EDITORIAL Nº 651 – 1/12/2014

SR

Caro leitor,

Sócrates foi de intocável a recluso, tombando epicamente aos pés da justiça, muito graças à imparcialidade do Juíz Carlos Alexandre e a sua equipa. E, com o karma, vêm sempre ironias: foi inquirido no campus de Justiça que inaugurou. Quando em Portugal parecia haver défice de justiça, eis que os Portugueses passam agora a dormir mais descansados, se bem que este caso é mais como “ao fim de casa arrombada, trancas à porta”. Pelo caminho deixou choros e festejos mas atenção que, como um amigo meu diz, uma coisa má, mesmo por baixo da terra faz mal. Isto não é mais do que o começo, pois outros serão facilmente implicados, sejam públicos ou privados. Sabemos que este novelo não tem fim. Deve-se rastrear todo o percurso e investigar os boys, inclusivé as entidades públicas que só contratem com poucas e pontuais empresas.
O PS tem novo líder e já que é fato novo em pano velho, até se têm saudades do Seguro. Tem estado ausente em todos os campos para lá da campanha, na câmara de Lisboa a que preside até a entrega do orçamento da Câmara para 2015 foi feita com atraso, o que não augura bons ventos de quem será candidato a primeiro-ministro. Do governo maioria vemos austeridade contínua e da esquerda vemos sempre as mesmas frases e faces, porque quem não está no governo, é do contra. Projetos a longo prazo e estruturados ainda não foram apresentados, vivemos num estado de austeridade permanente.
Há vinte anos atrás, um empresário amigo tinha um funcionário que só lhe dava prejuízo e nada sabia fazer, nada mesmo. Eu conheci-o. Um dia fui à empresa dele e passou por nós o fulano e diz-me esse amigo: “Sabes, este gajo, já nem o posso ver à frente. Ontem mandei-o levar aquela palete para além, porque estava aqui mal colocada e disse-lhe: a trabalhar, primeiro pensas com a cabeça e vês o que vais fazer para não fazeres asneira como o de costume. E ele respondeu-me, dizendo que tinha tantas ideias luminosas, que até tinha medo que lhas roubassem”.
Assim são atualmente os políticos que temos. Cultivam a língua e se têm ideias calam-se para não ficarem envergonhados ou serem roubados.
A Ângela Merkel veio a público dizer que Portugal tem licenciados a mais, mas isto é como dizer que Portugal tem poucas portagens porque tem muitas autoestradas. O desenvolvimento económico não tem acompanhado o crescimento de recursos humanos licenciados, mesmo a fechar a Universidade Independente. Voltamos ao mesmo.

Abraço amigo