Pela segunda vez consecutiva, a Ordem dos Psicólogos Portugueses atribuiu ao Município de Mangualde, tal como a outras 72 comunidades, autarquias e juntas de freguesias, a distinção do Selo “Comunidades Pró-Envelhecimento”, agora para o biénio 2022-2024. 
A cerimónia de entrega desta distinção decorreu no passado dia 14 de abril, na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, na qual, esteve presente Maria José Coelho, Vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Mangualde.
Para sabermos um pouco mais sobre esta distinção recebida pelo Municipio de Mangualde, trocamos algumas palavras com a Vereadora da Ação Social, Maria José Coelho.

Drª Maria José, que distinção é esta?
O “Selo – Comunidades Pró-Envelhecimento 2022-24” foi atribuído, pela segunda vez, ao Município Mangualde.
Este galardão pretende reconhecer e distinguir as comunidades portuguesas, cujas políticas, programas, planos estratégicos e práticas demonstrem um compromisso forte e efetivo com a promoção do envelhecimento saudável e bem-sucedido, ao longo de todo o ciclo de vida.
Deste modo, a Comunidade abrangida pelo município de Mangualde foi avaliada conforme as políticas, programas, planos estratégicos e práticas relativas à promoção do envelhecimento saudável, tendo sido atribuído o Selo de Comunidades Pró-Envelhecimento.
O trabalho desenvolvido junto da comunidade do município tem procurado transformar a forma como envelhecemos e, também, alterar o reconhecimento e valorização social que fazemos destes cidadãos. Assim, é possível, através de pequenas mudanças no ambiente e nas oportunidades que se encontram ao alcance dos cidadãos, ter consequências significativas no envelhecimento.
A atribuição do Selo, que decorreu no auditório da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, no passado dia 14 de abril, surge como o reconhecimento do trabalho desenvolvido na comunidade por parte da nossa autarquia para a promoção de um envelhecimento saudável, mas também como um incentivo para dar continuidade à promoção de um processo de envelhecimento saudável.
Receber o Selo Comunidade Pró-Envelhecimento é motivo de grande orgulho para a nossa autarquia. É um claro indicador que promovemos, diariamente, políticas e práticas que contribuem para o envelhecimento saudável e ativo da população sénior. Este é o reconhecimento do trabalho e dedicação de toda a comunidade e um incentivo para que continuemos a investir em iniciativas e atividades destinadas ao bem-estar dos seniores.

Em relação à primeira edição, em que Mangualde também foi distinguido, verificou-se uma diminuição de 21 comunidades. O que terá levado a este decréscimo?
Não me cabe a mim responder a esta pergunta, mas sim à Comissão de Avaliação. Contudo, respondo, porque eu própria coloquei essa questão na cerimónia e a resposta que obtive foi que os critérios para este biénio foram muito mais exigentes e daí muitas autarquias não cumprirem com a maior exigência das respostas.

