Habemus governum


Depois de mais uns atrasos típicos da inépcia do políticos portugueses, com a questão dos votos dos emigrantes, finalmente foi apresentado o 23º Governo Constitucional que é constituído por 18 ministros e 38 secretários de Estado. No total são 56 governantes mas apesar de ser mais pequeno que o último Governo, continua a ser muito governante, arrisco a dizer, demasiados!
Agora, o que podemos esperar deste Governo?
Bem, parece-me que face ao clima de instabilidade e incerteza mundial, vamos ter mais uns largos de navegação “à vista” e de empobrecimento generalizado.
Não são de esperar grandes reformas em qualquer sector até porque as personagens governativas são provenientes, quase na sua maioria, do aparelho socialista, o que só por si quer dizer quase tudo.
António Costa vai continuar a deter o poder executivo, agora com uma maioria absoluta e sem necessidade de negociar com qualquer outro partido representado na Assembleia da República. Agora que se libertou dos seus antigos parceiros da extrema-esquerda, não tem desculpas para executar o programa que apresentou aos portugueses, embora as circunstâncias tenham mudado abruptamente. Na realidade, a invasão da Ucrânia pela Rússia mudou radicalmente o xadrez internacional e as incertezas abundam.
Relativamente à composição do novo governo não se fizeram esperar as críticas e não deixam de ser pertinentes. Diversos setores da sociedade portuguesa acusam-no de ser demasiado centralista, de incluir apenas personalidades da capital e de se cingir à “entourage” restrita do Primeiro-ministro, apesar de não incluir João Azevedo, o seu “delfim” de Mangualde.
Para o economista César das Neves “O primeiro-ministro disse que iria reapresentar o Orçamento do Estado (OE) chumbado em outubro. Isso seria evidentemente um erro, pois estes meses mudaram significativamente o cenário macroeconómico e, por isso, uma boa gestão implicaria uma revisão das metas e medidas do OE, mesmo se o essencial não mudasse. Isso acontecerá certamente (sobretudo se mudar de ministro das Finanças) pois as promessas de campanha são sempre mutáveis”. E, no meu entender, é no novo Ministro das Finanças que reside a maior fonte de problemas.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o “Governo fez uma escolha: manter o programa para os quatro anos e meio e ir juntando as medidas”, mais uma confirmação que o barco navega ao sabores do vento rezando para não meter muita água nem ter a tripulação amotinada.
Habemus governum…resta governar.