e meio depois da Revolução dos Cravos, que derrubou a ditadura mais antiga da Europa, de quase meio século, a revolução estava na rua outra vez. A banca e os seguros já tinham sido nacionalizados e a reforma agrária no Alentejo e Ribatejo estava no auge.
O ex-Presidente da República e “herói” do 25 de Novembro, Ramalho Eanes, teve um papel fundamental para travar a tentativa de golpe militar.
No livro “Abril em Novembro”, de Rui Salvada, nascido em Beja em 1943, que comandou a 21ª Companhia de Comandos na Região Militar de Moçambique, que teve participação relevante na Operação Nó Górdio, tendo sido agraciada com a Cruz de Guerra de 1º Classe, atribui o 25 de novembro à tentativa de criação de um “Portugal terceiro mundista” ao serviço das forças comunistas internacionais e realça o papel de Jaime Neves nos acontecimentos desse dia – foi o então coronel, à frente do regimento de Comandos da Amadora, que comandou o ataque que obteve a rendição das chefias da Polícia Militar, no quartel da Calçada da Ajuda, evitando uma guerra civil e contribuindo para a consolidação da democracia.
Lembrar o 25 de Novembro de 1975 é o garante do respeito pela promessa de uma democracia liberal que não é nem de esquerda nem de direita, mas de ambas e, face à sua importância, devia ser convenientemente celebrada na casa da democracia. Renegar a sua importância história seria um péssimo serviço ao país.