A CRIAÇÃO DE UM MUSEU DE MANGUALDE É UMA DAS ASPIRAÇÕES DO NOVO PRESIDENTE DA ACAB

A Associação Cultural Azurara da Beira elegeu para o triénio 2023/2025, uma nova direção presidida por João Carlos Alves, que assim, substitui no cargo Lúcio Balula.
De acordo com o novo Presidente, o objetivo do mandato passa por revitalizar a associação e chamar mais pessoas à coletividade.
A criação de um Museu que dignifique o concelho e a região, que contribua para a salvaguarda, e divulgação do espólio existente é também uma das aspirações do novo presidente.

  • Dr. João Carlos, como surgiu o convite para Presidente da ACAB e porque aceitou?
    Surgiu da parte da anterior Direção da ACAB, que me fez vários convites, ao longo do tempo, para aceitar a proposta de encabeçar uma lista, como Presidente da Direção. Mas também da pressão, no bom sentido de várias personalidades mangualdenses, que têm um certo carinho pela associação, por tudo o que ela já fez e representa, e que referiram, que graças ao trabalho que tenho desenvolvido ao longo de dezenas de anos, em prol da preservação e divulgação do Rico Património Cultural e da História do Concelho, deveria colocar o meu conhecimento e dinamismo, ao serviço da Instituição, o que seria uma mais valia, para a sua revitalização.
    Além do respeito, amizade e importância de certas personalidades, sócios fundadores e outros, que pertenceram aos Corpos Sociais de que destaco, o Dr. Alexandre Alves, o Dr. Fernando Daniel, o Dr. Castro Oliveira, o Dr. José Augusto Pereira, Joaquim Santos, com quem contactei ao longo de vários anos, e com o máximo de admiração por todos os outros que, nela colaboraram e que não referi, mas fundamentalmente a amizade que tinha com o saudoso Dr. Marques Marcelino, que foi o fator, que mais pesou na minha aceitação de concorrer a Presidente da Direção da Associação para o triénio de 2023-25. Foi meu colega no Curso de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, conhecia a minha família, e foi colega bancário da minha esposa. E também não posso esquecer, as palavras que me dirigiu em Coimbra, num intervalo de estudo, “caro colega como gostas muito de história, e de efetuar diversas comemorações e recriações, e vais viver para Mangualde, conto com a tua colaboração”. E assim aconteceu, ao longo de diversos anos e realizações, de que destaco a Festa Maior “A Atribuição do Foral dos 900 anos a Mangualde”, e muitas outras, sempre que foi possível cruzar.
  • Quem acompanha o Dr. João Carlos na Associação?
    Quem me acompanha na Lista da Direção, eleita por unanimidade, são os seguintes elementos, como, Vice-Presidente – D. Maria Augusta de Sena Amaral Marques Marcelino, Secretário – Dr. João Paulo B. Ferreira, Tesoureiro – Dr. Diogo Ribeiro Fonseca, Vogal – Dr. Sérgio Costa Couto, Suplente – Eng. José Saraiva Correia. Procurei alguma continuidade, através da D. Augusta Marcelino, e do Snr. Eng. Correia, mas também convidei elementos novos, dois da área da História e um da Matemática.
    Apresento seguidamente os outros Órgãos eleitos, que como se pode ver pelos nomes, abaixo indicados, são cidadãos de mérito, e a quem em meu nome pessoal, aproveito para saudar e desejo o máximo de sucessos, em prol de uma Associação que dignifique o Concelho e as suas gentes, que segundo o meu ponto de vista, esteve na sua génese.
    ASSEMBLEIA – GERAL
    Presidente – José Augusto Pereira (sócio fundador)
    1ª Secretária – Adelaide Maria da Conceição Leal de Almeida
    2º Secretário – Amândio Monteiro
    CONSELHO FISCAL
    Presidente – António Jorge Morais Pais de Pina
    Vogal – Maria Teresa da Conceição Gomes Fernandes
    Vogal – José Lopes Martins
    Suplente – Maria Glória Cardoso
  • Quais os projetos/planos para o futuro? E no imediato, qual o que pede mais urgência?
    Começando pela parte final da sua pergunta, o mais premente, será equilibrar as finanças, começando a cobrar quotas, que com a situação pandémica se agravou, e atraindo novos sócios, tendo muita gente, demonstrado vontade de pertencer à Associação. Não posso aceitar que alguns membros da Associação, custeiem do seu bolso, produtos de limpeza, tinteiros, paguem horas a senhoras da limpeza, etc. Na minha ótica, as Associações devem ser criativas, e ser autossuficientes, e não sobreviver, única e exclusivamente à custa da subsidiodependência. É evidente que nos tempos que correm, são importantes os donativos, e muito ajudam, mas não em exclusivo.
