EDITORIAL Nº 823 – 1/6/2022

A Velha Azurara

A velha Azurara da Beira deu lugar ao Concelho de Mangualde nos fins do Sec. XVIII, princípios de XIX.
Azurara do nome do Alcaide Àrabe, Zurara, governador do castelo islâmico, que viveu no Monte da Senhora do Castelo e que representava o poder dos Emires na Península.
Castelo que era a “Sentinela da Beira”, de onde se avistavam as Serras da Estrela, Caramulo, Buçaco, Montemuro, Gralheira e ao longe as terras de Castela.
A origem do nome Mangualde suscita várias interpretações, de “mangual” alfaia agrícola, ao do proprietário visigótico/germânico “Mannualdus”, ou ainda da junção das palavras “Mann” (homem) e “Waldan” (floresta).
Deixemos a decifração para os estudiosos e voltemos ao nome Azurara da Beira, que se perde nos tempos e tem um certo ar lendário.
Esta terra tem um lugar primacial na História, na Literatura e na Cultura, quer no contexto local, quer no nacional, para o que muito contribuiu.
Aqui nasceram Poetas e Poetisas, Escritores, Artistas, Homens da Cultura, que deixaram obras que prestigiam esta Terra e que ainda hoje são marcas para o futuro.
O Homem ocupou esta Região desde há 6.000 anos. E as sucessivas gerações foram marcando a sua presença.
O gesto ancestral que transformou o Homem recolector, usando as mãos para produzir os objectos de que precisava é um primeiro e grande passo de humanização. Este passo deu à imaginação o conseguirmos fazer o que sonhavamos.
E ao longo de sucessivas gerações foi inventando os artefactos para facilitar a sua vida quotidiana.
Um dia inventou como se fazia um tecido! E fez um abrigo para a sua companheira! Amassou o barro e fez um prato! Amontoou pedras e fez um templo para adorar as suas divindades.
Mais tarde bordou flores no vestido. Pintou o prato e ornou-o com desenhos!
Pôs torres no templo, estátuas, esculpiu pedras, tudo de forma a dar prazer aos seus olhos.
Foi assim que apareceu a Arte! A Arte é tudo o que serve para dar graciosidade, beleza, para a admiração, para a alegria, de forma que nos emocione, a nós e aos outros, o coração.
A Arte e a Cultura às vezes confundem-se. São dois conceitos importantíssimos do Conhecimento Humano.
Podemos concluir que a Cultura é a “mãe” da Arte.
Por isso, não existe um povo, uma sociedade que não tenha Cultura.
A Câmara de Mangualde, cujo Concelho está pejado de Património, tem desenvolvido programas de valorização e de promoção cultural, dignos de aplauso.
O Turismo, que hoje é um fenómeno global, pode trazer mais valias.
Mas nunca devemos esquecer que o Património, a Cultura e as Artes são as bases do Turismo.
Porém, o Turismo, essa “ Sorte Grande”, como lhe chamou o Poeta Pedro Homem de Mello, é acima de tudo um acto económico.
E só como “Acto económico” nos interessa!