Que políticas têm sido adotadas pelo Município de Mangualde para a promoção do envelhecimento saudável?
Receber o Selo Comunidade Pró-Envelhecimento é motivo de grande orgulho para a nossa autarquia, para a minha equipa e para a rede social. É um claro indicador que promovemos, diariamente, políticas e práticas que contribuem para o envelhecimento saudável e ativo da população sénior. Este é o reconhecimento do trabalho e dedicação de toda a comunidade e um incentivo para que continuemos a investir em iniciativas e atividades destinadas ao bem-estar dos seniores.
Tem sido preocupação do nosso município, preparar planos e implementar ações/projetos para que os cidadãos e cidadãs possam envelhecer saudavelmente e com sucesso. Projetos esses relacionados com a prevenção dos riscos, de promoção de comportamentos saudáveis e de promoção da capacidade funcional, respondendo às necessidades dos cidadãos e cidadãs seniores de hoje e daqueles/as que o virão a ser no futuro.
Construir uma Comunidade Pró-Envelhecimento é uma responsabilidade de todos e de todas, que envolve uma abordagem intersectorial e uma multiplicidade de ações a diferentes níveis, sempre com o objetivo de construir e manter competências e capacidades funcionais, bem-estar e saúde, redes sociais, envolvimento e contribuição cívica e mobilidade ao longo de toda a vida.
No nosso município, e decorrente de um trabalho de parceria entre todos os parceiros da Rede Social desenvolvemos uma panóplia de projetos centrados nas necessidades dos cidadãos e cidadãs nas diferentes fases do ciclo de vida e processo de envelhecimento, nomeadamente, Bons velhos tempos; Mochilas às costas sapatilhas nos pés, Desporto Sénior, Mobilidade +, Arraial Sénior, Dia do Idoso, Pontos e Encontros, Teleassistência, Andanças Seniores, Cartão Sénior e atividades culturais.
Em breve apresentaremos mais um projeto que também vai incluir todas as IPSS e que será também um projeto social inovador. Temos de viver o presente a pensar no futuro.
Pretende-se assim promover comportamentos saudáveis a capacidade funcional, respondendo às necessidades das pessoas seniores de hoje e daqueles/as que o virão a ser no futuro como já referi.

Em 2022, no país verificou um aumento da natalidade na ordem dos 5%. Mangualde também sentiu esse aumento? Ajudou, ainda que muito ligeiramente, a contrabalançar a população envelhecida?
Será muito difícil alterar a pirâmide demográfica, ela continua muito desequilibrada quer no nosso concelho quer no nosso país.
Estima-se que em 2080 as mulheres à nascença tenham uma esperança de vida para lá dos 92 anos e no caso dos homens situa-se nos 87,4.
Em Portugal, por cada 100 jovens, existem em média, 182 idosos, números que traduzem um agravamento do índice de envelhecimento em 42% no espaço de dez anos. Segundo as projeções do INE de 31 de março de 2020, este índice irá atingir, em 2080, o valor de 300 para cada 100 jovens. 
Segundo o Observatório da Natalidade e do envelhecimento em Portugal, a maior parte das pessoas está preocupada com o envelhecimento e consideram importante manter uma vida ativa para alem dos 65 anos.
No que concerne à dinâmica demográfica do Concelho de Mangualde ela é marcada sobretudo pelo declínio populacional, pelo acentuado envelhecimento populacional, por mudanças ocorridas ao nível das estruturas familiares, e por um saldo migratório negativo, que sinalizam novas formas de viver em família.
A população entre os 0 e os 14 anos tem vindo a decrescer, enquanto nos escalões mais elevados, nomeadamente a partir dos 65 anos tem vindo a aumentar
O Índice de Envelhecimento, que consiste na relação entre a população idosa e a população jovem, tem registado, deste modo um aumento bastante significativo, sendo que a diminuição da taxa de natalidade, aliada ao aumento da esperança média de vida, também tem grande impacto neste envelhecimento populacional.

Outras considerações/informações que julgue importantes e não tenham sido abordadas nas nossas questões.
Considera-se que temos um desafio social pela frente, os idosos dos futuros serão diferentes do presente, mais exigentes, mais ativos culturalmente e mais tecnológicos, e as respostas públicas perante o envelhecimento não poderão ser as mesmas e encaradas como perdas associadas ao processo de envelhecimento ou aos seus potenciais custos económicos e sociais, mas sim, devemos todos /as potenciar os dividendos do facto de vivermos mais longos anos.
Implementar estratégias de prevenção e de redução de fatores de risco adotando comportamentos e estilos de vida saudável, promover a literacia e a consciencialização sobre o processo de envelhecimento, facilitar a participação dos cidadãos e cidadãs na vida coletiva da sociedade, participar no processo de construção de politicas públicas, planos estratégicos e programas da comunidade ao longo do ciclo da vida é permitir a construção duma sociedade mais justa, equitativa, sem estereótipos e preconceitos.