EDITORIAL Nº 807 – 1/10/2021

Um Portugal inteiro
Vivemos no interior, um Portugal longe do mar, mas rico de Gentes, História e Património, onde se pode viver e sonhar, um território autêntico, surpreendente e desconhecido por muitos.
Entre serras e rios, planaltos e planícies, em cidades, vilas e aldeias há histórias surpreendentes que nos levam a escolher esses locais para simplesmente viver e ficar.
Portugal não é o Litoral, as grandes Cidades, porque o País real não começa nem se esgota nas Capitais. O País real é um todo. O Interior e o Litoral.
Com as sucessivas crises vai nascendo um desencanto com os grandes centros populacionais.
A pandemia ajudou a inverter a saída das gentes dos campos para as cidades. Estudos recentes apontam que 30% da população que vive em meios urbanos, admite mudar-se para o campo procurando melhor qualidade de vida e estar mais próximo da natureza.
É na faixa étária dos 35/45 anos que a vontade de mudança se mostra mais forte. Mais reticentes são os jovens de 18/24 anos, porque neste momento ainda são os Grandes Centros que mais atraem talentos, onde há mais negócios e turismo.
Fugimos do interior para a periferia, para voltarmos ao interior. Mais de mil jovens com cursos superiores querem fugir dos grandes centros. E isto começa a marcar uma tendência. São atraídos pela beleza esmagadora da paisagem, pela paz inebriante, querem afastar-se de um mundo agitado que abranda e quase pára. Porque a vida nas grandes cidades é insuportável.
Procuram locais onde é possível a reconciliação, a introspecção, onde se podem esquecer os problemas e entregar-se a admirar o voo de uma ave que corta o céu.
Com os Fundos Europeus que recebemos e vamos receber pode-se mudar muita coisa.
Os Fundos de Coesão são para fazer a coesão do território, para que seja mais equilibrado, mais forte, para que se desenvolva mais, crescer com qualidade e melhorar a vida de todos nós.
Para isso é preciso olhar para o Território de uma forma diferenciada, já que não é todo igual, pois cada Região tem as suas características próprias.
O Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) não pode nem deve ser um plano cego. Tem de ter os “olhos” bem abertos, uma visão geral do Território e particular em relação a cada Região.
A Industrialização do País tem de ser a principal preocupação. A recuperação do Sector do Turismo é outra. Mas, diferente porque não pode assentar nos baixos salários, na informalidade e na precariedade, que são hoje as regras do Sector.
Nos primeiros 7 meses de 2021 os estabelecimentos hoteleiros apenas tiveram 4,9 milhões de dormidas de estrangeiros. A ocupação está abaixo 82% em relação a 2019. As dormidas cairam 31%.
A “monocultura” do Turismo, não é boa, nem interessa a ninguém.
Devemos procurar melhores turistas e não mais turistas.