25 de Novembro de 1975

Portugal viveu, há 48 anos, o 25 de Novembro, que opôs militares da extrema-esquerda e “moderados”, ditou o fim da revolução portuguesa iniciada com a revolução do 25 de Abril de 1974 e a normalização democrática do país.
A expressão “dramática aventura” relativa ao 25 de Novembro é do general Costa Gomes, o Presidente da República que, do Palácio de Belém, em Lisboa, foi negociando com todas as barricadas para evitar um confronto que poderia ter arrastado o país para uma guerra civil.
De um lado estava a esquerda militar, influenciada pela extrema-esquerda e comunistas, dividida entre “gonçalvistas”, próximos do ex-primeiro-ministro Vasco Gonçalves e do PCP, e “otelistas”, apoiantes do estratego do 25 de Abril e chefe do COPCON (Comando Operacional do Continente), adeptos da “via revolucionária”. Do outro estavam os “moderados”, congregando militares e forças à direita do PCP — incluindo o PS de Mário Soares e o PSD de Sá Carneiro — e que acabaram por ter o aval de Costa Gomes.
Um ano e meio depois da Revolução dos Cravos, que derrubou a ditadura mais antiga da Europa, de quase meio século, a revolução estava na rua outra vez. A banca e os seguros já tinham sido nacionalizados e a reforma agrária no Alentejo e Ribatejo estava no auge.
O ex-Presidente da República e “herói” do 25 de Novembro, Ramalho Eanes, teve um papel fundamental para travar a tentativa de golpe militar.
No livro “Abril em Novembro”, de Rui Salvada, nascido em Beja em 1943, que comandou a 21ª Companhia de Comandos na Região Militar de Moçambique, que teve participação relevante na Operação Nó Górdio, tendo sido agraciada com a Cruz de Guerra de 1º Classe, atribui o 25 de novembro à tentativa de criação de um “Portugal terceiro mundista” ao serviço das forças comunistas internacionais e realça o papel de Jaime Neves nos acontecimentos desse dia – foi o então coronel, à frente do regimento de Comandos da Amadora, que comandou o ataque que obteve a rendição das chefias da Polícia Militar, no quartel da Calçada da Ajuda, evitando uma guerra civil e contribuindo para a consolidação da democracia.
Lembrar o 25 de Novembro de 1975 é o garante do respeito pela promessa de uma democracia liberal que não é nem de esquerda nem de direita, mas de ambas e, face à sua importância, devia ser convenientemente celebrada na casa da democracia. Renegar a sua importância história seria um péssimo serviço ao país.