A importância económica da castanha


Em tempos idos a castanha era um bem essencial para a subsistência das famílias portuguesas nas regiões de montanha de tal forma que se dizia que matava a fome a muita gente. Contudo, a castanha viu a sua produção cair 64% em cerca de 60 anos. Entre os fatores responsáveis pelo declínio estão as pragas e doenças do castanheiro.
A castanha portuguesa é reconhecida internacionalmente pela sua elevada qualidade e também pelas suas excecionais propriedades para transformação industrial. Assim, há ciência na escolha das nossas castanhas com impacto no sabor, na produção local e também na nossa economia.
Portugal é o segundo maior produtor de castanha a nível europeu, o segundo país exportador da Europa e o quarto do mundo. De acordo com os dados oficiais, a exportação é o destino de mais de um terço da castanha produzida em Portugal, sendo o segundo fruto com maior taxa de exportação atual, a seguir à pera Rocha.
O facto de a produção de castanha em Portugal assentar principalmente em variedades autóctones é um importante fator de diferenciação a favor da identidade da Castanha Portuguesa.
A produção de castanha concentra-se essencialmente na região Norte do país, que representa 88% da área de produção e 82% da produção declarada de castanha. Foram criadas em Portugal quatro regiões demarcadas com Denominação de Origem Protegida (DOP): DOP da Terra Fria, abrangendo uma área de 12.500 hectares, inclui 10 variedades (Longal, Judia, Cota, Amarelal, Lamela, Aveleira, Boaventura, Trigueira, Martaínha e Negral); DOP da Padrela, abrangendo uma área de 6.000 hectares, inclui 5 variedades (Judia, Lada, Negral, Cota e Preta); DOP dos Soutos da Lapa, abrangendo uma área de 4.000 hectares, inclui apenas 2 variedades (Martaínha e Longal) e DOP de Marvão-Portalegre, que ocupa cerca de 900 hectares e inclui 3 variedades (Barea, Clarinha e Bravo).
De tradição milenar, o castanheiro (Castanea sativa) viu decrescer a sua influência na subsistência das famílias e o seu peso na economia nacional. Apesar disso, estima-se que, somando todos os contributos ao longo da fileira, o valor da castanha ascenda a perto de 109 milhões de euros, 43,8 milhões dos quais relacionados com o mercado informal. Para além de ser um alimento muito interessante do ponto de vista nutricional, a castanha é também vital para os pequenos e médios agricultores que vêm nos seus soutos uma forma de fazerem algum dinheiro.
Para todos aqueles que aguardam por esta época do ano para se degustarem com a bela da castanha quentinha depois de um repasto em família, nada como visitar algumas das numerosas festas e feiras organizadas na região onde a castanha tem sempre um lugar de destaque, como a Festa/Feira da Castanha de S. Simão em Sernancelhe e Trancoso. Para aqueles que não se puderem deslocar, têm sempre a possibilidade de participar nos magustos que se fazem em todas as associações e coletividades por essas aldeias fora. No meu caso, tenho uma predileção especial pela castanha da variedade Martaínha! E não se esqueçam de acompanhar com uma jeropiga caseira!!!