OS DINOSSAUROS DA LOURINHÃ

Há poucos dias fui à Lourinhã com o único propósito de visitar o Museu, que foi criado em 1984, devido ao empenho de alguns entusiastas. Gostei de observar os dinossauros e alguns cenários da vida que tiveram estes animais há cerca de 152 milhões de anos, na época do Jurássico Superior.
Procurei então recordar o que havia lido, a tal respeito, no livro “Homo Deus, História Breve do Amanhã”, da autoria de Yuval Noah Harari. Quanto ao risco de o Planeta ser brevemente destruído por erupções vulcânicas ou por asteroides em rota de colisão com a Terra, diz o Autor que o mesmo é diminuto, porque as extinções em massa ocorrem com intervalos de milhões de anos. Um grande asteroide poderá colidir com a Terra nos próximos 100 milhões de anos. Dentro de um século o impacto pode mesmo superar o do asteroide que há 65 milhões de anos ocasionou a extinção dos dinossauros. O asteroide alterou a trajetória da evolução na Terra, mas não mudou as suas regras básicas que continuam as mesmas desde o aparecimento dos primeiros organismos, há quatro mil milhões de anos.
Refere ainda o Autor que “o Antropoceno alterou o mundo de uma forma sem precedentes”. “Em vez de um único sistema, o planeta era constituído por um conjunto de ecossistemas vagamente ligados entre si. A junção da América do Norte com a do Sul em resultado dos movimentos tectónicos conduziu à extinção dos marsupiais na América do Sul, mas não teve qualquer efeito negativo nos cangurus da Austrália”.
Adianta também que o Homo sapiens quebrou as fronteiras que dividiam o globo em “zonas ecológicas independentes”. Durante o Antropoceno o mundo tornou-se uma só unidade ecológica. Desde há milhares de anos, o homem da Idade da Pedra, tendo saído da África Oriental para se dispersar pelo resto do mundo, alterou a fauna e a flora de todos os continentes e ilhas. Foi responsável pela extinção das outras espécies humanas, de 90% dos animais de grande porte da Austrália, de 75% dos grandes mamíferos da América e de cerca de 50% dos grandes mamíferos terrestes do planeta. As vítimas foram os animais de grande porte, porque eram relativamente poucos e tinham um lento ritmo de reprodução. Uma manada de mamutes era composta por um número de algumas dezenas de elementos que se reproduziam ao ritmo de um ou dois animais por ano. Assim, se fossem caçados três mamutes por ano, o número de mortes, excedendo o dos nascimentos, determinaria que, no espaço de algumas gerações, se verificasse a sua extinção. Não significa que houvesse a intenção de acabar com os mamutes, mas não era conhecida ou sequer imaginada a consequência do ato de caçar alguns.
As explicações de Yuval Noah Harari constituem um modo de nos fazer compreender a razão por que se verificou a extinção dos dinossauros, e de outros animais igualmente de grande porte, no espaço de alguns milhões de anos.