Dr. José Marques

Foto Dr. José Marques
Jurista
Em 15 de Setembro de 1868 nasce na Povoação da Roda, Concelho de Mangualde.
Frequentou o Liceu de Viseu e de seguida ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Desde o 1.º ano de Direito se mostrou um aluno distinto, que por tradição e a praxe dessa época o designava para, no fim do curso, ser convidado para Professor Catedrático.
Ainda estudante celebra o seu casamento com D.ª Clementina Pessoa, de uma família distinta de Mangualde.
O Dr. José Marques era também uma figura distinta. Sempre de casaca, colarinhos engomados e chapéu alto. Uma figura de respeito e que sabia fazer-se respeitar.
Regressa a Coimbra onde termina o Curso de Direito com alta classificação.
Em Coimbra convive e pertence a uma geração notável de escritores, diplomatas, políticos e professores de que se destacam António José de Almeida ( futuro Presidente da República), Afonso Costa (futuro Primeiro Ministro), Fortunato de Almeida, Fausto Guedes Teixeira, Afonso Lopes Vieira, Valentim da Silva ( Mangualde), José Pessoa Ferreira ( seu cunhado).
Ainda estudante dirige em Coimbra a Revista Literária “Argus” onde colaboram notáveis intelectuais. Em Mangualde publica e dirige o Jornal “Reacção”, que dura cinco anos e abre banca de Advogado.
Advogado notável na sua época, considerado por Magistrados e colegas. Entretanto faz concursos para Magistrado, Conservador do Registo Predial e Notário com altas classificações.
Entretanto, em Mangualde exerce as funções de Secretário da Câmara Municipal.
Como pessoa abastada, prescinde dos seus vencimentos para os distribuir pelos funcionários da mesma Câmara.
Uma atitude nobre, um grande sentido de solidariedade, um grande exemplo pouco, ou nada, seguido pelos seus pares. É nestas coisas, nestes grandes gestos, que se vêm os verdadeiros Homens.
José Marques é um Republicano convicto. Vivíamos em plena Monarquia. Um Rei, um grande Rei, reinava em Portugal - D. Carlos I.
José Marques, nove filhos, vê-se a braços com a sua educação. Vive na Roda, não há transportes, não há Colégios.
Concorre ao lugar de Secretário Geral da Câmara Municipal do Porto que estava vago.
Há 25 concorrentes, figuras conhecidas do Porto, monárquicos em tempo de Monarquia.
João Franco, Primeiro Ministro de D. Carlos, perplexos sonda o Rei em face de tantos concorrentes. E, D. Carlos, o Rei, pergunta quem fez melhores provas e João Franco diz: foi o candidato José Marques, mas é republicano. E, D. Carlos, com o seu carácter, a sua honestidade, a sua firmeza responde : Então é ele que vai ocupar o lugar!
Grande Homem. Grande Rei, Grande Exemplo.
Hoje, lembram-se do filme “ E tudo o Vento Levou”? Pois tudo o vento levou.
O Dr. José Marques ocupa o lugar de Secretário Geral da Câmara Municipal do Porto, durante 30 anos, aposentando-se em 1936.
Na sua saída, no acto de despedida, disse que saía de cabeça levantada e mais pobre do que quando para ali entrou.
Foi um grande Constitucionalista, autor do Código Administrativo. Foi convidado para ministro, mas recusou porque só aceitaria a pasta da Agricultura.
Após a sua aposentação, advogou alguns anos no Porto, mas adoecendo, retirou-se para a sua casa na Roda, onde faleceu a 17 de Dezembro de 1939.
A Câmara do Porto em retribuição dos serviços prestados durante tanto tempo deu o seu nome a uma Rua da Cidade.
Outro tanto fez a Câmara Municipal de Mangualde que também deu o seu nome à Rua junto do Mercado Municipal.
Grandes Homens, grandes figuras, que honram Mangualde. E Mangualde reconhece e agradece.

A. F.