Uma aldeia chamada Freixiosa:
a ideia de um mini-parque de lazer para a comunidade…

O Amor e a Dedicação à sua Terra
Não há muito tempo o Arquitecto José Perdigão, um bom amigo de Viseu, contava-me que conheceu um habitante da Freguesia da Freixiosa, que estava a fazer uma obra extraordinária.
A suas expensas estava a pavimentar ruas e a reparar muros na sua aldeia, para a tornar mais atraente e com melhores acessibilidades.
O meu interesse levou-me a procurar o Sr. José Costa, que em tempos passados emigrou para o Brasil e agora retornou ao seu torrão natal.
O Brasil fixou-se no imaginário português desde o Séc. XVIII. Era considerado o “Paraíso”, onde existia a “árvore das patacas”.
Durante mais de um século foi o “Eldorado” que fascinou muitos portugueses a abraçar uma aventura alimentada de esperança.
A emigração dos portugueses a partir do Séc. XVIII foi um facto marcante. Os portugueses espalharam-se por todas as latitudes, mas tendo sempre uma forte ligação à sua terra natal.
Portugal transformou-se na “terra dos adeuses” tantas eram as partidas, choradas e as saudades sentidas.
Os Portugueses procuravam onde a fortuna podia sorrir! E, felizmente sorriu para muitos emigrantes portugueses.
A aventura alimentada de esperanças correu bem para uns e mal para outros.
O emigrante, aí nesse “paraíso sonhado” aprendeu novos hábitos e também influenciou e muito o meio em que se inseriu.
Aí trabalharam décadas a fio para amealhar a sua almejada fortuna.
Arranjado um bom pecúlio o “brasileiro” regressa à sua terra de origem onde vai investir não raras vezes na intelectualidade, que virá a beneficiar as gerações seguintes.
Muitas vezes torna-se filantropo, ajuda a reconstruir Capelas, cria Hospitais e Asilos, preocupa-se com o seu semelhante.
Mas, onde gosta de investir é nas casas, nos palacetes, na recuperação de casas fidalgas arruinadas e abandonadas.
Esses Palacetes, muitas vezes conhecidas como “Casas de Brasileiros” marcam muito a nossa paisagem rural e urbana.
A Literatura oitocentista portuguesa consagrou muitas das suas páginas ao brasileiro que partiu pobre e regressou rico. Camilo Castelo Branco é um dos autores que mais escreveu.
O “brasileiro” que regressou rico, trouxe características da sua estada nas terras do Brasil. Fala um português acentuado, com pronúncia brasileira e usa frases e palavras que aprendeu no Brasil.
O Homem sempre gostou de viajar! Viajar é conhecer outros mundos, outras pessoas. É redescobrir-se, conhecer outras formas de estar na vida.
Mas, gosta de voltar às suas origens ao seu “torrão natal”.
O Senhor José Costa é um dos muitos exemplos dos bafejados da sorte.
Não resistiu ao apelo de uma coisa, desconhecida que vale mais que a riqueza e a volúpia. Às saudades, aos abraços que são verdadeiras cadeias de amor.
Regressou à sua terra Freixiosa, de ambientes românticos e lugares nostálgicos, de entardecer tranquilo onde o tempo desliza em comunhão com a natureza.
Regressou ao local onde o passado e a memória se cruzam.
Quem não gosta da sua terra não é digno de ter nascido nela!.
A nossa terra tem tal atracção que nos prende a alma e o coração!
O Poeta, que é um sonhador, olha para a sua terra não com os olhos da cara, mas com os olhos do coração e canta:
Minha terra, pequenina e grande!
Assim te vejo!
Fantasias de Poeta,
Amor, desejo.
Porque há olhos que vêem,
Penetram fundo
E olhos que sonham
E descobrem mundo.
O Sr. José da Costa é um exemplo de amor e dedicação à sua terra.

