Uma janela para o futuro


A ciência evolui cada vez mais para encontrar respostas eficazes para solucionar a crise energética global. Grande parte da energia eléctrica consumida atualmente ainda provém da utilização dos combustíveis fósseis. Os cientistas continuam a desenvolver soluções para a produção de energia verde no mundo das energias renováveis. Novas ideias surgem todos os dias no campo da energia nuclear, energia eólica, energia ondomotriz e também na energia por células solares. A luz solar é uma fonte de energia limpa, renovável e eterna, mas o aproveitamento dos raios solares adequado às necessidades energéticas das sociedades, ainda é um desafio.
Nasceu uma nova geração de paineis solares fotovoltaicos transparentes, integrados em vidro, que transformam o que parece ser uma janela normal numa acumulador de energia solar. Uma tecnologia que aplica corantes nas células solares fotovoltaicas, de fácil produção e com baixos niveis de toxicidade, consegue converter a luz solar em electricidade e pode ter inúmeras aplicações práticas, como janelas e fachadas dos prédios, ecrãs dos dispositivos móveis, estufas, entre outras. Embora a sua eficiência seja ainda inferior às células à base de silício presentes nos sistemas solares tradicionais, a simplicidade de processamento e o baixo custo de fabrico, fazem com que esta tecnologia seja uma alternativa promissora à produção de energia limpa.
No sentido inverso, os cientistas também são capazes de desenvolver tecnologias capazes de reflectir a luz solar e assim contribuir para o arrefecimento global. A “tinta mais branca do mundo”, pode reflectir até cerca de 98% da luz solar e mantem as superficies tão frias, que reduzirá a necessidade de ar condicionado. Esta nova fórmula, mais fina e leve, abre a possibilidade para outras aplicações para além dos telhados e fachadas das casas, possibilitando agora a sua aplicação em carros, comboios e aviões. A utilização desta tinta, tem uma dupla vantagem: se por um lado, a redução do uso de energia para arrefecimento tem um menor custo económico e uma contribuição na redução das emissões de gases de efeito de estufa, por outro lado, a tinta reflete o calor para o espaço, o que refresca diretamente o planeta.
De uma maneira ou de outra, quer pela acumulação da energia solar, quer pela sua repulsa, dotar os edifícios de tecnologia que os transforme em geradores autossuficientes de energia vai simultameamente minimizar os impactos ambientais e limitar a dependência de redes externas. Este novo paradigma energético, contribuirá sem dúvida para o cumprimento das normas da União Europeia para o aproveitamento da energia solar e que recomendam a obrigatoriedade de instalação de painéis solares nos novos edifícios e nos edifícios renovados já a partir de 2023. Alguns estados membros foram pioneiros a adoptar esta obrigação, mas em Portugal dão-se os primeiros passos neste sentido, promovendo o modelo cooperativo de implementação e utilização de energias renováveis no território.