A Ceia de Natal


A Ceia de Natal também chamada entre nós de Consoada, reune à volta da mesa as famílias para uma refeição reforçada e muito especial.
No dia em que o homem inventou a mesa, talvez uma rude pedra, reuniu à sua volta a sua família e os seus companheiros para distribuir o pão. O pão é o melhor símbolo da civilização. A civilização distribui o pão e a selvajaria retira-o.
Jesus decidiu que fosse a mesa, a Última Ceia, a que presidiu, a força de união entre os seus companheiros. E comeu o Pão e bebeu o Vinho em companhia, com os companheiros. Companheiros, aqueles que connosco comem o pão. É este o grande significado desta palavra.
Mas a origem da Ceia de Natal é anterior aos relatos bíblicos relacionados com Jesus. Os povos pagãos comemorávam a data do solestício de inverno, por ser a noite mais longa do ano no hemisfério norte. Preparavam banquetes e presenteavam os seus entes queridos. Na europa, existia também o antigo costume de deixar as portas de casa abertas no dia de Natal, para receber viajantes e peregrinos que confraternizavam com a família hospedeira.
Nos dias de hoje, nada mais representativo da família do que uma mesa de Natal com pais, filhos, netos e familiares chegados coberta de iguarias. Mas quis um vírus que interrompessemos esta tradição. Uma tradição com mais de dois mil anos de história. Este ano, dizem os nossos governantes: “as famílias têm de se preparar para celebrar o Natal de forma diferente”. “Não vamos poder estar todos juntos e vamos ter de nos repartir”. Vai certamente ser assim um Natal com menos brilho, mais triste, mais só. Uma mesa coberta de iguarias sem comensais é a forma mais expressiva da solidão. A fartura da mesa de Natal, os sabores, os perfumes dos pratos, as cores, fornecem um acorde, uma harmonia que tornam inigualável este momento que devia ser de fraternidade, amizade, amor e alegria.
Na mesa de Natal não pode faltar o bacalhau cozido, regado com um bom azeite português. E os doces, qual o mais especial, rabanadas, aletria, filhoses, pão de ló, bolo rei, é um nunca mais acabar. Por fim, faltam os vinhos, de muitas marcas, sabores e origens para completar a festa.
Mas, o que verdadeiramente anima a Consoada e trás os pequenitos alvoroçados são os presentes de Natal, que inocentemente esperam do Menino Jesus, ou do Pai Natal, ao bater das 12 badaladas. À volta do pinheiro, no presépio ou até na meia de Natal, um presente que seja, faz a alegria das crianças.
Que este Natal seja de Esperança de poder voltar a juntar as famílias e os nossos entes queridos sem restrições.