Arquivo mensal: Dezembro 2020

EDITORIAL Nº 789 – 15/12/2020

Festas Felizes
Este Natal vai ser festejado de forma bem diferente do que era habitual.
Mas, não é a pandemia que nos vai tirar o espírito de Natal. Pandemia que nos bloqueia os afectos, esmaga a economia e nos cria desânimos para o futuro. Mas o Natal é a festa da Família e a Família é Sagrada.
Os pequenitos andam irrequietos à espera dos presentes. Escrevem as cartas ao Pai Natal e ao Menino Jesus e na sua inocência esperam que os sapatinhos se encham de brinquedos e de sonhos.
É esta a magia do Natal! Festa festejada em todo o mundo por cristãos e não cristãos.
Esta festa originalmente destinada a celebrar o Nascimento do Deus Sol (Solstício de Inverno), foi no Sec. III aproveitada pela Igreja para comemorar o Nascimento de Jesus Cristo de Nazaré.
Natal, tempo de partilha, de dar e receber. Tempo de olhar para os outros, principalmente para aqueles que sofrem. E nesta altura há muita gente a sofrer.
Também tempo de doces, de rabanadas e bolo rei. E de chocolates. Dizem os entendidos que comer um quadradinho de chocolate faz bem, é como ter um pedacinho de céu na boca a derreter. E o chocolate ajuda a melhorar o humor, diminui a ansiedade e o mundo parece mais bonito. Mas, não está! O mundo está feio e tem cortado a felicidade a muita gente.
A nossa grande preocupação coloca-se nas pessoas. Porque só as pessoas nos interessam. Os seus problemas, o quotidiano, as suas dores e o seu futuro.
Este é o Pensamento do Jornal Renascimento. E trabalhamos nesse sentido.
E neste Natal, que devia ser da Família toda reunida e não pode ser, resta-nos uma longa lista de desejos. Sabemos o que nos falta, mas não sabemos como lá chegar.
Como ninguém tem o dom de adivinhar o futuro, fazem-se prognósticos, exercícios de imaginação a dizer como será o mundo daqui para a frente. Mas, isto, muitas vezes só serve para desorientar. O futuro, verdadeiramente, ninguém sabe.
Mas, todos nós desejamos que seja diferente, para melhor.
O Jornal Renascimento, uma publicação feita por portugueses em Mangualde, para portugueses em todo o mundo, como muito bem disse Sua Excelência o Senhor Presidente da República na Mensagem de Natal que escreveu especialmente para este Jornal, publicada na Edição de 1 de Dezembro, envia a todos os seus leitores, os mais ardentes votos de Feliz Natal, Festas Felizes e Muita Saúde.
E muita Esperança no Futuro!

Mesmo com Covid 19, o Natal existe!


A época natalícia era sempre bafejada por aromas e pregões próprios que anunciam uma altura de alegria e partilha familiar. O cheiro das castanhas assadas envolvido com a fragância das folhas caducas molhados no chão fazia qualquer pessoa inspirar com os olhos fechados e suspirar com um semblante nostálgico. Era inevitável lembrar os momentos entre família de anos anteriores surgindo sempre um sorriso acompanhado de olhos brilhantes de emoção.
Para quem vivia nas cidades com origens mais rurais, o Natal era o bálsamo do alvoroço das rotinas apressadas. Para quem era poupado da ansiedade diária de viver numa cidade, nutria uma cobiça de quem vivia nas grandes cidades, mas no Natal tudo era olvidado imperando a alegria de partilhar a presença de quem não se via há tanto tempo… Tempos em que os Postais de Natal eram uma tradição e a realização do presépio era um hábito agraciado por admiração já conhecida, pela escolha do pinheiro, pela colheita do musgo, pela construção do cenário do nascimento do menino Jesus com múltiplas peças de barro tão português… e aquele momento da primeira vez que se ligam as luzes? O silêncio apenas quebrado por “Tão bonito!”
Quer seja polvo, ou galo, ou bacalhau ou perú, todos sabíamos que na consoada a mesa seria farta com iguarias que apenas a mais experienciada cozinheira da família sabia fazer… As filhós, as azevias, os sonhos, as rabanadas, eram outros dos aromas que preenchiam as nossas memórias. Em tempos que a televisão tinha 2 canais apenas, as conversas eram mais ricas que a doçaria em cima da mesa. O consumismo era definido como um luxo, mas ninguém o desejava, porque a alma estava preenchida com a família. A partilha de estar, superava em muito a necessidade de mostrar, ou exibir. Aliás, grande parte da população passou por vários sacríficos pessoais, quer seja pelo regime quer pela perda de vidas na guerra de Ultramar.
Hoje o Natal é atulhado de anúncios para consumir coisas que geram pouca alegria, e desviam do verdadeiro valor de partilhar… Lembro-me de uma avó dedicada para ver os netos, que decidiu adoçar a gula das crianças fazendo uns sonhos e umas filhós, com a fadiga entornou óleo em suas mãos e fez queimaduras bastantes feias no braço. Enquanto tratava da sua ferida corriam lágrimas pelas suas faces sulcadas pelos anos, e pensando tratar-se de dor, desculpei-me pelo incontornável sofrimento. “Não Srª Enfermeira, choro porque tive tanto trabalho e eles decidiram ir para o Algarve passar o Natal com os amigos”. A presença nem sempre tem de ser física, mas pode ser dedicada e valorizada com muito amor! Bom Natal e estimem quem mais vos ama!

