EDITORIAL Nº 673 – 15/11/2015

SR

Caro leitor,

O Homem ou o País. Desta volta salva-se o homem, quando o país de Homem precisa. Põe a fé toda em si mesmo e procura convencer todos que é a pessoa certa para o recado, levar o país a bom porto, para lá do Cabo da Boa Esperança. Alia-se ao adamastor e segue todo pimpão de vento em popa. Acredite quem quiser.
António Guterres demitiu-se. Durão Barroso demitiu-se. José Sócrates demitiu-se. E até Vítor Gaspar se demitiu do executivo da coligação. Por motivos bem distintos, mas todos o fizeram por necessidade política ou pessoal. Mas António Costa, este senhor, cisma em ser Primeiro Ministro. Reconhece a perda de legitimidade mas abdica da honra política para chegar ao palco. Diz que é desta. Contudo, Costa não gosta de partilhar ribaltas. Costa quer um governo seu. Um governo que, ainda que possa ser instável e quiça insustentável no longo-prazo, não deixará de ser seu.
Não tenho nada contra a opção que se formou. Tem o condão de construir um governo histórico e dar a oportunidade de governação a partidos que sempre estiveram à margem de a ter. Ainda assim, paira no ar um ambiente de desonestidade política. Não sendo fruto de ilegalidade, este governo não é constituído pelo partido mais votado nas legislativas. Não foi a votos nas eleições. Mas na altura, um argumento demagógico criou a premissa necessária à esquerda e a esta opção de governo: “Porque a grande maioria dos portugueses não votaram na coligação”. Foi desonesto. Seguiu-se um jogo de cadeiras, na festa de Costa. Foi uma competição de boas impressões, mas também um fingir fazer de vontadinhas. Muita coisa não esteve certa.
Mudaram-se os jogadores e o jogo é o mesmo. Mas o resultado não se sabe. Será bem diferente. Ora, estes jogadores nunca jogaram juntos. É como se Portugal estivesse em condições de experimentar, nesta altura em que outro campeonato já ia longo. Onde já se viu! Finalmente restituímos direitos, mas equilibrem-nos com os deveres! Não ouvi palavras de investimento, crescimento ou emprego, a não como de costume.
Ora vejamos: toda a gente gosta de peixe, mas uma mentalidade de pescador também se veio a desenhar nestes anos difíceis. Não nos esqueçamos portanto de ensinar Portugal a pescar.

Um abraço amigo,