Arquivo diário: 3 de Janeiro de 2019

EDITORIAL Nº 745 – 1/1/2019

serafim tavares
Caro leitor,
O Homem arranja tempo para tudo e mais alguma coisa. É a coisa mais valiosa que temos e o tempo de vida de cada ser Humano não tem preço. Porquê? Porque nunca sabemos o tempo de existência do Homem, e não há preço para o desconhecido nem para o que já é nosso e não nos pode ser retirado.
Nada cura como o tempo e o tempo é a única coisa que cada ser humano tem. Recebemo-lo como graça e um desafio com a possibilidade e razão de ser da nossa própria vida. O tempo dá-o Deus de graça, nós só temos que saber otimizá-lo. O que fazer com o tempo para otimizá-lo? Eis a questão. Os animais não têm este problema, têm instintos que os regem, o ser Humano faz escolhas e toma decisões, aproveita bem o tempo que lhe é concedido ou não. No seu final o tempo que teve pode ter sido apenas oco e mal empregue. Valeu a pena ter vindo a este Mundo? Vamos pegar neste novo ano para responder sim a esta questão! Rasgar horizontes neste Novo Ano.
Senhor faz com que eu veja. Lembremo-nos que o tempo não pára e quando é bem aproveitado é um ponto de graça para os outros e felicidade para nós.

Numa nota à parte, gostaria de transmitir aqui ao povo mangualdense, tal como o fiz na última Assembleia Municipal de Mangualde, que a partir de agora como deputado independente desempenho as funções para as quais fui eleito, ou seja, sem cor partidária ou ademais afiliações, sendo que irei continuar a defender todos os direitos dos mangualdenses, para o bem deste concelho. Continuo, como já o era, a ser livre. Viva a liberdade e a liberdade de expressão.

Um abraço amigo,

Ter mais olhos que barriga….

