VESPAS ASIÁTICAS

O concelho de Mangualde foi recentemente surpreendido com a noticia do falecimento duma pessoa, depois de ter sido picado por Vespas Asiáticas.
A proliferação desta espécie pelo país tem vindo a ganhar terreno de ano para ano e, a sua aproximação dos meios habitacionais revelam preocupação.
Para nos dar conta da atual situação do concelho de Mangualde, falámos com o Engº Carlos Carvalho, coordenador operacional municipal da Proteção Civil de Mangualde.

Em 2018, o nosso jornal publicou um trabalho, onde se falava da Vespa Asiática e da preocupação dos apicultores do concelho, para este fenómeno que vinha a ganhar terreno no país e já tinha chegado a Mangualde. Diziam-nos na altura, que o primeiro ninho em Mangualde, foi destruído em 2017, junto ao antigo quartel da GNR. Nesse ano, foram detetados e destruídos 16 ninhos. Já em 2022 tivemos a informação da destruição de 169.
Como está atualmente a situação no concelho de Mangualde?
A situação no concelho de Mangualde está de momento a estabilizar, face ao grande número de reportes/ocorrências que surgiram após o acontecimento na freguesia da Freixiosa. A estabilização a que nos referirmos tem a ver com o número de ninhos diários exterminados pelos nossos serviços ser igual ou inferior aos novos registos de ninhos reportados ao Município.
Podemos avançar que dos 420 reportes até ao momento, contamos com uma taxa de execução na ordem dos 75 %, o que são dados que nos permitem dizer que temos vindo a fazer um combate de grande escala e intensidade.

Neste espaço de tempo, houve alguma evolução/novidade que permita a destruição dos ninhos mais facilmente? Em 2018, davam-nos a informação que iam testar um drone com vista a facilitar a eliminação dos ninhos. Chegou a acontecer? Mostrou-se funcional?
Desde o momento em que a Vespa Velutina chegou à Península Ibérica, e particularmente a Portugal, que se têm vindo a desenvolver um conjunto de métodos para o combate à espécie, quer no âmbito da prevenção, quer no âmbito do combate (extermínio de ninhos).
Relativamente ao método do extermínio através de um drone, podemos dizer que o mesmo foi experimentado, porém, após alguns testes, o custo/benefício revelou-se irrelevante, o que levou o Município a procurar soluções mais eficazes, que dessem resposta ao exponencial aumento dos ninhos reportados e identificados.

Qual é a forma de “combate” da Câmara Municipal/Proteção Civil e que meios dispõe para fazer frente a este problema?
Como se referiu anteriormente, os métodos têm vindo a desenvolver-se ao longo dos últimos anos. Isto acontece pela necessidade de dar resposta ao aumento dos registos de ninhos, mas também pelo facto da espécie estar cada vez mais adaptada ao nosso território e ao clima, o que nos cria diariamente desafios no extermínio.

Até à presente data, no concelho de Mangualde contam-se 420 reportes de ninhos de vespas asiáticas, com uma taxa de execução na ordem dos 75 %

O Serviço Municipal de Proteção Civil utiliza hoje o método de extermínio de «injeção de biocida», recomendado para o efeito pela DGAV-Direção Geral de Alimentação e Veterinária, com recurso a varas de carbonos de última geração, o que nos permite alcançar ninhos até 25 m de altura. Este equipamento foi adquirido no âmbito do Projeto “Deteção e Combate à Espécie Exótica Invasora Vespa Velutina”, promovido pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, e que prevê a uniformização de métodos.
Contamos com uma equipa de dois operacionais que, diariamente, combate a praga, munida de uma aplicação (ArcGis) por forma a georreferenciar e debitar os dados de cada ninho “in loco”, que, posteriormente, possibilita uma análise concreta dos dados e do ciclo biológico em vigor por parte do SMPC.
Por norma, qual o tempo médio de resposta, após a sinalização de um ninho de vespas?
O tempo médio de resposta depende de alguns fatores e inputs que os serviços definem. Os ninhos, quando registados, são filtrados quanto à sua localização ou ao tipo de suporte onde se encontram. (Ex: Se é em árvores, num beirado ou no interior de um imóvel). Desta forma, é possível definir prioridades e resolver de forma quase imediata as que comportam mais perigo, como em habitações. Naturalmente, há ocorrências em que o tempo de resposta é superior, quer seja pela inacessibilidade ao ninho, quer pela altura a que o mesmo se encontra, pois implica a utilização de meios de elevação complementares.

Há cada vez mais ninhos, de ano para ano o aumento é enorme e verifica-se que cada vez estão mais junto à população. Como agir para se combater este perigo e evitar situações semelhantes à acorrida na localidade de Freixiosa?
Efetivamente, a Vespa Asiática tem vindo a aproximar-se das designadas áreas periurbanas, isto é, das zonas mais rurais para as zonas mais urbanas. É já frequente vermos muitas vespas nas áreas urbanas com ninhos em fachadas de habitações, em árvores próximas das mesmas, onde facilmente encontram alimentos. Não podemos ignorar que se trata de uma vespa carnívora, logo, encontramo-las, muitas vezes, nas proximidades de caixotes de lixo doméstico.
Assim, em primeiro lugar, devemos evitar o pânico perante a presença de vespas asiáticas e não adotar reações bruscas e desafiadoras ao seu movimento de voo.
Em segundo lugar, no dia a dia, todos nós convivemos com riscos de vária ordem, o da vespa é mais um e, como tal, temos de conviver com mais este. Tal pressupõe que, estando melhor informados sobre o risco, maiores serão os mecanismos de defesa pessoal e coletiva.
Contudo, os cidadãos alérgicos a picada de vespas, em determinados contextos de trabalho, onde esta espécie possa estar presente, como é o caso das vindimas, apanha de fruta e de outras atividades agrícolas e florestais, devem fazer-se acompanhar de uma seringa ou caneta de adrenalina autoinjectável. Perante uma picada de vespa, devem injetá-la de imediato por forma a reverter os efeitos da alergia provocados pela picada.