Queremos ser a Região Demarcada do Dão Não a Região Demarcada do Lítio


O título desta Crónica é do Arquitecto José Perdigão, Vitivinicultor, Grão Mestre da Confraria dos Enófilos do Dão que na passada Campanha Eleitoral Autárquica recebeu na sua Quinta do Perdigão a Senhora Ministra da Agricultura, Dr.ª Maria do Céu Antunes a quem disse: - “Senhora Ministra, queremos ser a Região Demarcada do Dão e não a Região Demarcada do Lítio”.
O Lítio aparece como o novo “ouro branco”, uma espécie de “volfrâmio” do início do Século passado.
Tem presentemente aplicação na indústria cerâmica, do vidro e da farmacologia, mas surge agora como a grande aposta na substituição dos combustíveis fósseis, gasolina e gasóleo, para alimentar todas as baterias e pilhas, desde os telemóveis aos carros do presente e do futuro. O Mundo procura fazer a transição energética, descarbonizar a economia, para combater as alterações climáticas. Este pacote faz parte da agenda social e política, hoje global.
Contudo, a sua extração da natureza é uma solução difícil de gerir. Em causa estão as populações locais das áreas a explorar, o património natural que tem de ser protegido.
Olhando para o passado, este mostra-nos que a exploração mineira não é muito abonatória.
Explorações mal feitas, mal programadas, acabaram por destruir definitivamente o património natural, afectar as populações e isso além de não se poder repetir, é inaceitável e até criminoso.
Nem todos os desígnios económicos e estratégicos são bons e aceitáveis.
É importante avaliar se os recursos que Portugal dispõe no que se refere ao Lítio, justificam uma exploração e se esta não é imposta por outros países, para se verem livres desse fardo e passarem os prejuizos para outros.
Há países com maiores reservas e preços de exploração mais baixos.
Uma coisa podemos ter a certeza. A mineração verde não existe!
O que existe são os interesses económicos e a especulação.
Esta exploração é uma actividade de elevado risco ambiental, mesmo feita em favor de causas maiores.
Não podemos trocar um problema por outro. A poluição automóvel existe. Mas a exploração do Lítio traz consigo a extração, a mineração, a lavagem. Qualquer uma delas agride a natureza. A extração o horroroso aspecto visual, a avaliação dos terrenos, a compra, a especulação, a supressão dos baldios tão importante para a pastorícia e para o mel. A mineração com a lavagem a poluição das águas, as infiltrações invisíveis. E onde vão buscar a água? Ao rio? E volta contaminada outra vez para o rio?
O assunto neste momento é político. Por isso os Partidos deveriam incluir este assunto na próxima Campanha Eleitoral.
Estão em causa os Direitos Humanos das Populações.
Não pode haver outro imperativo que não seja preservar os espaços naturais, a biodiversidade, os ecossistemas, o Investimento Turístico sustentável e o supremo bem das populações.
António Fortes