Ana Cruz
Houve uma época que os filósofos eram músicos e traziam mensagens nas músicas que faziam pensar e incomodar quem as ouvia. O músico e cantor Chico Buarque tem uma música chamada Ciranda da Bailarina em que uma estrofe parafraseio “Só a bailarina que não tem/E não tem coceira/Verruga nem frieira/Nem falta de maneira/Ela não tem”.
Pois é fácil de constatar que ninguém é perfeito, e toda a gente peca! Mas no fundo é reconhecendo as nossas imperfeições que podemos melhorar. Por isso coloco sempre todos os anos esta questão: Porque comemos em demasiado na consoada de Natal, sabendo que nos leva ir ao médico com azia ou vómitos?
A alegria de reunir com a família conjugada com uma mesa recheada de guloseimas e pratos tradicionais regados de vinho deve fornecer uma certa dose de amnésia do resultado do excesso alimentar do ano anterior! Porque é devido a esta repetição constante dos excessos alimentares que existem as “milagrosas” receitas (lucrativas) dos antiácidos para os laboratórios farmacêuticos.
É de senso comum reconhecer que as gorduras e a dor de barriga (epigastrialgia) são sintomas para suspendermos o frenesim alimentar, no entanto naquele momento arranjamos sempre desculpas para distrair os sinais: “É só mais um bocadinho!”; “Se não comer a minha avó fica chateada!”; “Aproveito hoje que amanhã não sei se estou cá…” entre outras ideias, para além do famoso “Ai rapariga estás tão magrinha!” da mãe\ avó protetora.
Tudo tem o seu equilíbrio. E passar o dia 25 de Dezembro no hospital por uma distensão abdominal e vómitos por excesso na Consoada perdendo a oportunidade de estar com a família, considero ser uma falta de precaução. E livre o imprudente de encontrar os profissionais de saúde devotos da medicina defensiva, que sujeitam o imprudente a exaustivos exames desnecessários em contexto agudo. Sim porque é muito importante realizar radiografias, ecografias, endoscopias, tomografias antes de questionar. Sim porque não vá o imprudente questionar o profissionalismo do médico por não lhe realizar exames. Sim porque ter uma reclamação e ter processos disciplinares são incómodos (e corre o risco de suspensão do exercício profissional!). Sim porque dizer que jejuar do frenesim que teve horas antes, associados a beber chá de funcho, ou comprar um remédio de receita livre na farmácia é passar um atestado (?!) de descuidado. O melhor é colocar o imprudente em tratamentos endovenosos durante horas, com exposição garantida a infeções hospitalares. E garantidamente ter um Natal difícil de engolir no hospital (?!) com enfermeiras a dizerem “No próximo ano não volte a abusar!” ou “Há quem goste de vir nos visitar todos anos nesta altura” enquanto picam o braço para colocar um soro de 1 litro que podia ser substituído por um litro de água\ chá bebido em casa na companhia que o imprudente desejava. E como a informação é tão disseminada na Internet, nem se explica que todo o desequilíbrio gastrointestinal, tem consequências a nível do trânsito intestinal, com diarreia ou cólicas abdominais. Assim o atestado de descuido passa para o profissional de saúde que em vez de prevenir nova ida do imprudente ao hospital explicando uma lógica que todo individuo sabia acerca de 40 anos atrás: restabelecer um estomago mal tratado e um intestino fustigado por carnes, álcool em excesso, doces em demasia, couves regadas de azeite, leva várias semanas a normalizar!
Por isso não queira um atestado de incauto e horas (des)necessárias no hospital com prémio de consolação que provavelmente será uma virose ou infeção transmitida pela senhora\ senhor que estava ao seu lado na sala de espera da urgência. Ligue para a Saúde 24 (808 24 24 24) ou fale com o farmacêutico (sim há sempre uma farmácia aberta mesmo no Natal!) para esclarecer dúvidas. Não se exponha logo ao ambiente hospitalar (Não. Não é o local mais seguro para ter infecções!). Seja razoável consigo e com a sua família, não coma tanto hoje, coma amanhã, mas na companhia de que tem ama. Porque o sentimento de culpa não é só seu, a sua mãe\ avó irá martirizar por ter feito tantos sonhos, rabanadas, filhoses, aletria, bacalhau com couves…Aproveite! Não queira ter um frasco de soro como companhia!