    Relativamente à primeira parte da sua pergunta, uma velha aspiração minha, que eu sempre defendi, com o Dr. Marcelino, é que Mangualde tenha um Museu, que dignifique o Concelho e a região, chamem-lhe do território, ou outro nome qualquer, mas que contribua para a salvaguarda, e divulgação do espólio existente, muito disperso, e para o retorno de outro à guarda de diversas instituições, e que ao longo dos anos, a sua não existência, tem evitado a oferta de diversas coleções, e que seja ao mesmo tempo uma porta de entrada e de saída para o conhecimento do nosso riquíssimo Património. Também continuar a lutar pela defesa, preservação e restauro, dos nossos mais emblemáticos monumentos, a Estação Arqueológica da Raposeira, a Igreja Matriz, o Real Mosteiro de Fornos de Maceira Dão, a Orca dos Padrões…São necessários igualmente novos Estudos Antropológicos e Arqueológicos, relativos à necrópole medieval da Matriz de S. Julião…
    Gostaria de também dar continuidade, a um conjunto de Conferências/Palestras, que abordem estas temáticas, e outras como já faço há dezenas de anos.
  • Não descurando de todo o trabalho que tem sido feito na ACAB, a Associação está muito identificada ao seu Grupo de Cantares e ao encontro anual de Janeiras.
    Como pretende alterar esta situação, por forma a mostrar que a ACAB é, e vai muito mais além que o Grupo de Cantares?
    Pessoalmente, gosto muito do Grupo de Cantares, que ao longo da sua existência, muito têm dignificado o Concelho e as suas gentes, tanto a nível nacional como internacional, como foi o caso em 1982, em que foi convidado a ir à Alemanha, onde atuou em várias localidades do Estado da Renânia do Norte - Vestefália, nomeadamente no Festival Internacional de Lippe, na cidade de Detmold.
    Não nos podemos esquecer, do excelente trabalho etnográfico de recolha de trajes do folclore e de diversas e ricas canções do universo popular. O encontro anual de Janeiras, é outra marca identitária da Associação, na qual é pioneira, no Concelho, desde o seu nascimento, que as pessoas muito apreciam, que se deve perpetuar, ser acarinhada e apoiada, que já vai na sua 33ª edição. A Associação é Sócio Efetivo da Federação de Folclore, há 30 anos.
    Como se verifica, manter esta vertente será um gosto, e tal não implica, descurar outros aspetos, que dão nome e prestigiam a Instituição, e que, até a ajudam a complementar, já referidos anteriormente. Como é o caso de organização de Congressos, Conferências, Colóquios, Visitas ao Património…
  • Ser Diretor da Universidade Sénior de Mangualde, pode ser uma mais valia para a ACAB?
    Na minha qualidade de Diretor da Universidade Sénior de Mangualde, pertencente ao Rotary Clube de Mangualde, sou de opinião, que as duas Instituições poderão lucrar uma com a outra. tanto mais que na Universidade, também dou uma disciplina, com o Dr. Rui Sacadura, em que cruzamos saberes da História, do Património, da Arqueologia, da Antropologia, e até História da Medicina. Realizamos diversas visitas culturais, como foi o caso recente, de uma ao Turismo Industrial às Minas da Urgeiriça, e a uma Quinta de Enoturismo, e outra a Viseu, ao Museu de História da Cidade, e à Exposição sobre a Censura Política, do Dr. Pacheco Pereira à Casa Amarela.
    A título de exemplo de preservação do Património, foi o protocolo assinado por mim, e pelo Presidente do Rotary, com o Presidente da Junta de freguesia de Quintela, para a divulgação e recuperação dos moinhos do Coval.
    Um outro aspeto facilitador, é as duas Instituições terem algumas pessoas comuns, e a Sede de ambas estar na Escola das Carvalhas, o que ajuda a potenciar o trabalho, e também a conservar e preservar o espaço de um edifício, que faz parte da memória de tantos mangualdenses.
  • Outras considerações/informações que pretenda deixar e não tenham sido por nós referidas.
    Em memória aos fundadores da ACAB, a todos os seus associados, aos seus nobres princípios de contribuir para dignificar o Património, e a Cultura locais, sem fins lucrativos, apelo a que qualquer mangualdense, ou não só, que nos queiram fazer chegar as suas sugestões, ou qualquer assunto, dentro deste âmbito, será sempre bem-vindo, em prol de um Concelho mais forte e solidário, e de um Portugal melhor.
    Aproveito para saudar, todas as Associações deste Concelho, que embora com muitas dificuldades e trabalho, contribuíram ao longo dos anos, para a divulgação da nossa memória coletiva, dos nossos saberes, e das nossas tradições.
    A Associação precisa de todos, nunca seremos demais.