
Um exercício bom no final de cada ano é avaliar o que aconteceu no passado e refletir sobre o futuro.
Num país cuja opinião pública é pouco exigente perante a notória falta de transparência de alguns atores políticos, não admira que haja comportamentos desviantes e revoltantes.
O ano que está agora a terminar ficou marcado por várias situações tensas. 2023 foi o ano em que a guerra na Ucrânia continuou, em que o conflito na Faixa de Gaza atingiu proporções devastadoras, em que o governo português caiu e a Terra atingiu temperaturas com os valores mais elevados de sempre. Também foi o ano de um acontecimento à escala mundial que aconteceu em Portugal, refiro-me às Jornadas Mundiais da Juventude.
Neste ano foi impossível ignorar as catástrofes naturais e as alterações climáticas. Em Fevereiro, um dos maiores terramotos do século destruiu cidades inteiras no sul da Turquia, matando 56 mil pessoas e mais 6 mil na vizinha Síria. Em Setembro, outro tremor de terra em Marrocos, o mais devastador na história da cordilheira do Atlas, reduziu a nada uma quantidade ainda não definida de vilas e aldeias e matou pelo menos três mil pessoas. O número exato, nunca se saberá. Já no final do ano, e ainda a decorrer, uma série de erupções vulcânicas na Islândia obrigou à evacuação de várias localidades. Como a Islândia está habituada a grande atividade vulcânica, as evacuações preventivas evitaram vítimas, mas ainda não se sabe o grau de destruição material.
As alterações climáticas manifestaram-se em temperaturas nunca sentidas. No mundo inteiro o calor médio anual foi de 28,83ºC, não parece muito, mais há que notar que é uma média, ou seja, inclui as quatro estações. O planeta ultrapassou os mais de 1,5°C de elevação média da temperatura, um valor que só se esperava para 2050. A subida de temperatura nos oceanos provocou o degelo de grandes massas de gelo nas calotas norte e sul, o que por sua vez provocou uma subida da água dos oceanos.
Não existem mais dúvidas na comunidade científica de que as subidas de temperatura se devem à ação humana. O grande motor das alterações climáticas é o uso dos combustíveis fósseis, contudo, o COP28, a cimeira internacional para lidar com um problema que ameaça a extinção da espécie, decorreu num país produtor de petróleo, dirigida pelo diretor da petrolífera nacional, e com a presença de mais lobistas pró-petróleo do que delegados nacionais.
Atípica, em 2023, é a coincidência de pelo menos duas guerras com repercussões internacionais. Atípica é a crispação do radicalismo dentro dos países, quer seja por causa dos imigrantes, decadência dos serviços públicos e divergências políticas. Em 2023, sempre que ligávamos a televisão, acontecia alguma coisa deprimente: políticos que venderam a cara para ficar no poder (como Pedro Sanchez em Espanha) ou dirigentes incompetentes que não se sentiam obrigados a demitir-se (como João Galamba )
2023 foi o ano em que o bom senso acabou oficialmente. Não adianta alguém te desejar sucesso, saúde, dinheiro, próspero Ano Novo e a 10 de Março ir votar no PS.
Assim feito o resumo possível do ano de 2023, desejo a todos os leitores um Próspero Ano Novo de 2024.