REFLEXÕES

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Protecção animal em Mangualde
Estórias que não devem cair no esquecimento
A quem porventura acompanhe os meus escritos, lembrarei a referência que no anterior fiz a um jovem casal que revelava a sua preocupação perante o sofrimento de inúmeros animais mercê da falta de formação dos humanos que sobre eles exercem poder. Pois estes jovens viviam em Viseu e tenho autorização para os identificar e nomear como primeiros cidadãos verdadeiros protectores dos animais que conheci por terras da Beira. Eram, a jovem senhora Engenheira Maria José Aragão e o marido Dr. Rui Sacadura, ao tempo técnicos superiores do Hospital de Viseu. Por coincidência, a Senhora era filha do primeiro médico veterinário que encontrei naquela cidade para cuidar dos meus animais, Dr. Aragão.
Estes jovens habitavam uma vivenda em Ranhados com algum espaço e dependências que lhes permitiam albergar cães e gatos que por lá andavam abandonados, muitos deles em estado físico miserável. Quando vinham a Mangualde e nos encontrávamos as nossas conversas versavam invariavelmente a Arqueologia e os animais. Duas áreas que nos motivavam a Amizade. Passou-se isto a meio da década de 80 quando fizeram uma visita aos primeiros trabalhos de escavação nos campos da Raposeira e souberam da estória dos dois infelizes cachorros presos e abandonados pelos donos por várias semanas. Lembro também alguns conselhos preciosos que a minha Amiga me transmitiu acerca de tratamentos básicos a alguns problemas físicos dos animais. Como o seu pai era veterinário sempre lhe dava algumas informações que se tornavam muito úteis quando a escassez de médicos veterinários era evidente. Ao tempo a sarna era o flagelo dos cães provocada pela proliferação de pulgas e também carraças para as quais os donos não encontravam ou não procuravam solução. A maioria acabava por morrer em sofrimento atroz, pelados e com o corpo corroído por feridas profundas. Quando os donos os deixavam atingir este estado o que pretendiam era verem - se livres deles. Em vez de terem procurado a cura a devido tempo, agora procuravam levá-los para lugar ermo e abandoná-los à sua morte horrorosa. Lembro-me que um dia no Largo da Carvalha vimos uma cadelita num terrível estado físico. A eng Mª José Aragão disse-me “ por favor tente apanhá-la e proceda assim…” e eu consegui com muita paciência pegá-la, levei-a para minha casa. Tratei-a como me indicou e passadas três semanas a pequenota já nem parecia a mesma! Tornou-se num lindo e dedicado animal. A partir daqui não tem conto o número de animais a quem consegui devolver a saúde… São lembranças que guardo com muita saudade e carinho.
Mas dizia eu que este simpático casal passou parte do seu tempo a recolher e a recuperar todos os animais que podiam na cidade de Viseu. Contudo perante a situação calamitosa ocorreu-lhe formar uma associação a que deram o nome “ Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu”. Passou-se isto nos primeiros anos de 1990.
Como acontece a cada passo, a sua visão do desempenho duma organização deste tipo, não coincidia provavelmente com a de outros elementos dos Corpos Sociais. Perante as insanáveis dissidências eles preferiram afastar-se profundamente desgostosos e desiludidos.
Resolveram dar novo rumo à sua vida sem desistir dos seus ideais. A sua única filha vivia em Londres então tomaram uma decisão drástica, deixar tudo no País e ir viver para as proximidades daquela cidade. Tinham contudo o grande compromisso com os protegidos que viviam em sua casa e aos seus cuidados - cerca de 20 cães e vários gatos.Teriam de levá-los consigo. Em Inglaterra criaram condições para os albergarem e aqui procederam a todas as exigências sanitárias e registos para que pudessem entrar naquele país. Alugaram uma rulote para o seu transporte e assim se instalaram, todos, próximo de Londres, onde viveram por vários anos, o tempo de vida até o seu ultimo protegido partir deste mundo.
Se resolvi contar estes factos verídicos é porque entendo que há vidas e gestos que devem ser conhecidos ou relembrados. Quando alguém dedica grande parte da sua existência e dos seus proventos a uma causa nobre, o mundo deve-lhe o reconhecimento. E esta é a HOMENAGEM que eu posso e quero deixar pública a este incrível casal e meus grandes Amigos – Eng. Maria José Aragão e Dr. Rui Sacadura.
Dezembro 2018

