EDITORIAL Nº 643 – 15/7/2014

SR

Caro leitor,
Mangualde devia e podia ter muitos mais habitantes, dado que é a crescer que se chega mais à frente. Mas fixar pessoas e investimento envolve repensar políticas e criar incentivos. Se recuarmos ás décadas de 80 ou 90, a secção de obras da nossa Câmara abarrotava de gente que procurava saber do andamento do projeto da sua casa: como estava, se demorava muito e quando estaria pronto. Depois ouvia-se sem surdina: “Se o queres aprovado tens de falar com x”.
Ora, quantas obras se perderam e quantas foram para concelhos vizinhos? Porque é que Viseu cresceu? Porque isto lá não aconteceu. Viseu soube sempre ter resposta para quem queria investir. Agilizou processos e criou projetos. Mangualde ficou parado no tempo.
Quem teve o destino de Mangualde nas mãos descurou o investimento. O maior investimento que poderia fazer seria criar condições para o investimento de terceiros, pela população e empresários. Este investimento da Câmara não precisa de envolver muito dinheiro, não é necessário comprar nada. Com tão pouca construção atualmente, porque é que para um projeto avançar, tem primeiro de andar mais de um ano nos corredores daquela Câmara e só depois desta burocracia vai-não-vai, vem a licença de construção.
A secção de obras, com advogados pagos pelos nossos impostos no município e tempo em demasia, pode presumir que o cidadão comum também tem advogado de graça. A correspondência que enviam é de tal forma técnica, que parece obrigar as pessoas a pagar um advogado que lhe deslinde os problemas que levantam, porque na maioria dos casos o texto vem em código. Se isto continuar Mangualde fica deserto.
Um dos municípes em Tibaldinho, para alugar um espaço comercial que já existiu no mesmo lugar, encontra-se à espera da licença comercial há cerca de dois anos. Dizem que é necessário baixar os peitoris das janelas 15 cm, que já se encontravam assim há mais de cinco anos. Pessoas que atrofiam Mangualde não devem ser empecilhos. Este caso é um exemplo, mas há muitas queixas destes serviços, possivelmente pela paralisação que causam, e porque são do tipo “quero, posso e mando”. Dúvido que o Presidente da nossa autarquia tenha conhecimento destas situações. Assim Mangualde definha. Os entraves não nos mantêm imóveis, são oportunidades perdidas.
Calarmo-nos perante as injustiças é uma grave omissão que ninguém se deve perdoar, porque temos de deixar este mundo melhor do que o encontrámos. Até lá, temos de evoluir. Ver para além do dinheiro que se investe e do tempo que nos ocupa. Ter visão.

Um abraço amigo,