REFLEXÕES

PATRIMÓNIO CULTURAL (13)
CITÂNIA DA RAPOSEIRA
À medida que vou recordando um pouco do que foi o dia – a- dia de escavações neste sítio arqueológico, sinto que devo recuar um pouco no tempo e vou situar-me nos anos anteriores a 1970, quando a nível universitário a área da Arqueologia não era preponderante. Havia o Curso de História e quem se aventurava na pesquisa arqueológica eram os sonhadores que para além da História poderiam ter o curso de Arquitectura em que era integrada a História de Arte. Também apareciam outros académicos que sendo advogados ou médicos ou de qualquer outra especialidade tinham paixão pela investigação na área da Arqueologia. Digamos que no anterior regime não havia grande interesse neste ramo do Saber e quem se dedicava a ele era por curiosidade, por vontade de encontrar vestígios comprovativos da existência de outros povos e outras culturas em determinado território, digamos por Amor à investigação. No entanto, no início de 70 começou a sentir-se uma outra exigência cultural, que se veio a afirmar depois da revolução. Não havendo especificamente um curso de Arqueologia ele saía do curso de História (e o mesmo acontecia com o da História da Arte) em que o último ano era designado Variante de Arqueologia e cujo programa de alguns meses se debruçava especificamente nesses estudos o que em abono da verdade significava muito pouco para o vasto panorama desse saber.
Também a nível Municipal, até 70, não havia nenhuma motivação para este tipo de actividades. Nem se apercebiam que o seu concelho poderia possuir testemunhos valiosos dum Património Cultural cujo conceito não era ao tempo entendido, nem tão pouco se conhecia um Inventário dos bens culturais concelhios. Foi preciso, sem dúvida, haver a revolução em 74 para que largas áreas da Cultura ganhassem preponderância e o seu lugar no Futuro. Para lá duma grande reorganização dos cursos universitários que abriram horizontes a outros ramos do Saber também nos diversos Ministérios se desenvolveram políticas abertas nomeadamente à Investigação nos mais variados sectores da actividade nacional estendendo em muito casos essas directrizes também ao poder autárquico. Mas só em 1999 a Arqueologia ganhou asas próprias deixando de ser uma simples extensão da História e passando a ser um Curso com licenciatura própria. Também a nível ministerial se processaram grandes alterações criando-se em 1980, um organismo que se revelou essencial na organização e estudo de diversas áreas culturais do País- o Instituto Português do Património Cultural ( IPPC ). Os ministérios iam-se reformulando aceitando novos conceitos, passou-se tempo a alterar normas e orientações. Também na área da Arqueologia se processaram profundas alterações criando os Serviços Regionais de Arqueologia da zona Norte, Centro e Sul os quais desenvolveram um trabalho meritório tanto a nível científico como no desenvolvimento e apoio a um número considerável de sítios por todo o Pais com projectos de investigação. Foram alguns anos excelentes em que houve um apoio concreto e salutar a inúmeros trabalhos de escavações, cujos testemunhos ainda hoje perduram mais ou menos conservados e protegidos. Mas como se verificava em muitos outros Ministérios também o da Cultura estava frequentemente a sofrer alterações na sua orgânica, nem sempre positivas. Daí que, quando menos se esperava, os Serviços Regionais foram extintos e com tal decisão se arrasta um rol de verdadeiros desastres se reflectirmos no imenso espólio arqueológico tanto objectos, como outros valores e documentos que foram arrastados neste dilúvio. Más decisões, muito más, fruto não se sabe de que forças obscuras ou ervas daninhas que avançaram sem um Norte.
Dezembro 2020