OS VENTOS NÃO VARREM AS MEMÓRIAS

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MEMÓRIAS NÃO PAGAM IMPOSTOS
O passado está escrito nas memórias , o presente na vontade e o futuro está presente no desejo .Diante de algumas memórias ficamos a saber e a pensar para que serviu o passado á luz de uns olhos que anoiteceram quando uma sombra passou em doirados tempos matutinos .São sempre motivadoras , gratificantes e duradouras as memórias de um passado em que aprendemos com ele , do qual guardámos experiencias que nos fizeram melhores no presente pudemos acumular as sabedorias que nos farão ainda melhores no futuro . Tornamo-nos sofredores , escravos do passado quando guardamos na memória feridas , dores e mágoas já vividas .Num baú dourado , adornado de pedras brilhantes , luminosas , aferrolhado com chave sem cópia, guardo as recordações da minha meninice e infância, também memórias de uma juventude onde tudo era fresco como brilhante céu azul , vividos na calmaria de um tempo que se subjugava á vontade dos nossos mais singelos desejos . É tão valida em memórias a minha sentida terra , toda feita de água , terra e sol , de uma frescura imaculada quando na primavera se veste de flores que na pureza da paisagem exalam seus perfumes matutinos , o meu ninho de aconchego ,meu porto de abrigo , em que se espraia a esperança á luz do dia , foi tão pródiga de admiração e brilhantismo desportivo , pioneira e ciosa guardiã de uma ancestral vertente cultural , difusora das mais nobres tradições populares .Que é feito de ti ? !!!... porque caminhos, veredas ou ruelas , paragens de um longe sem fim te perdeste e dispersaste !!! .. porque encrespados mares tens navegado que já nem o teu padroeiro Santo André, pescador de coisas humildes que são a lenha que conservam sempre acesa a fogueira de Deus na noite escura e tu ás suas redes te tens furtado !!! …. Porque mansos rios te tens espraiado que já nem as tuas fontes choram por ti , sim as tuas fontes , porque ser fonte é cair e correr sem descanso . És um livro empoeirado que um passado distante nos seus braços envolveu e onde as boas memórias , que fizeram a nossa gloriosa história , o nosso passado brilhante se atolaram em pó e se volatizaram . Mas como lívido perfume que se exala, as nossas memórias são sagradas ; memórias leva-as o vento (alguns assim ousam dizê-lo ) . Não é verdade. Os ventos bramem dolentes e angustiados , gritam e sonham alto , o heróico sol que vence as trevas brilha e aquece como fornalha , a chuva sussurra e encharca os ossos até ao tutano , na noite o luar derrama-se sobre as coisas .Recordações que os homens ignoram como vendo subir medroso e conturbado um nevoeiro de vozes e lágrimas . E nenhum destes intrépidos obstáculos lhes consegue alterar a sua verdadeira essência ,pela passagem dos tempos . O passado é um livro de lembranças das coisas boas e ruins da nossa história que estão guardadas , arquivadas . Sempre vão estar connosco feitas sonhos que floriram . Não há presente sem ter havido passado . Somos aquilo que vivenciámos e construímos ao longo dos anos . Somos os legítimos herdeiros dos nossos antepassados , anfitriões e fiéis depositários dos seus mais nobres valores e feitos , recordando-nos que fomos fortes porque continuámos a lutar onde tantos pararam , alicerçámos uma boa fé firmemente consolidada , que é o farol , um ponto luminoso na vastidão do horizonte , estrela do norte dos nossos filhos e netos . E a única razão de ser tão apegado em memórias , é que elas não mudam , mesmo que eu tenha mudado , e é ainda um dos, nossos poucos bens patrimoniais que não paga impostos . Não sou eterno , mas são-no os momentos, como um enlevo de névoa que o sol doira .Nada é para sempre excepto as memórias e para aprendermos com a nossa história nada melhor que bem as conhecer.

SANFONINAS

dr. jose
3 notas de 20
Amena, a cavaqueira em final de jantar de família. Saboreadas já as sobremesas, a rematar com os rituais goles de café. Nisto, o Tiago, de 6 aninhos, sorrateiramente, sai da cadeira e segreda-me ao ouvido:
– Avô! Avô!... Tens 3 notas de 20 euros?
– Não, não tenho; mas querias, era?
– Sim, para comprar o camaleão!... Onde é que achas que eu posso arranjar?
Uma paixão pelos animais; guarda caracóis numa caixa, leva marias-café para casa…
Recebera eu, no dia anterior, o habitual postal de Boas Festas do Professor Jorge Paiva, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, um dos mais indefectíveis defensores da biodiversidade. E trazia duas fotografias de leoas. Panthera leo, de seu nome científico, explica a legenda, da subespécie melanochaita. Uma, tirada em Hlane (Suazilândia) a 2 de Julho de 2017, mostrava-a «atentamente em guarda»; na outra, colhida a 13 de Agosto de 1999, em Nakuru, no Quénia, refrescava-se a leoa «serenamente, no ramo de uma acácia»…
Todos os anos, Jorge Paiva nos relembra a necessidade de se preservar a biodiversidade, porque o Homem surgiu «quando havia o máximo de Biodiversidade no Planeta Terrestre e numa região africana de elevada Biodiversidade».
Aponta o «clamoroso» erro de se promover a extinção de muitas espécies, partindo-se do princípio de que não servem para nada, «pois constantemente se descobrem utilidades de seres que menosprezamos e até de seres venenosos e letais (ex. teixos e víboras».
E as fotografias das leoas servem para alertar para a extinção desta espécie, que ainda existia na Europa, conforme relata Aristóteles, no século IV a. C. e que viria a desaparecer daqui durante o século II da nossa era. É que, na verdade, a referida subespécie só sobrevive actualmente na África Oriental e do Sul.
Justifica-se, pois, plenamente o seu voto: «Que a época festiva do final do ano ilumine a consciência de todos nós, de modo a pressionarmos governantes e políticos a assumirem o compromisso de preservar a Biodiversidade».
Afinal, tem inteira razão o meu neto: todos os animais se devem preservar e estimar, caracóis ou camaleões que sejam. Todos têm a sua utilidade!

