SANFONINAS

dr. jose
As horas longas do treino
Por sugestão de uma amiga, acedi, a 25 de Abril, p. p., ao endereço https://www.facebook.com/relaxKZ/?fref=photo, e tive, assim, ensejo de me deliciar com o «incrível» espectáculo de uma jovem, cujo nome não vem mencionado e que será, porventura, do Cazaquistão. Tinha, nesse momento, já mais de 4,4 milhões de visualizações!... Impressiona vivamente a facilidade com que todo aquele corpo, de enorme elegância, se contorcia nas posições mais inesperadas, qual boneca de plasticina, sempre de sorriso nos lábios, como se estivesse a fazer algo perfeitamente natural…
E dei comigo a pensar no treino intenso e continuado; no cuidado enorme com a alimentação; no extraordinariamente regrado do seu viver… Tudo para que nos parecesse, agora, extremamente simples, literalmente feito «com uma perna às costas». «Às costas» e em todo o lado, porque a versatilidade de movimentos se torna verdadeiramente inconcebível.
Maravilhamo-nos com a beleza e apercebemo-nos – mais uma vez! – de que não é assim tão fácil tornar as coisas simples!
Recordo que houve um tempo em que dificilmente se via um catedrático a falar na televisão ou a escrever singelo artigo num jornal. Metido na sua torre de marfim, cabeça plena de fórmulas e termos técnicos, o cientista era incapaz de verter em linguagem comum aquilo que estava a fazer. Hoje, felizmente, já não é tanto assim. Aliás, julgo não ser erro afirmar que o verdadeiro cientista é aquele que sabe transmitir em singeleza o que logrou investigar. Não falou Cristo em parábolas, retratos de cenas do dia-a-dia?
E não resisto a contar a história – que também me chegou há tempo – daquele psicólogo a quem pediram uma conferência sobre a crítica. Sala cheia. Sem palavras, pôs sobre a mesa uma toalha de seda, uma jarra de perfumadas flores, um punhado de pérolas e… um frasco com uma lagartixa dentro. Perguntou à assistência o que estava sobre a mesa. E a maioria das vozes: «Um bicho!», «Um lagarto horrível!», «Uma larva!», «Um pequeno monstro»! E o conferencista concluiu que nada mais tinha a dizer, uma vez que ninguém parecia ter aspirado o perfume das rosas, apreciado o bordado da toalha ou admirado o esplendor das pérolas…
Uma lição bem simples, não é verdade? O psicólogo estudara muito!