Arquivo mensal: Setembro 2022

A oportunidade de uma geração


A recente morte da rainha Isabel II de Inglaterra causou impacto mediático que vai além da espuma dos dias. Se, normalmente, os temas da realeza europeia são sobretudo questões de revistas côr de rosa e dos tabloides mais escabrosos, desta vez até os republicanos mais convictos, nos quais me incluo, sentiram uma proximidade coletiva com o povo britânico neste seu momento de dôr. Mais do que a questão da longevidade da monarca, o que reteremos do seu reinado será a forma como soube gerir valores antigos e intemporais numa época moderna. O inegável sentido do dever, o sacrifício pessoal que o ónus do comando sempre acarreta, o escrupuloso respeito pelas instituições, o poder do silêncio, o sentido da continuidade são agora elogiados até à náusea, muitas vezes pelos mesmos, que arvorados em paladinos de uma modernidade oca e efémera julgam que a atual era tecnológica dará por fim respostas cabais a todas as questões da Humanidade. A tradição só faz sentido se, a exemplo do que Isabel II exemplificou, fôr um passo para consolidação da comunidade e estímulo para a sua contínua evolução sem dramas, nem bloqueios temerosos do futuro.
É assim na comunidade britânica, como será sempre em todas as comunidade orgulhosas do seu passado coletivo, mas que aspiram a um futuro melhor e como tal dão sempre o passo em frente rumo ao futuro.
É também com esse forte sentido de comunidade que temos de nos congratular com os recentes desenvolvimentos que envolvem alguns dos agentes económicos do concelho.
A notícia de que a Stellantis – PSA Mangualde, será um centro de produção de veículos elétricos, o primeiro a ser anunciado em Portugal e único até à data, pode significar uma nova era no cenário industrial de Mangualde e da região Centro. 60 anos depois de ter sido criado em Mangualde a primeira fábrica automóvel em Portugal, muito provavelmente seremos também a primeira cidade portuguesa a produzir veículos electrico em larga escala. Anunciada pelo presidente do Grupo Stellantis, Carlos Tavares, foi posteriormente confirmada mediante a assinatura do contrato de consórcio da agenda mobilizadora “GreenAuto: Green innovation for the Automotive Industry” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com ao Instituto Politécnico de Coimbra. Nas palavras de Marta Henriques, diretora do Instituto de Investigação Aplicada do Politécnico de Coimbra, o principal objetivo da assinatura do contrato consiste em transformar o setor automóvel nacional no âmbito da transição para veículos de baixas emissões, criando condições para iniciar a produção de um novo veículo comercial ligeiro elétrico, a bateria, até 2025. O consórcio Green Auto congrega 38 entidades em torno deste projeto, entre empresas e entidades do sistema científico nacional. A grande mais valia das agendas mobilizadoras é precisamente a capacidade de agregação de competências, de experiência e de inovação e desenvolvimento que colocam ao serviço de um projeto rigorosamente definido e que faz da incorporação nacional de serviços e bens a peça fundamental da cooperação entre todos os participantes. É todo um novo paradigma de complementaridade entre empresas a que não estamos habituados e que rompe com a tradicional incapacidade nacional para estabelecer parcerias duradouras e exigentes nos resultados.
Esta oportunidade é irrepetível e pode colocar Mangualde no centro do desenvolvimento tecnológico de aplicações para a indústria automóvel direcionada para a mobilidade elétrica. As mudanças impostas pela necessidade de descarbonizar a indústria e o modo como nos movemos, criará necessidades até aqui inexistentes, para as colmatar surgiram produtos e serviços diferenciados, altamente tecnológicos e cuja sofisticação requer novas competências profissionais e novos empregos. Posicionar a nossa comunidade na pole position é uma tarefa que ultrapassa a mera acção de uma empresa. 60 anos depois, a criação de um cluster de mobilidade eléctrica em Mangualde deve ser uma prioridade colectiva, semelhante à que então criou a Citroen Lusitânia e permitiu o nosso arranque industrial. Para este esforço devem ser convocados agentes privados e públicos, criando sinergias que nos tornem num destino altamente competitivo na captação de investimento no cluster da mobilidade.
Também nos gases renováveis teremos uma nova oportunidade de evolução tecnológica, que permitirá contribuir para a substituição de combustíveis fosseis por hidrogénio verde e metanol verde. Igualmente no âmbito das Agendas Mobilizadoras do PRR, alguns operadores económicos localizados em Mangualde integram o consórcio que ambiciona criar uma nova fileira industrial nacional no âmbito da agenda verde H2DRIVEN

A conquista de um dos 115 Centros Tecnológicos Especializados por parte do Agrupamento de Escolas de Mangualde deve ser tida em conta nessa estratégia, e a promoção dos cursos profissionais especializados a criar devem ser permanentemente valorizados e apoiados. É determinante contar igualmente com uma política municipal fortemente incentivadora à captação e fixação de talento, quer com políticas fiscais locais atrativas, quer com uma moderna e ambiciosa política de solos e de constituição de áreas de localização empresarial de última geração e espaços de inovação empresarial dotados de ofertas de infraestruturas de excelência que permitam a fixação de toda uma cadeia de valor. Este esforço poderá não ter resultados imediatos, mas terá de prosseguir numa linha de continuidade resiliente.
Oportunidades como as que as Agendas Mobilizadoras nos proporcionarão não podem ser desperdiçadas, o que nos coloca por um desafio único para o qual todos devemos ser convocados. A inversão do nosso declínio demográfico dependerá em muito do modo como suportarmos e soubermos tirar partido dessas oportunidades. As comunidades vencedoras constroem-se assim, em torno de projetos ambiciosos, inspiradores, que obrigam a escolhas que difíceis e muitas vezes impopulares, mas que no final as tornam melhores e orgulhosas de si.

O Jornal Renascimento foi recebido no Palácio Anadia


No passado dia 9 de Setembro a Direcção do Jornal Renascimento, representada por Serafim Tavares e António Fortes, foram recebidos no Palácio Anadia a convite do Senhor Engenheiro Miguel Pais do Amaral, Conde de Anadia.
A visita foi para tratar do 96.º aniversário do Jornal Renascimento, que vai ter lugar no próximo dia 20 de Janeiro de 2023.
A Direcção do Jornal Renascimento quer dar ao acontecimento o maior realce, porque não é fácil nos tempos que correm um Jornal aproximar-se do seu Centenário.
E, é intenção da Direcção do Jornal, convidar todos colaboradores do Renascimento para um Jantar de Convívio que terá lugar na Cidade de Mangualde no local que tem mais história, na Casa dos Senhores de Mangualde, Antiga Nobreza do Reino de Portugal - O Palácio de Anadia.
O Senhor Conde de Anadia recebeu a Direcção do Jornal Renascimento com toda a simpatia, com a fidalguia de um Beirão, e aceitou o nosso desejo.
Não poderíamos comemorar de forma melhor o nosso 96.º Aniversário, em convívio e amizade com todos os que ao longo dos anos vão colaborando com o Jornal.
Oportunamente daremos notícias mais detalhadas da data e da hora do nosso Jantar de Confraternização.
Até lá continuemos a trabalhar com o mesmo denodo.