IMAGINANDO

francisco cabral
Parte 49
Permitam-me pequenos leitores, que lhes conte a história da Fada Moura, de nome “Melihah”. Ao fazê-lo, vou soltar a criança interior em mim e dialogar convosco.
Melihah, como todas as Fadas, é um Ser Elemental de grande paixão e fiel ao seu amor  e amizade de modo único, exigindo do  seu parceiro a mesma lealdade.
A história desta fada moura reporta ao ano 1110 da Era Cristã. Na altura reinava Aben Gama o príncipe mais rico dos Árabes de Espanha. Um indivíduo bastante arrogante, aproveitando-se do poder para adquirir por qualquer preço tudo que pretendia.
Certo dia quando do seu castelo contemplava o pôr do Sol e acompanhado de Zuleika, seu leal servidor disse-lhe: Tu que viajas pelo mundo, vou ordenar-te que me tragas uma das mais belas e formosas Donzelas. Construirei um palácio para dar alegria a este local.
E assim mandou construir um maravilhoso Palácio ornamentado com lindos cortinados, tapetes, ouro e pedras preciosas embutidos nas paredes e móveis feitos com as mais raras madeiras, além dos maravilhosos jardins ao seu redor.
Zuleika viaja para a Arábia e no seu percurso resgata sem qualquer recurso, Melihah que contrariada o acompanha de regresso a Espanha. Já na presença de Aben Gama mostra a Fada Moura que com as suas vestes trazia o rosto coberto. Num tom austero dirigiu-se a Melihah e disse-lhe; Mostra-me esse teu rosto, para que eu o veja bem. Ao se descobrir, o Rei Árabe ficou rendido à beleza deste Ser Elemental ordenando-a para sua esposa.
Entretanto, muitas luas se passaram e Melihah não sentia alegria no Palácio, mergulhando  numa grande tristeza, porque ela não  amava o Principe.
Um heroico guerreiro de nome Alfonso, um cristão e o grande amor de Melihah, sabendo da situação partiu em seu auxílio, conquistando povoações pelo caminho. O Rei Árabe, com receio que abrangesse o seu reino ajudou os vencidos, porém tarde demais. Mas  Alfonso não parava enquanto não resgatasse  sua Bela Donzela, e um dia entrando em território de Aben, numa emboscada foi feito prisioneiro do Príncipe.
Quando Melihah soube que o dono de seu coração se encontrava nas masmorras, na ausência de Aben visitava Alfonso, e uma noite prometeu tirá-lo da prisão com a condição de a vir buscar e casar com ela. Este guerreiro demonstrou-lhe que a amava muito, mas na condição de cristão, não lhe era permitido o adultério. Mesmo assim a linda Donzela cumpriu o prometido e numa ausência de seu esposo conseguiu que seu amor fugisse.
Entretanto um servo de Aben viu a fuga do guerreiro com a cumplicidade da bela donzela e contou ao Rei, que enfurecido a mandou executar, acusando-a de traidora, atirando-a para um poço. Só que Aben nunca percebeu que sua esposa era uma fada e na condição  de Elemental, a morte para Ela não existia.
Quando em liberdade, Alfonso juntou seus guerreiros e marchou sobre Aben, derrotando-o de uma maneira implacável. Ao vingar a suposta morte de sua amada, a linda moura deu-lhe a conhecer sua condição de Fada, e que sua magia o ajudou a vencer a batalha.
Conta-se que todas as noites o local de encontro destes dois amantes era no poço, e a “lenda” diz, que a linda Moura encantada trajava um lindo vestido branco com uma Luz na mão( a sua varinha de condão).
Pequeninos leitores, esta é a historia da Fada Moura Melihah. Pensem também que junto a vós, pode haver uma linda fada que quer  vossa amizade sincera e falar convosco para vos ajudar. Quando adormecerem sonhem com ela e digam-lhe que a amam. Ela estará sempre ao vosso lado, retribuindo com amor a linda amizade que vos une.
Espero que tenham gostado.
Um abraço para vós do tamanho do mundo.

