Eduardo Lourenço


Um Homem Universal
Um beirão nascido na pequena Aldeia de São Pedro de Rio Seco, do Concelho de Almeida, só pode ser português.
O seu chão, a sua terra , a sua aldeia um espaço reservado e particular foi sempre o seu lugar maior. Era daqui que olhava o mundo!
Viveu deixando-se surpreender. Rodeado de livros, a sua biblioteca era uma autêntica Babel, mas onde sabia estar cada livro.
Escrevia à mão e era alheio à internete. E nem por isso deixou de ser o maior.
Foi pensando Portugal ao longo de extenso caminho - 97 anos.
Recebeu do pai uma mala de livros e tornou-se um leitor compulsivo. Admirava Júlio Dinis, sua primeira paixão literária, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett, Fortunato de Almeida, os neorealistas e foi um cultor, um estudioso e divulgador da Literatura Portuguesa.
Devoto de Luís de Camões, Sá de Miranda, Gil Vicente e Antero de Quental. Um Homem de saber enciclopédico também não foi alheio ao sebastianismo, aos mitos e ao imaginário português.
Considerava Fernando Pessoa como o mais universal dos autores portugueses - “ O sonhador de todos os sonhos “.
Esteve ausente do seu País durante anos, teve uma brilhante carreira académica lecionando nas Faculdades da Alemanha, França e Brasil.
Mas, embora ausente estava sempre presente através dos livros , jornais e revistas.
De fora, a distância dava-lhe lucidez nas suas análises. Tinha uma visão universalista - um português que só é português, não é português”.
E sempre considerou que o Homem é uma realidade dividida.
Viveu a maior parte da sua vida no Sec. XX que considerava o “Século de Ouro” da Literatura Portuguesa.
Apreciava os seus coevos, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa Luís, Miguel Torga, José Saramago, Lobo Antunes que considerava grandes talentos. Não “Génios”, porque “génios” só a História o dirá.
Faleceu no dia 1 de Dezembro aos 97 anos. Considerado o maior pensador contemporâneo.
Morreu o Filósofo, o Ensaista, o Professor, o Escritor. Deixou uma vasta obra.
Como dizia Junqueiro, a nossa obra é o nosso monumento!
A.F.