IMAGINANDO

Parte 85
Dando continuidade à parte 84, venho propôr ao leitor uma breve introspeção, entre o que nós somos como riqueza espiritual e como nos comportamos no dia a dia, contrariando a nossa essência Divina.
Será um pequeno excerto de um trabalho que uma equipa do Blog “O Caminho do Universo” desenvolveu, dando o seu melhor para um esclarecimento global, porque todos caminhamos para uma Transição Planetária.
Continuo a afirmar, que esta é apenas a minha opinião.
NÓS SOMOS NÓS PRÓPRIOS ? Parte 1
São 8 horas, Cristina como habitualmente, se levanta a esta hora para preparar o pequeno almoço e destinar o almoço para seus familiares.
Entretanto antes de começar esta tarefa, chama por Joana e Pedro para se levantarem, arranjarem e partirem para as escola e Faculdade respetivamente.
Já o Miguel seu marido começou a sua higiene pessoal, um bocadinho tristonho porque ao espreitar pela janela o dia estava pouco sorridente.
Após pequeno almoço tomado, cada um parte para os seus trabalhos e aí começa mais um dia habitual, que está sendo repetido por anos e anos.    
Cristina é funcionária de uma grande empresa multinacional e o seu trabalho está limitado à contabilidade, tendo que dar conta aos seus superiores hierárquicos se o negócio está correndo bem. Se este se mantiver normal tudo bem, mas o Sr. Administrador vai pressionando que são precisos mais lucros, que Cristina tem que envidar mais esforço para manter o seu Posto de trabalho, e dar mais horas porque são precisos grandes investimentos para engordar o topo da pirâmide.
Começa uma vida de stresse, pela lembrança de que precisa daquele dinheiro para sustentar a família e conseguir uma educação adequada para seus filhos.
O Miguel é Caixa num Banco e durante 15 anos não faz outra coisa, a não ser receber e pagar aos clientes.
Mas há uma chamada para reunião com a  Administração e os seus colegas. Começa a aperceber-se que a vida do banco não está correndo bem, que há necessidade de despedir pessoal. Miguel começa a raciocinar que para não ficar para trás, tem que trabalhar ainda mais, porque a concorrência é de tal modo, que ele pode ser dos primeiros a ter o seu contrato rescindido. Começa aqui a disputa entre colegas e “o salve-se quem puder”. Regras são postas de parte e a honestidade a ser questionada. Mais um dia completo de um nervosismo intenso na luta pela sobrevivência, porque o salário faz parte para a manutenção da família.
Joana e Pedro, ela na faculdade e ele ainda no ensino escolar, começam a receber, cada um em sua fase, uma educação que a Sociedade impôe, para mais tarde serem futuros  e exemplares colaboradores de uma máquina geradora de dinheiro, para obterem lucros e mais lucros a favor de determinadas Empresas.
Já o dia terminou e todos regressam ao lar.
Cristina começa a preparar o jantar.
Miguel, que pelo caminho de regresso a casa havia comprado o jornal do dia senta-se no sofá, começa a ler e dar uma vista de olhos pelo Totoloto e “com alguma sorte” era um dinheirinho benvindo, talvez para comprar uma televisão nova para a sala, porque esta já está um pouco ultrapassada.
Joana e Pedro cada um em seu quarto pegam nos respetivos telemóveis e há que pôr a escrita em dia, trocando mensagens com seus amigos virtuais.
Chegou a hora de jantar.
Sentam-se à mesa e Miguel quer saber mais um pouco o que se passa no mundo. Liga a televisão.
“Notícias de última hora”. Determinado País atacou com bombas nucleares e resultaram milhares de feridos. Um acidente provocou dezenas de mortos, etc, etc.
“Intervalo para publicidade”: Compre este produto depressa antes que esgote. Estamos oferecendo viagens àquele País por um preço extremamente baixo, aproveite porque já temos poucas reservas. O Banco tal oferece taxas mais baixas. Se não tiver dinheiro agora, utilize o cartão de crédito.
Resultado: Após um dia de trabalho stressante e de um jantar bombardeado por um noticiário alarmante, todos se vão deitar, preocupados com tudo o que está acontecendo ao seu redor, atraindo para os seus subconscientes uma imagem de um futuro muito negro.
No dia seguinte e nos outros dias: A mesma coisa.
Após este relato, e retrato da maioria das famílias, pergunto:
Isto Somos nós próprios?
Continua…