VALOR RELATIVO DAS COISAS

juiz
Li há dias um livro interessantíssimo em que adiantava uma informação que me encheu de curiosidade. “Na década de 1860, o imperador Napoleão III de França encomendou um faqueiro em alumínio para ser utilizado pelos seus convidados mais distintos, enquanto os visitantes menos importantes tinham de comer com garfos e facas de ouro”.
Como se verifica, esta notícia sobrevaloriza o alumínio, colocando-o acima do preço do ouro, naquela época.
Ora, o alumínio, conforme resulta do mesmo texto, foi descoberto pelos químicos por volta do ano de 1820. Nessa altura separar o metal do minério constituía uma operação extremamente difícil e dispendiosa. Porém, no final do século XIX, os químicos descobriram uma forma de extrair enormes quantidades de alumínio barato. A produção mundial que, em 1860, era apenas de 11 toneladas, passou atualmente a ser de 30 milhões de toneladas por ano.
Poucos metais tiveram tão rápida aceitação, tendo substituído, em muitos usos, o aço, o zinco e o cobre, em virtude das suas características de leveza e facilidade de liga, tornando-se assim mais duro e indispensável na construção de aviões, barcos, material circulante para caminhos de ferro, etc.
Tendo sido muitíssimo facilitada a produção do alumínio, o seu valor diminuiu de tal maneira que passou a ter utilizações que antes eram impensáveis. “Napoleão III ficaria surpreendido se ouvisse dizer que os descendentes dos seus súbditos utilizam folha de alumínio descartável e barata para embrulhar as suas sandes e guardar os restos”.
É um dos metais atualmente mais utilizados, mas foi só em 1854 que Saint- Claire Deville pôde industrializar o processo químico: ação do sódio sobre o cloreto duplo de alumínio e sódio. Deste modo, a partir de 1886, quase simultaneamente, Heroult, em França, e Hall, na América, registaram patentes, na sua essência idênticas, de fabricação eletrónica do alumínio por decomposição da alumina dissolvida num banho de criolite fundida.
A partir de então, o alumínio que era um metal nobre e caríssimo, conhecido pelo nome de “prata de argila”, passou a ser dos metais mais utilizados.
Como é do conhecimento geral, o preço deriva da lei da oferta e da procura. Enquanto a quantidade de alumínio oferecida ao consumo era muito diminuta, o preço disparou a ponto de o alumínio se ter tornado no metal mais caro dessa época. A partir do momento em que a oferta aumentou substancialmente, o preço baixou em conformidade e o alumínio vulgarizou-se, tendo perdido a qualificação de metal nobre.
Como diria o Poeta, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Crónica de Londres

