IMAGINANDO

francisco cabral
PARTE 64
Continuação
Também uma das partes mais interessantes de Sintra é no que diz respeito à doçaria, combinada com os locais que lhes são específicos.
Posso indicar as Queijadas de Sintra, os Travesseiros da Piriquita assim como os Fofos de Belas.
Comecemos pelas Queijadas de Sintra:
Creio que neste momento apenas são confecionadas na Vila de Sintra, mas nos meus tempos de criança, recordo com uma certa saudade quando as mesmas se faziam na actual Vila de Mem Martins/Algueirão. E digo com uma certa saudade, porque meus pais assim como eu, residíamos em Lisboa, mas era raro o Domingo que não faziamos a chamada volta saloia, que compreendia o passeio pela marginal até Cascais, passando pela Boca do Inferno, continuando pela praia do Guincho, rodeando o Cabo da Roca em direção a Colares, fazendo meia etapa na Vila de Sintra. Acontece que tendo alguns amigos, conhecimentos de uma longa vida de meus pais no Arquipélago de S.Tomé e Príncipe, muitos desses nossos amigos se fixaram exatamente em Algueirão, na altura considerada uma quase estância de férias.
Ora neste intermédio de regresso a Lisboa, havia sempre uma porta aberta para uma merenda e curiosamente à mesa, as boas queijadas de Sintra, confecionadas ao tempo por uma velhota, que as fazia e comercializava em Mem Martins. Do seu nome não me lembro, porque tinha entre meus 9 a 10 anos.
Hoje as Queijadas de Sintra só são confecionadas na própria Vila com o seu nome, e posso destacar a “Casa do Preto” muito perto da localidade de São Pedro de Sintra, assim como a “Periquita” já referida anteriormente e perto do Palácio da Vila, cujo produto é simplesmente uma maravilha, mas a primeira fábrica tem origem no local como abaixo descrevo.  
Vamos à sua Origem: É em 1756 que uma Senhora de nome Maria Sapa confeciona e comercializa um doce caseiro, na pequena localidade de Ranholas hoje compreendida entre Mem Martins e São Pedro de Sintra. Viriam aqui a nascer as famosas Queijadas de Sintra sendo a Fábrica das Queijadas da Sapa, a mais antiga.
Elas tornaram-se tão famosas, que ao abrigo desta fábrica, e devido à sua expansão, muitas outras mais pequenas começaram a surgir, fazendo até concorrência à original.
No entanto o que é original é sempre melhor, e graças ao segredo apenas passado à família e de geração em geração, ainda hoje se mantém viva a matriz de Maria Sapa
A fábrica inicialmente em Ranholas e durante alguns séculos em transformações constantes, é transferida, creio já em meados do Século xx  até aos dias de hoje para a Vila de Sintra, integrada na chamada Volta do Duche, que abarca esta própria fábrica, o Museu Anjos Teixeira, Parque da Liberdade, Fonte Mourisca e animando a rua, pontualmente Feiras de Artesanato, com trabalhos de verdadeiros artistas na sua arte.
Podemos concluir mais uma surpresa que Sintra nos oferece. Até na doçaria. Muitas gerações do nosso digno povo, e um elevado número de turistas experimentaram esta relíquia, que também vai além fronteiras.
Continua
fjcabral44@sapo.pt