Sorrir com olhar triste


A importância do individuo, dentro da sociedade, é um tema recorrente, com intuito de desencadear sensação de controle e satisfação. A felicidade é associada à aquisição de bens materiais, como forma de inserção do conjunto democrático. De fato, mal nascemos somos educados para sermos produtivos e trabalharmos até à exaustão, “porque se trabalhares muito, terás a felicidade que desejas!”
E o que acontece quando trabalho muito, e não obtenho a felicidade anunciada? Os habituais sintomas de: perda de sentido de vida; sensação de vazio e de inutilidade; sentimentos de culpa e um sofrimento incontrolável, consubstanciam uma provável depressão, cuja ciência justifica por desequilíbrios químicos a nível cerebral. O que contribui para que quem sofre desta doença não identifique claramente o que se passa, sofra em silêncio e se isole do mundo externo; além disso, fortalece a ideia de que seja um problema individual, e não social.
As expectativas criadas acerca do âmbito pessoal, social e profissional são construídas através de demonstrações de terceiros, em redes sociais, comunicação social, tudo sob o bastião de ser produtivo e útil à sociedade, em prole de lucros que a própria pessoa desconhece. O medo de perder o emprego, o endividamento financeiro, a imagem ilusória de si mesmo, transtorna qualquer um, e a empresa\ instituição coloca uma culpa inusitada ao individuo, que tanto enaltecia há uns meses atrás. Afinal as horas ausentes do ambiente familiar, as dedicações exclusivas ao trabalho trouxeram um sorriso sombrio e um sabor amargo. As palavras substituição e rotatividade, passaram a constar no vocabulário. Há que manter o sistema a funcionar, porque há muita gente a comprar, a ter, a mostrar… 
Frases como “Estás a queixar do quê?”, são sinais que a empatia é nula perante uma situação de depressão. A competição aliada à insensibilidade, são valores estimulados e visados no mercado de trabalho voraz e corporativista. Até as máquinas são sujeitas a desgaste, e a falta de investimento e manutenção do fator humano, empobrece qualquer sistema, mesmo o mais mecanizado possível.
Seja razoável consigo próprio, o que considera ser uma fraqueza, pode ser um inicio para ser tornar melhor pessoa. Veja uma mudança, não como uma tragédia, mas um caminho diferente de ter um sentido para viver. Não tenha receio de pedir ajuda, porque ajudar confere uma humanidade esquecida pelas ilusões impostas, de quem não sabe liderar. Seja amigo se si próprio, cuide de si e sentirá uma plenitude que nenhum comprimido pode lhe dar …