Foto
Quase todas as famílias portuguesas têm parentes nas mais diversas partes do mundo.
Eu, não fujo à regra. A minha neta Ana Sofia foi estudar para Londres e por lá ficou. Este ano resolvi ir a Londres passar a época do Natal com ela.
Em 1999, com apenas 8 anos, no Renascimento saído a 15 de Maio, publicou o seu primeiro poema, que assinava Ana Sofia Fortes. O poema intitulava-se “Se eu navegasse“. E já aí despertava a sua abertura ao mundo : - “ Se eu navegasse, queria dar a volta ao mundo … “. E lá partiu!
Londres é um mundo de raças, de credos, uma capital que vive intensamente a época natalícia. Muito glamour, ruas iluminadas, luzes, muitas luzes, sugestivas decorações.
Árvores de Natal gigantes, majestosas ( ou não fosse Londres a terra de Sua Majestade), muita movimentação, muitas pessoas em compras, ou em passeio. Há um grande espírito natalício, o Natal sente-se por todo o lado, muita música e animação.
No centro de Londres Picadilly Circus, Oxfort Street, Regent Street, as ruas estão profusamente iluminadas com motivos muito sugestivos. Convent Garden, zona das grandes casas de beleza e de restaurantes, prima por ter as decorações mais bonitas.
As famílias, cujas casas possuem jardins, aproveitam a época natalícia para decorar as fachadas e os jardins.
Londres pode viver o último Natal comunitário. Mas, no Natal, isso pouco interessa aos ingleses . O futuro a Deus pertence.
O Natal, o dia de Natal é que é importante. Compram-se presentes, fazem-se ofertas, abrem-se as fitinhas dos embrulhos com ansiedade, com satisfação. É a magia do Natal. Muita imaginação. As cartas ao Pai Natal enchem de brinquedos os sapatinhos dos pequenitos. Sapatinhos cheios de sonhos.
Na consoada que é a 25, os ingleses comem o peru assado recheado com molho de carne, couve de Bruxelas, cherovias e batata assada. O bolo preferido é o Christmas Pudding com frutas secas e molho de conhaque. Antes de ser servido é ateado fogo. Também Mince Pies, tartes feitas com frutos secos e especiarias.
Eu, perdido em Londres, sonhava com o bacalhauzinho cozido. Porém a minha neta, adaptou-se aos novos costumes do veganismo. Bacalhau, nem vê-lo !
Ficará para o regresso e prometo uma boa desforra! O mundo mudou ! Temos de nos adaptar.
Natal tempo de partilha, de dar e receber. As grandes marcas, clássicas, velhas de anos e de experiência poem nas suas montras o que têm de melhor. Ofertas intermináveis. As lojas enchem-se de pessoas. Domina o tom vermelho e verde para melhor seduzir o cliente.
Na área da beleza, os perfumes ! Um universo de tentações!
Os doces são uma perdição, principalmente os chocolates. Comer um quadradinho de chocolate é como ter um pedaço de céu na boca a derreter. Ajuda a melhorar o humor, diminui a ansiedade e o mundo parece mais bonito. Dizem até que é um bom aliado do coração porque melhora o fluxo do sangue. Comer chocolate dá bem estar porque tem a hormona da felicidade.
Não podemos deixar de falar de vinhos. Os ingleses gostam de um bom vinho do Porto. Foram os ingleses que estiveram e estão no Douro, na cidade do Porto, ligados aos vinhos e que muito ajudaram ao desenvolvimento deste sector. Mas também há bons vinhos de mesa e aguardentes velhas. E as portuguesas são das melhores. Os vinhos acompanham a suculenta refeição e as aguardentes velhas prolongam o convívio, entre dedos de conversa e como auxiliar da digestão.
Um livro pode ser um bom presente. Um presente que perdura, que passa de mão em mão. Aqui temos escolhas intermináveis. Um mundo de sabedoria.
No dia 26 de Dezembro, abre-se um outro mundo. Chama-se Boxing Day – abertura dos saldos. É outra loucura.
Daqui de Londres um abraço, muito apertado, ao mundo.