SANFONINAS

Matamos quem nos quer salvar!
Recebi já o postal de Natal do Doutor Jorge Paiva, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra. Paladino da biodiversidade, que, o ano passado, nos brindou com o livro Natal Verde, colectânea dos postais enviados ao longo de 30 anos, Jorge Paiva pôs, este ano, bem fundo, o dedo na chaga por que estamos a passar.
Fiquei estupefacto, digo desde já. Sabia que as árvores eram importantes, pelos mais variados aspectos: a beleza, os frutos, as essências que das suas folhas se podem extrair, o oxigénio que fornecem… Enfim, mil e uma razões para as protegermos. Agora, que nelas vivam seres ultramicroscópicos – os mixomicetes – fundamentais para o equilíbrio da espécie humana jamais me passaria pela cabeça!…
Eu conto o que o Professor nos diz no seu postal natalício: os mixomicetes vivem nas florestas, quer na manta morta quer na superfície das plantas; assim, quando se abate uma árvore, matam-se também os mixomicetes, cujo alimento (pasme-se!) são microrganismos como leveduras, fungos, bactérias, vírus… E agora veja-se:
HIV / SIDA: a sida surgiu na floresta da África Tropical. Os culpados? Os macacos. Mas… não estariam esses macacos cheios dos vírus que a ausência dos mixomicetes das árvores derrubadas deixou proliferar?
ÉBOLA: esta febre hemorrágica também nasceu na África Tropical, causada por vírus que deviam ter sido comidos pelos mixomicetes – e não o foram, porque a floresta o Homem a foi desbastando…
COVID-19: também se diz que foram os morcegos que a transmitiram ao Homem, porque portadores do vírus Betacoronavírus… que a ausência de mixomicetes deixou proliferar!
Temos apenas 20% das florestas que existiam quando o Homem surgiu na Terra. E é nesta Terra, conclui o Doutor Jorge Paiva, que «temos vindo a dizimar predadores de microrganismos, que podem vir a ser agentes de novas enfermidades letais e que não vamos poder controlar».
Sem florestas, a Terra tornar-se-á inabitável para os seres humanos.

