“Connecting Europe Expresso”

O Comboio já partiu…
No Jornal Renascimento de 1 de julho anunciavamos a partida do comboio europeu “Connecting Europe Expresso” da Estação de Lisboa, S.ta Apolónia no dia 2 de Setembro, para uma visita a 70 cidades europeias. A viagem termina no dia 7 de Outubro em Paris e pretende comemorar o “ Ano Europeu do Transporte Ferroviário”.
Porém, o facto mais relevante desta viagem é a passagem de um comboio português na Fronteira de Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro, onde desde Março de 2020 não passou um único comboio.
Com a pandemia foram suspensas as ligações internacionais do “velhinho” Sud Expresso criado em 1887 que liga Lisboa a Paris e do Comboio Hotel Lusitânea Expresso, Lisboa/ Madrid. Mais de ano e meio depois e as ligações ainda não foram repostas com grande prejuizo para os habituais utentes.
O comboio que partiu no dia 2 de Setembro de Lisboa às 8h20m foi pela Linha da Beira Baixa, reaberta recentemente após 12 anos de encerramento e passou com as suas seis carruagens pela Covilhã e pela Guarda, rumo a Vilar Formoso/ Fuentes de Oñoro.
A nova Linha da Beira Baixa, electrificada, acabada de refazer permitiu uma viagem sem solavancos tendo como paisagem a magestosa Serra da Estrela.
Em Vilar Formoso houve necessidade de trocar de locomotiva, uma máquina a diesel, já que o troço Fuentes de Oñoro/ Medina del Campo ainda não está electrificado.
Depois das curvas portuguesas, contornando a Serra, seguem-se as planícies da Meseta Castelhana, dominadas pelo silêncio.
Este silêncio só foi interrompido pelos protestos das gentes espanholas em Medina del Campo que defendiam o regresso dos comboios suprimidos.
E de Medina del Campo, novamente em rede eléctrica para Madrid e daqui para as cidades europeias.
De tudo isto ressalta a nossa pobreza. A C.P. não tem seis carruagens para constituir um comboio. Foi necessário recorrer à Renfe para arranjar seis carruagens há muito encostadas.
Madrid e Lisboa, Capitais, são como os eucaliptos. Secam tudo à sua volta. O Interior de Portugal e a Raia Espanhola sofrem do mesmo mal - Isolamento, despovoamento, desertificação.
E por isso os povos destas zonas desfavorecidas protestam, pedem mais atenção aos seus governos, reagem contra o esquecimento, o distancionamento.
Como diz o adágio popular - Lá Como Cá, Más Fadas Há.