António Fortes

O que eu ainda gostaria de fazer por aqui, antes de ir embora…
Desde 2015 venho realizando trabalhos de melhorias no entorno da casa/propriedade, tendo como realização de destaque, até o momento, a requalificação do Antigo Caminho da Escola Primária, ocorrida em 2019, uma obra realizada com o objetivo de substituir aquele espaço degradado por um novo espaço pedonal, por onde as pessoas possam fazer caminhadas e apreciar a paisagem e, em especial, o amanhecer e o pôr do sol… E na sequência desses trabalhos, pretendo ainda avançar mais, tendo como objetivo final a construção de um espaço adicional, um mini-parque de lazer, uma área verde circundada por árvores, incluindo as famosas Sakuras japonesas (para apreciar as suas belas flores na primavera); ademais, instalar ali um pequeno conjunto de aparelhos de ginástica, um playground e, possivelmente, até uma quadra de esportes, além de alguns bancos de jardim. Este mini-parque (uns três mil m2) aproveitaria o fato de ser circundado ao fundo e por uma lateral pelo Caminho e, na frente em parte pela EN16, cujo passeio público seria melhorado em relação aquela obra de 2015, incluindo o seu alargamento. Haveria portanto duas entradas/saídas: uma pela lateral-fundos, através do Caminho, e outra pela frente, através da EN16.
Nota: seria necessário ainda agregar ao conjunto a instalação de duas mini-casas de banho (Masculino/Feminino), dois bebedouros (água potável) ao ar livre, umas duas cestas para coleta de pequeno lixo e, certamente, duas ou três luminárias (embora já haja iluminação pública no seu entorno). Quanto ao esgoto pode ser utilizada a fossa sanitária existente no quintal da casa (até que haja sistema público de esgotos na região). Naturalmente, o mini-parque teria que ser administrado (abrir, fechar, limpar, fazer pequenas manutenções, etc), provavelmente pela Junta de Freguesia, a partir de entendimentos com a CMM.
Observar que, tal qual o Caminho, esta área do “quintal anexo” que pretendo destinar à construção desse mini-parque, também apresentava uma série de problemas, além da topografia um tanto irregular da área (questão em grande parte já resolvida). Mas, além disso, há uma linha de águas pluviais (públicas) que passa por esta área do quintal anexo (já reconstruída e com a correção de seu curso) e, ainda, uma linha de postes de telefonia que a cruza em diagonal. Em ambos os casos, a inexistência daquilo que se poderia chamar de um “sistema viário básico” na aldeia, certamente, acabou por forçar ao longo do tempo esta situação. A recordar que justamente por esta razão (a não configuração de um sistema viário básico) também não há um sistema público de esgotos nesta parte da Freixiosa, o que torna necessária a existência de fossas sanitárias nos quintais das casas (como na minha); pois, ao contrário de linhas de águas pluviais e linhas de postes de telefonia, não seria possível passar redes públicas de esgotos através dos quintais das casas, claro! Mas mesmo quanto à rede de postes de eletricidade, ainda há um poste instalado num canto do quintal, junto ao muro lateral-fundos e ao lado de um antigo tanque que armazenava água proveniente de um poço existente do lado oposto… E os meus pais cultivavam toda a área à volta, com rega constante e tudo o mais, ó céus! De qualquer forma, pela configuração deste espaço tal como aqui descrito, eu já antevia, desde o inicio, a possibilidade de, eventualmente, vir a transformar parte desta área do quintal anexo em algo como uma praça pública verde com bancos de jardim, um local público de lazer. E com o decorrer do tempo, tal possibilidade de uso desta área foi ficando mais visível à medida que melhorias foram sendo realizadas no conjunto da propriedade e, sobretudo, no seu entorno.
Na nova configuração proposta para o uso da área da minha propriedade, a casa propriamente dita manteria como quintal apenas uma faixa lateral do espaço atualmente disponível, mais a área aos fundos e área do jardim à frente.
Naturalmente, apenas com os meus parcos recursos eu levaria ainda alguns anos para concluir esses trabalhos. E, ao final, todo esse espaço com o mini-parque instalado seria doado à Câmara Municipal de Mangualde que, claro, teria que aceitá-lo para torná-lo um espaço público de direito. Mas, caso não seja aceito pela CMM, terei que pensar em outra alternativa de uso. Portanto, o ideal seria fechar desde já um compromisso com a CMM, incluindo a possibilidade dessa doação do referido espaço ocorrer num prazo mais imediato, a partir do momento em que a configuração da área (principalmente a topografia) já estiver bem definida; a partir daí a própria CMM poderia encarregar-se de concluir os acabamentos do mini-parque. A única condição que coloco é que quero fazer uma homenagem póstuma a minha mãe, tendo o mini-parque como referência.
Quanto à casa, e a partir da definição do mini-parque e destinação do mesmo como área pública, eu poderia vender a casa ou, eventualmente, até doá-la a alguma entidade/organismo que possa agregar valor ao lugar/região, como, por exemplo, algum órgão estatal ou paraestatal ligado ao meio ambiente, de preferência vinculado à União Europeia.
E, então, este tiozão iria tocar o seu samba (ou seria o fado?) em outra freguesia, algures. Bem, se eu durar tanto…
José Costa
(o Zé Brasileiro, escriba acidental, de uma aldeia chamada Freixiosa)