Contratos: como TAPar os olhos com o Novo Banco


Neste barco à deriva, com um governo fraco, sem qualquer visão para o país, com o OE apoiado por um partido comunista, e que aguarda ansiosamente o dinheiro Europeu para começar a reanimar a economia, eis que o contrato de venda do Novo Banco e da reprivatização da TAP voltaram para nos assombrar!
Em 2017, o Governo liderado por António Costa assinou o acordo para a venda do Novo Banco à Lone Star. O LS não pagou qualquer preço, tendo injetado 1.000 milhões de euros no NB. Além disso, durante oito anos o Fundo de Resolução poderia ter de compensar o NB pelos negócios ruinosos em que se envolveu, como se veio a verificar.
Desde então e até hoje, o FR injetou, para já, 4.900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas, ou seja, nos bolsos de cada contribuinte, uma vez que este está na esfera do Estado.
O Governo PS disse “nem um euro” público será gasto no NB, já que o dinheiro que o Estado está a emprestar ao FR para recapitalizar o banco será pago por este em 30 anos. Aguardemos então pela devolução do dinheiro como aguardamos pela divulgação integral do contrato assinado entre as partes.
Da auditoria à gestão do NB ainda nada se sabe como também ainda ninguém foi condenado pelos atos de gestão ruinosa que levaram à queda do Grupo Espírito Santo. Quantos anos já passaram? Pois…
Já os contratos sofrem de uma bipolaridade significativamente gravosa para todos os portugueses. Quando os contratos são com grandes empresas internacionais, os mesmos são para cumprir “no matter what”, quando os contratos são com os cidadãos portugueses, os mesmos serão cumpridos, se der jeito!
Atente-se no que se passou com a TAP e o que ainda por aí virá!
Em 2015, com a reprivatização no Governo de PPC, “o Estado satisfez compromissos internacionais, viabilizou uma empresa considerada de importância estratégica, melhorou as contas da Parpública (€692M) e assegurou a recapitalização pelo parceiro privado (€337,5 M), mas perdeu controlo estratégico e garantiu dívida financeira da empresa em caso de incumprimento (€615M)”. Em 2016, com a recompra no Governo de Costa, “o Estado recuperou controlo estratégico, mas perdeu direitos económicos, além de assumir maiores responsabilidades na capitalização e no financiamento da empresa” (dados dos relatório de auditoria do Tribunal de Contas de 2018).
Na prática, o Estado é o maior acionista, mas não manda na empresa e assume mais riscos do que os acionistas privados, sendo mesmo o único responsável em caso de incumprimento da dívida por parte da companhia aérea nacional.
O ministro das Infraestruturas defende que a TAP “é do povo português para o bem e para o mal” mas pergunto eu, quanto Portugueses é que já usufruíram dos serviços da TAP mas, mesmo assim, contribuem com o dinheiro dos seus impostos? Mais um buraco sem fundo! Neste caso, Passos salvou os portugueses da TAP. Costa salvou a TAP à custa dos portugueses!
Votos de um Santo e Feliz Natal para todos e, se possível, com muita saúde!

6 de dezembro2020

A Ceia de Natal


A Ceia de Natal também chamada entre nós de Consoada, reune à volta da mesa as famílias para uma refeição reforçada e muito especial.
No dia em que o homem inventou a mesa, talvez uma rude pedra, reuniu à sua volta a sua família e os seus companheiros para distribuir o pão. O pão é o melhor símbolo da civilização. A civilização distribui o pão e a selvajaria retira-o.
Jesus decidiu que fosse a mesa, a Última Ceia, a que presidiu, a força de união entre os seus companheiros. E comeu o Pão e bebeu o Vinho em companhia, com os companheiros. Companheiros, aqueles que connosco comem o pão. É este o grande significado desta palavra.
Mas a origem da Ceia de Natal é anterior aos relatos bíblicos relacionados com Jesus. Os povos pagãos comemorávam a data do solestício de inverno, por ser a noite mais longa do ano no hemisfério norte. Preparavam banquetes e presenteavam os seus entes queridos. Na europa, existia também o antigo costume de deixar as portas de casa abertas no dia de Natal, para receber viajantes e peregrinos que confraternizavam com a família hospedeira.
Nos dias de hoje, nada mais representativo da família do que uma mesa de Natal com pais, filhos, netos e familiares chegados coberta de iguarias. Mas quis um vírus que interrompessemos esta tradição. Uma tradição com mais de dois mil anos de história. Este ano, dizem os nossos governantes: “as famílias têm de se preparar para celebrar o Natal de forma diferente”. “Não vamos poder estar todos juntos e vamos ter de nos repartir”. Vai certamente ser assim um Natal com menos brilho, mais triste, mais só. Uma mesa coberta de iguarias sem comensais é a forma mais expressiva da solidão. A fartura da mesa de Natal, os sabores, os perfumes dos pratos, as cores, fornecem um acorde, uma harmonia que tornam inigualável este momento que devia ser de fraternidade, amizade, amor e alegria.
Na mesa de Natal não pode faltar o bacalhau cozido, regado com um bom azeite português. E os doces, qual o mais especial, rabanadas, aletria, filhoses, pão de ló, bolo rei, é um nunca mais acabar. Por fim, faltam os vinhos, de muitas marcas, sabores e origens para completar a festa.
Mas, o que verdadeiramente anima a Consoada e trás os pequenitos alvoroçados são os presentes de Natal, que inocentemente esperam do Menino Jesus, ou do Pai Natal, ao bater das 12 badaladas. À volta do pinheiro, no presépio ou até na meia de Natal, um presente que seja, faz a alegria das crianças.
Que este Natal seja de Esperança de poder voltar a juntar as famílias e os nossos entes queridos sem restrições.