“Sete mulheres para cada homem”


Ao longo dos anos os recenseamentos gerais da população efetuados em Portugal, permitiram apurar a proporcionalidade dos sexos. Mas será que alguma vez existiram sete mulheres para cada homem?
Esta expressão poderá ter a sua origem no período em que os homens morriam na guerra e as viúvas que restavam ficavam em maior número.
A análise do indicador demográfico “relação de masculinidade” permite avaliar a proporção de cada um dos sexos ao longo dos anos e concluir que a relação de sete para um nunca existiu com esta expressão.
No final do século passado, os fluxos migratórios intensos, essencialmente do sexo masculino, levaram a uma redução do numero de homens residentes no nosso país.
Por outro lado, a relação de masculinidade à nascença é favorável ao sexo masculino, isto é, nascem mais homens do que mulheres, permanecendo estes em maior número nos primeiros anos de vida. No entanto, nas idades mais maduras, a mortalidade do sexo masculino é superior, devido a uma maior associação a comportamentos de risco.
A mortalidade nas mulheres, devido à maternidade, foi durante muitas décadas a única desvantagem sanitária associada ao sexo feminino. No entanto, a conquista dos direitos das mulheres tem potenciado comportamentos idênticos. As mulheres expõem-se cada vez a mais riscos, até então exclusivos do sexo masculino, casam mais tarde e têm cada vez menos filhos, aproximando cada vez mais o indicador “relação de masculinidade” de um para um, deixando de haver uma relação numérica desigual entre homens e mulheres.
A publicação dos Censos de 2021 mostraram uma segunda quebra na população que vive em Portugal, desde 1864, ano sem que se realizou o primeiro recenseamento geral da população. A primeira quebra ocorreu na década de 70 resultado da elevada emigração verificada na década anterior.
No dia 19 de abril de 2021, viviam em Portugal 10.343.066 pessoas, que se dividem entre 5.422.846 mulheres e 4.920.220 homens. Em relação ao recenseamento efetuado em 2011, existe um decréscimo populacional de 2,1%.
Outra conclusão é o acentuar dos desequilíbrios na distribuição da população pelo território nacional, com o reforço do abandono do interior e da concentração da população no litoral e na capital. Dados do INE indicam que 20% da população vive em 1,1% do território.
A população estrangeira a residir em Portugal cresceu cerca de 40% face a 2011 e já ultrapassa o meio milhão de pessoas, o que representa 5,2% da população total. Mas nem mesmo um aumento do número de estrangeiros a viver em Portugal contribuiu para evitar uma queda da população total residente no país.
Outra conclusão importante é o aumento expressivo da população idosa, que representa quase um quarto do total e a diminuição da população jovem até aos 14 anos, que representa pouco mais de um décimo. Entre 2011 e 2021, assistiu-se a um decréscimo da população em todos os escalões etários até aos 39 anos. A idade média da população é de 45,4 anos, e há agora 182 idosos por cada 100 jovens.
Atualmente existem 91 homens por cada 100 mulheres em Portugal. É caso para perguntar, como será o futuro se mantivermos a tendência das últimas décadas e passar-mos a ter sete homens por cada mulher…?